sexta-feira, 29 de maio de 2009

Hey Joe

Numa leva de livros que adquiri de um sebo, acabou vindo de brinde “Sangue Ruim” (edição nacional da Conrad) de Joe Coleman. Isso é uma blasfêmia, mas tenho que revelar que não conhecia esse mestre. Não tenho que sublinhar nenhum defeito das historias e de suas ilustrações que são espetaculares. Seu estilo realista/paranóico conversa fielmente com os enredos das páginas dos quadrinhos que cheiram perversão, submundo e sangue. Segue uma passagem de “É inútil insistir (Autobiografia de Jack Black)”, com o tempo vou postando mais:

Quando saí da prisão, tinha muita coisa para pôr em dia. Passava as noites na orla Barbary Coast. Os depósitos de vinho, onde os bêbados ficavam me interessavam. Os fregueses eram recrutados em todas as classes sociais. Acadêmicos, advogados, vagabundos perdidos das estradas e marinheiros velhos demais para o mar – todos dominados pelo álcool. Esse povinho patético, recolhido dos quatro cantos da Terra e de todas as camadas da sociedade, vencido pelo desejo misterioso e irresistível do álcool, bebia até ficar roxo nos depósitos de vinho e depois morria nas calçadas da cidade. O porteiro-cozinheiro-bêbado os observava com atenção. Se não reagissem aos chutes, ele tirava o chapéu surrado, olhava mais uma vez para o rosto roxo-azulado e chamava o carro do necrotério.Certa noite, fui enquadrado em um depósito de vinho e jogado na cadeia com dois viciados. Eles foram para um canto da cela e prepararam um pico. Quando tem droga o suficiente, qualquer viciado encontra rapidinho uma razão para ficar doido. Se está mal, manda pros canos para ficar bem. Se está bem, manda pros canos para ficar bem melhor. E se não estiver nem muito mal nem muito bem, manda pros canos para se sentir normal. Eu perguntei: “O que aconteceria se eu desse um pico de leve?” “Você iria se deitar e dormir como um bebê”, um deles respondeu: “Eu ele ficaríamos do seu lado para ter certeza de que ninguém te revistaria.” Eu ri tão alto que o guarda de plantão achou que alguém tivesse ficado histérico. Naquela época eu poderia rir. Ainda não sabia nada sobre as drogas.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

apagando alguns fantasmas

Amar é dejeto. Tudo que não é integral é resto. Um cigarro depois sempre faz bem.

terça-feira, 26 de maio de 2009

bad medicine

Qual a necessidade de se sentir apaixonado ou ser amado? Enfeitar uma obrigação biológica? Sexual? Criei uma aura aversiva por esses dias...Somente eu sei o porque, mas deixo aqui parte do meu segredo. Quero saber desassociar todos os imaginários que nos leva a tais instintos. Pode ser que no meio deste amontoado o tumor seja mais ridículo que possamos imaginar. O que se chama de belo e bom nada mais é que um conjunto de códigos que nos é jogado abruptamente no cérebro e depois, de fermentados, tornam-se os principais responsáveis por algumas imbecilidades. Quem ama, não ama nada, já que tudo é inventado; dramatiza algo para se sentir vivo, torna-se ator de uma fábula, delira e deflora uma inquietação que lhe faz sentir "vivo" (ou doente). Estou muito perto do meu demônio interior, mas não significa que vou domá-lo. Somente eu sei o porque deste anseio, mas deixo aqui parte do que penso nesses dias de privação e provação. Não tenho medo das conseqüências.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Apenas para os póstumos

A paixão pode causar algumas dores alheias, assim como o suicídio. Contudo, vejo que nos dois casos há um grande grau de vaidade em seus fundamentos, para confirmar também o lado cômico destas tristezas vagas. Todo mundo já deve chorado de tanto rir como um asno relinchando. O abandono é liberdade e as lágrimas são as mais cínicas das comemorações.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

cérebro de cordeiro

Se eu compartilhasse a mesma língua dos franceses eu teria me saído melhor naquela confraria...A vaidade de conteúdo é uma coisa para poucos, pois ela se estende até numa ambientação peculiar. A coerência das formas misturada a magreza (vinda da raiva?). Não, o chá não queimou minha mão e o jardim e a carne oferecida no jantar (que me recusei, embora tenham desdenhado de minha radical escolha entendida como desfeita) era só um espetáculo antropofágico. Eu sei que tenho um longo caminho....talvez eu nem tenha. É muita a coisa a se pensar e contemplar. Boa parte do que você queria está a um palmo, além da luz vermelha...além da fumaça, além do vinho. Abram-se possibilidades, além do corpo, além do espírito. De que lado está a perversidade?

terça-feira, 19 de maio de 2009

looking for derrota

Já viram duas merdas se beijando para uma platéia de reacionários "experientes"? Esse é o espetáculo da massificação que tantos aplaudem.

sono

Não tente explicar...Isso soa feio e burro. Algumas vozes que me perturbam sempre têm razão. O corpo fala pelo cansaço, a alma pela beleza e desistir não significa parar; é abrir mão daquilo que já está desgastado. Busque outro repertório, elas dizem. E é onde minha preguiça têm me levado: à um constante renascimento.

domingo, 17 de maio de 2009

a última

Há uma vantagem fundamental quando te fazem de idiota; a pretensão das pessoas que fazem isso se enxergarem por uma vista muito pobre, rasteira....Logo as surpreendo com uma ausência essencial que as deixam constrangidas..Mas isso é ordem natural das coisas. É o sumo de um tardio crescimento que te faz ignorar a cada dia as coisas que não fazem mais sentido a sua vida. Eu só tenho agradecer às coisas que não me interessam mais, pode ter certeza. Pra frente e olhando para o bolso...Isso sim é meu maior foco. Eu mesmo afronto aquilo que já vivi, do que sou...me rebaixando à um nível muito baixo, porém só existe segurança quando se visita o lado imbecil da coisa.. Humanos, vocês me provocam bocejos!

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Dia perfeito esse, não?

Mergulho no frio e nas elegantes trilhas que ele me inspira. Tudo que é tropical me dá repulsa e me cheira fracasso, suor, algo vulgar. Nuvens cinzas são as grades que protegem meu imaginário, onde sonho e entrenho-me nas profundezas de minhas paixões e perversidades triplicadas a boas doses de vinho e...

too many questions....

Não há como negar que minha cabeça funciona melhor depois de um bom descanso, depois de algumas fortes perturbações e um pouco de esterco hidropônico. Aos medrosos moralistas ofereço minha risada sarcástica. Vocês também me inspiram. Vejo nos seus olhos a vontade provar destes estímulos, destes excessos...Como podem deixar tão planas suas convicções? Como podem me dizer sobre a bondade se não estendem suas a mãos à árvore da víbora? A ordem é teu fardo e a maior prova do teu crime.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Exposição

Eu tive o privilégio de participar da série de fotografia “Boa Noite Cinderela” (cujo o conceito segue abaixo) da artista plástica Flavia Bertinato que está em exposição na Galeria Virgílio. O endereço de lá é Rua Dr. Virgilio de Carvalho Pinto 426. Chegando lá, é só subir a rampa e pegar a esquerda. O número do stand deste trabalho é 59 e me verão, entre outras pessoas, “dormindo” ou “morto”.

Lembrando também que o “Boa Noite” também participa até domingo SParte até domingo

Datas e Horários:
14 e 15 de Maio (quinta e sexta-feira) - das 14h às 22h
16 e 17 de Maio (sábado e domingo) - das 12h às 20h

Local
Pavilhão Ciccillo Matarazzo
Parque do Ibirapuera, Portão 3
São Paulo, Brasil.

"A série de fotografias toma de empréstimo não somente o nome como as questões intrínsecas ao golpe Boa noite, cinderela onde pessoas são passivamente dopadas para consequências diversas, entre elas, furto e abuso. A mutabilidade entre morte e prazer é pauta investigativa para o trabalho.
Boa noite, cinderela , tem como referência além dos casos jornalísticos reais do crime que carrega no título, os daguerriótipos de imagens póstumas produzidos entre 1854 e 1860 por D. F. Millet e os vídeos Sleep (1963) e Blow Job (1964), ambos, de Andy Warhol."

nascido para ser selvagem

Eu não poderia esquecer de homenagear um dos grandes culpados de me infectarem com a música: Ian Robert Astbury que completa hoje seus 47 anos de idade. Não vou me estender aqui falando de sua carreira, que, apesar dos altos e baixo, está bem consolidada e por mais que alguns babacas o critiquem, não há como negar o gatão ai ajudou a dar um gás ao rock n roll que há duas décadas estava quase condenado.

long life Wolf Child!

terça-feira, 12 de maio de 2009

its so weird

Avistada de longe, aquela cidade parecia um entulho daquilo que me falaram que era riqueza. Aniquilada freneticamente, ela era o resultado de um sistema digestivo mal canalizado que expelia fezes de concreto e metal...Alguns pedaços vivos de gordura davam sua liga e alguns nervos engendravam, como escaravelhos, aquela nojice toda. No céu, as nuvens baixas davam-se por vencidas pela poluição, formando um manto que tentava, por acidente ou não, poupar a vergonha destes trabalhadores. Cada inspiração, um suplicio. Eu decidi seguir voando acima daquela cortina espessa no céu. Foi ótimo seguir este caminho, já que havia perdido a paciência de tentar interpretar o rosto daqueles que estavam guiando aquele óvulo grotesco. A minha curiosidade não era inocente; eu queria decifrar a fé daqueles organismos unidos drasticamente 24 horas por dia mantendo vivo um desejo de ver a esfera evoluir e crescer sem um motivo aparente. O ritmo era circular; eles seguiam o mesmo caminho, vinham e voltavam em tempo cronometrado. Ah! E o céu? Lá de cima não vi o sol nascer para eles. O grande astro havia se cansado destes vermes que não faziam mais questão de sua beleza, pois os olhos daqueles que tinham a pretensão de pensar que estavam vivos haviam atrofiado pela falta de uso e contemplação. Rá deixou à eles uma tímida luz como forma de caridade; uma fina aurora, ou melhor, um esplendor funesto de fim de tarde. Ninguém tinha mais idéia de tempo, ninguém sabia se era hora de começar, de terminar, ninguém se importava...mas na dúvida era melhor continuar.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

tributo a Factory Records 16/05/2009


HOTZILLA

Na noite de 16 de maio acontece a edição especial “Inside Factory”, que prestará uma homenagem à lendária gravadora britânica Factory Records. Foi de lá que, a partir do final da década de 1970, começaram a despontar algumas das bandas mais influentes e inovadoras do cenário musical “indie” como o Joy Division, New Order, Orchestral Manouvres in the Dark, Cabaret Voltaire, A Certain Ratio e Happy Mondays. Em 1982 a gravadora expandiu suas atividades e junto com o New Order criaram o histórico clube The Haçienda em Manchester, que tornou-se o berço do electro, da house e acid house no Reino Unido.

Serviço:
Hotzilla edição especial “Inside Factory”
Onde: Drops Bar - Rua dos Ingleses, 182 - Bela Vista, São Paulo-SP
Quando: sábado, 16 de maio, a partir das 21h
DJs: Bezzi, Eneas Neto, Luis Depeche
Quanto: R$ 15/ R$ 10 (reservas). Os e-mails para a reserva deverão ser enviados para
reserva@hotzilla.com.br
Formas de pagamento: dinheiro, cartões Visa, MasterCard e Dinners
Info: 2503-4486
www.dropsbar.com.br

domingo, 10 de maio de 2009

parte do que eu quero

Eu me corto para esquecê-los; só assim esses males terão receio de se hospedarem no meu corpo novamente, pois verão feridas que os tornarão inofensivos na medida que o ódio pode ser a maior prova de afeto.

"Angels and Devils"


Dê o dia por encerrado
Quando a noite se torna nosso escape insano
Ao esquecer as coisas que você queria dizer
Quando todas as palavras certas saem tarde demais
E todas as coisas estão no lugar errado

Sob o travesseiro
Fora do páreo
Lá fora, pela janela
Diabos em meu ombro

Tão, tão feliz
Quando a felicidade se traduz em miséria
E o senhor eu esperando pra estar
No local onde a beleza encontra a feiura

E se você notar
O demônio em você
O anjo em mim
Jesus em você
O diabo em mim
Anjos em meu ombro

Dê o dia por encerrado
Quando a noite se torna nosso escape insano
Ao esquecer as coisas que você queria dizer
Quando todas as palavras certas saem tarde demais
E todas as coisas estão no lugar errado

Sob o travesseiro
Fora do páreo
Lá fora, pela janela
Diabos em meu ombro

Tão, tão feliz
Quando a felicidade se traduz em miséria
E o senhor eu esperando pra estar
No local onde a beleza encontra a feiura

E se você notar o demônio em você
O anjo em mim
Jesus em você
O diabo em mim

Os demônios em você
Os diabos em mim
Diabos em meu ombro
Anjos se aproximando

sexta-feira, 8 de maio de 2009

se for pra citar....

“Apenas os desafortunados são bons; os sofredores, os carentes, os doentes, os feios, apenas eles são dignos de devoção, de piedade, apenas eles são abençoados por Deus... e vocês, os poderosos e ilustres, vocês, ao contrário, são os maus, os cruéis, os devassos, os insaciáveis, os ímpios, os imorais por toda a eternidade, vocês serão os amaldiçoados, os condenados e os danados!”

ao invés do 'bom dia"

Já repararam que uma das coisas irritantes é quando alguém lembra que você esqueceu de alguma coisa inútil logo quando acorda?

quinta-feira, 7 de maio de 2009

everything counts

Falta de inspiração deixa o corpo exposto a moléstias imbecis, de gente comum. Me incomoda em pensar em lógica; sentir o cérebro dançando no crânio como se fosse vítima de tortura numa gaiola apertada. Matemática, você sempre foi minha inimiga! Eu já te falei que te odeio? Quantas noite sem dormir por causa da suas cismas, exatidão e horas! Exatidão que me causa tanta exaustão, seus dias são curtos. Eu prefiro te evitar, mas te uso. Você tenta me envelhecer, mas luto como um vampiro contra sua maldita vontade. Talvez por burrice eu tento te ignorar, embora reconheça as suas inúmeras obras. Não, isso não é assumir a ignorância. Eu gosto de brincar com ordem de meu corpo...a ordem numérica da idade que você impõe. Porém, não te aceito pelo medo de encarar a vida com a frieza de um médico diante de um delito. "Ele morreu de acidente vascular!" Eis mais umas das suas infelizes vítimas que tentou sair do trilho ou que tentou se entregar por inteiro no jogo da tua falsa abundancia. Ah! você a golpeou com um machado em sua nuca...Santa pontualidade, você tentou diminuir sua culpa deixando o aniquilado sorrindo para todos. Lá se foi mais um algarismo .

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Apague a fumaça! É hora de servir!

Duas jovens debruçadas na janela riam em cascata e conversam sem compromisso nas longas tardes que passavam juntas, tragando elegantemente seus cigarros. Existia ali uma aliança meio clandestina, uma aspiração ao individualismo ao gozo permanente, pelo menos a idéia era aliviar a lembrança de uma infância não muito agradável, onde a repressão católica havia amputado boa parte de suas liberdades; mas isso não havia mudado logicamente, já que a educação torta as encaminharam a este desgosto. A abstração era essencial. Eu admirava o jeito franco daquelas prosas e me encantava em tentar compreender como os sons provenientes de suas bocas enfumaçadas poderiam causar-me tamanha comoção. Não lembro exatamente as palavras, porém boa parte das conversas eram lamentos de seus recentes casamentos; eram olhares pessimistas para um futuro traçado por deveres domésticos, filhos, corpos deformados e maridos que mais pareciam formigas operárias e que dentro de casa interpretavam o patético papel de ditadores. Regra dentro de regra, uma troca ou escolha estranha dentro de dias iguais. Um amor que tinha de existir por imposição e ser exteriorizado de forma patética. Os sorrisos amarelos não eram por conta da nicotina! A campainha ou o som de chave soava como sirenes. A "simples" presença das formigas já era uma ordem para as amigas cessassem o calor das conversas num cinzeiro. Depois de muito tempo descobri que era preciso mesclar os seus tabacos e, como não pude avisá-las antes, hoje constantemente eu presto meu tributo à elas.

inverno 94



Então vi um homem sentado ao lado de uma choupana bem humilde; ele parecia guardar o lugar com um olhar distante, como se evocasse um pesar guardião. O sol do final daquele dia deixava o campo alaranjado, num tom onírico. Atravessamos o cemitério do manicômio cuidadosamente, respeitando aquele silêncio. As cruzes brancas enfileiradas compunham um belo balé estático; orquestravam uma atmosfera de pavor. Entre elas, haviam alguns cadáveres de animais (a maioria de coelhos brancos) servidos como despacho numa noite recente - o sangue de cor viva em plumas muita claras eram de uma composição muito simpática, como se compensasse a dor daquele sacrifício. Aquelas velas e garrafas vazias com rótulos diabólicos sorriam para mim. Eram os loucos e amargurados que jaziam naquela terra - eles eram os verdadeiros obstáculos que deveríamos enfrentar. "E quando o sol partir?" era pergunta que sempre ressoava. Éramos garotos que tinham uma banda de garagem e nossas bicicletas já tinham enfrentado caminhos muitos esquisitos naquele período. Muitas inspirações e poucas composições, mas o que enriquecia as tardes de tentativas dissonantes que trilhavam estas experiências. Voltar por aquele atalho não fazia parte de nossa vontade, embora sabíamos que isso nos traria um medo fundamental que distrairia nosso tédio. Seguimos em frente e depois desta paisagem mortífera, passamos por dentro do hospital e seguimos por um campo de grama crestada, banhado por um lago de águas negras, coberto de cinzas. O inverno estava cortante e seco, o que fez que algumas queimadas se alastrassem. Eu não sei que obsessão era aquela de chegar ao topo do Ovo do Pato (como era conhecido um monte bem redondo que ficava cercado por uma vasta plantação de eucaliptos) . Enfim, a segunda pausa foi num depósito abandonado de cadeira de rodas. Este armazém causou calafrios, o que tornou nossa volta mais desesperada. Cada um então seguiu um caminho distinto. Alguns parecidos, alguns se renderam ao cotidiano ou a extravagância. Ao me lembrar desses fatos, tento interpretar os motivos de minha danação!

terça-feira, 5 de maio de 2009

passion of lovers 2


Há almas excêntricas que fatalmente te abalam. Por onde busca forças para que a distancia e o tempo não te aflijam? És uma angústia que torna-te forte para o futuro? Não sei se isso é um presente sincero diante dessas condições. Você sabe que age em função desta falta. Se o torturador estivesse aqui tudo seria um pouco melhor? Dividiríamos nossos medos, nossas afinidades e segredos. Algumas almas são marcantes e deixam cicatrizes irreversíveis. Você adota alguns de seus caprichos como forma de aproximar-se ou mesmo invocá-la. Dizer isso é tornar-se vitima exposta ao abate, mas quem consegue guardar tais turbulências? Respirações de alivio não são sinais de vitória, são pausas para torrentes maiores dessas inquietações que constantemente te visitarão. A vida não é tão tola ao ponto de te conceder uma liberdade tão gratuita. Seria demais herdarmos apenas a razão de nossos cérebro semi-desenvolvido. O amor é uma bifurcação e o afastamento tem lá as suas doses funcionais. O amor é do mesmo modo o principio de um abraço letal. Então, cuide de você.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

The Passions

A raiz do The Passions foi basicamente uma banda londrina chamada The Delericts que deixou de existir em 1978. Antes disso, seu baixista, Clive Temperly, foi envolvido no mítico grupo protopunk The 101' ers que tinha em sua formação o saudoso Joe Strummer (antes de formar o The Clash).
Em 1979 a banda foi rebatizada para The Passions (após um curto período tocando como Rivers of Passion) e começou a investir num som mais melódico e com elegante toque dark. A partir daí eles nos presentearam até 1983 com um punhado de canções de belezas atemporais, que estão a altura do seu único hit, "I'm in Love with a German Filmstar". Vale a pena conferir seu trabalho e tirar a prova de que Barbara Cogan é a dona de uma das vozes femininas mais belas do rock britânico dos anos 80. Uma ótima trilha para o outono.

passion of lovers


No caso das paixões insensatas, alguns entendem o choro como uma forma de performance comovedora, mas mal sabem que quem tem uma alma intensa usa este recurso para exorcizar de vez pessoas ou momentos que lhes são inúteis. Não é um lamento qualquer; é um ritual cruel de limpeza à algo que fará para sempre parte do passado, sem volta, sem piedade e pouca memória. Quem nos projeta dor, está nos ajudando a fortalecer com sangue o verdadeiro templo; a solidão.

domingo, 3 de maio de 2009

o vinho - o mais velho é melhor (sobre a juventude)

Mas também só damos o resto a eles. Quem conhece isso, entende o ciclo. A vinha extraia o sumo da terra. Eles pisavam coágulos adocicados...Tudo é valido para os estados plenos. Da fusão quente e do frio que nasceram as paisagens mais bonitas. .

virada do meu saco

Aqui neste país do atraso existe uma linha tênue na questão violência x entretenimento. Alguns precisam aprender a sair da árvore pra ter cultura gratuita, mas é muito tarde para isto. A arte pode ser libertadora apenas para poucos. Algumas coisas ficariam mais claras se houvesse esterilização obrigatória da população caduca e animalesca até que uma geração reeducada aparecesse não mais a base de panem et circenses e sim do niilismo. Uma garrafada em minha testa poderia evitada se isso já tivesse sido aplicado antes. A sorte que ela era plástico.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

a ultilidade da fatalidade

“O homem fala porque é o único animal na Terra que noção de que um dia vai morrer”. Ou seja, desenvolveu as diversas linguagens como forma de anestesiar o temor deste processo natural que alguns chamam de fatalidade. Essas manifestações são resistências que, de alguma forma, acabaram dando muito certo (seja pro bem ou pro mal) até postumamente. Pensar é aniquilar algo a toda hora. Seja pro bem ou pro mal.

dúvidas

O refinamento também se manifesta no corpo?

causa/efeito

O daruma se partiu e quem fez isso pagou um preço caro por uma mesquinharia camuflada. Mas o daruma sempre volta em forma de presente, para reafirmar desprendimento. Talvez a truculência tenha uma sutiliza muito mágica, pois a sorte só é sorte quando é livre de pequenez de espírito.