sábado, 29 de agosto de 2009

sonido


E a taba, como muitos sabem, nos proporciona bons momentos de contemplação de sons, livros, filmes...Semana passada acabei "acidentalmente" compilando um cd temático "Cadavres Exquis". Ainda não sei se vou colocá-lo aqui para download, mas distribuirei poucas cópias. Enquanto não disponibilizo acredito que muitas músicas (a maioria na verdade) são fáceis de encontrar na rede. Pela capinha e pelo set dá pra ter uma idéia do que tem embalado algumas tardes e noites "perigosas" deste blog.

1. Satin Wall - Dans le Profondeurs (4:00)
2. Die Vision - After The Sunset (3:49)
3. Haunted Staircase - Something For The Children (A New Kind Of Lullaby) (4:35)
4. Siouxsie and the Banshees - Slap Dash Snap (3:41)
5. Frustration - Waiting For The Bad Things (2:46)
6. Orchestral Manoeuvres In The Dark - Of All The Things We've Made (3:25)
7. Bene Gesserit - Nobody can know (2:49)
8. Theatre of Hate - Grapes of Wrath (4:12)
9. Fatal Gift - So Dear So Cheap (2:50)
10. D.Stop - Mission Suicide (3:14)
11. The Comsat Angels - My Mind's Eye (3:27)
12. Therese Racket - Eurockéenne (3:39)
13. Cinema 90 - In ultra violet (3:39)
14. The Names - Discovery (4:04)
15. ExKurs - Warten (2:55)
16. The Chorus - Barbarossa (3:50)
17. 9 Circles - Miss Love (3:16)
18. The Chameleons UK - Everyday I'm Crucified (3:31)
19. The Passions - The Swimmer (3:31)
20. Nico - Le Petit Chevalier (1:13)

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

weekend n' roll


Com um clima de "vou dar um tempo da noite", este final de semana reserva uns programinhas bacanas para os noctívagos de plantão. Amanhã, eu e o Ghá faremos, talvez, nossa última discotecagem de pós-punk no Sexta Esquenta no Drops Bar para comemorar o aniversário da Tati Ribeiro, DJ residente do projeto que tem com seu namorado, o Bezzi (fala Fofó!). A seleção da "A Dark Design" será bem semelhante a apresentada no Astronete há alguns meses. Quem curte The Fall, Echo and The Bunnymen, PIL, The Cure, Nico, Frustration etc vai sair satisfeito. Para aqueles que não conhecem, o Drops já faz parte do roteiro de pré-baladas por ter se consolidado como uma agradável opção de encontro de amigos e conhecidos num ambiente "festa em casa (vitoriana)" com boa música e um cardápio de primeira.


Sexta Esquenta
Happy Hour
21h30 às 3h30
Sexta 28/08
R$ 15,00 de entrada (sem lista) ou R$ 10,00 de entrada (lista)
Lotação: 150 pessoas
Drops Bar - Rua dos Ingleses, 182, em frente ao teatro Ruth Escobar


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Sábado rola mais uma e aguardada edição do Let's Goth (subprojeto do Let's Rock) na Toy Lounge. Idealizado pelo DJ Humberto Luminati, a festa é uma das poucas e mais dignas do gênero que acontecem ainda em SP. Para quem curte crossover, industrial, dark/goth metal, post-punk e death rock este é o lugar - gente cagada e radical não faz parte do repertório, pois, assim como o Drops, o seu conceito é do tipo "vamos reencontrar os amigos e nos divertir" e seu clima clean (but "dark") não comporta gente imbecil e radical que ainda insiste com aqueles velhos papos que exalam vinho de quinta....Esta edição também contará com um pocket show do White Light Lametta, o mais novo projeto eletro dos"Brides" Julia Ghoulia e Corey Gorey (NY) que fechará sua pouca divulgada tournezinha que passou por alguns clubs da cidade durante o mês de agosto. Será no mínimo curioso!

mais infos aqui: www.fotolog.com/humb_lumi

sábado, 22 de agosto de 2009

labyrinth


Diga que este é o mesmo sol girando no mesmo céu
Diga que estas são as mesmas estrelas fluindo na mesma noite
Diga-me que este é o mesmo mundo girando pelo mesmo espaço
Diga-me que este é o mesmo tempo tropeçando pelo mesmo dia

Então diga que esta é a mesma casa e nada na casa mudou
Yeah, diga que este é o mesmo quarto e nada no quarto é estranho
Diga-me que este é o mesmo garoto queimando na mesma cama
Diga-me que este é o mesmo sangue penetrando na mesma cabeça
Diga que este é o mesmo gosto que se tira do mesmo beijo


Diga que você é a mesma,
Diga que você é a mesma e sempre foi assim
Diga que você é a mesma, diga que você é a mesma e sempre e para sempre será
Diga que você é a mesma

Diga-me que é tudo igual
Isso sempre foi assim
Mas se nada mudou, então isto deve significar...

Mas o sol está frio – o céu está erradoAs estrelas estão negras – a noite se foi
O mundo está imóvel – o espaço está parado
O tempo acabou – o dia está derrubadoA casa está escura – o quarto está cicatrizado
O garoto está morto – a cama está dura
O sangue está grosso – a cabeça está estourada
O gosto está seco – o beijo é sede

E você não é a mesma, você não é a mesma
Nào, isso nunca foi assim
Você não é a mesma, você não é a mesma
E isso nunca é, realmente
E você não é a mesma, você não é a mesma
Nào, isso nunca foi assim
Você não é a mesma, você não é a mesma
E isso nunca é, realmente
Oh, sempre foi assim
Tudo deve ter mudado
Ou sou eu...

Extraído do livro Goth Chic de Gavin Baddeley (2003)

Alguns têm cotado os obsessivos trabalhos solos de Nico, lançados logo depois que ela deixou o Velvet Underground, em particular The Mable Index (1969) e The End (1974), como os primeiros discos autenticamente góticos. É certo que o clima evocado pelos arranjos dispersos e pela harmonia fantasmagórica – que o escritor Dave Thompson descreve como as “bruxuleantes excentricidades da cantora colocadas sob a luz” – possui uma atmosfera gótica. As gravações de Nico eram, novamente de acordo com Thompson, “essencialmente um ritual catártico, melhor experimentadas com as persianas bem fechadas e as lâmpadas lançando sombras sinistras na parede”. Por volta de 1981, a enigmática cantora notou que havia muitas garotas que se vestiam como ela, usando saias pretas esvoaçantes e botas de hipismo pontudas. Essas primeiras meninas góticas receberam o apelido de “Nico-teens”. Então, não era de se admirar que o Bauhaus, os pioneiros do rock gótico, fizessem de tudo para realizar um cover do hino às drogas do Velvet “I’m Waiting for the Man”, gravada por Nico, já uma verdadeira lenda perdida, presa nas garras de um vício debilitante e prolongado em heroína, “Nico era gótica”, confirma o vocalista do Bauhaus, Peter Murphy, “mas ela era o gótico de Mary Shelley, enquanto todos os outros eram o gótico dos filmes da Hammer. Ambos faziam Frankeinstein, mas Nico era real”.

Segundo Nico, "The Marble Index tem a ver com a minha ida a Berlim em 1946, quando era bem pequena e vi toda a cidade destruída. Gosto do império decadente, a imagem do império decadente”. A palavra “decadência” insinua uma prazer degenerado, mas também uma imagem comum na arte decadente. O mesmo ocorreu a Nico, em ambas as avaliações. Suas lembranças sombrias da Berlim arruinada, antes a cidade mais pecaminosa do mundo, são destiladas em The Marble Index através dos vocais germânicos caracteristicos da cantora. Após o sutil folk-rock de seu disco de estréia solo, Chealse Girl, de 1968, The Marble Index marcou a descida de Nico ao território problemático que a própria artista escolheu para si. Autenticamente estranho e hipnótico, o som espectral dos vocais harmoniosos e friamente taciturnos brandia um sinistro feitiço negro que afastou muita gente, mas a estabeleceu como uma artista cult. As apresentações ao vivo de Nico também eram imprevisíveis e melancólicas. Ela rejeitou uma apresentação enigmática que a denominava como um “membro da Sociedade Secreta” em um show em 1979, em Nova York, preferindo ser apresentada como “um possível Fantasma da Ópera”. De acordo com um fã que estava na platéia, ela chegou a desprezar a própria música, qualificando-a em sua fala germânica arrastada, como “um rréquiem, uma música funerral”.Mas um número suficiente de pessoas foi atraído por uma atmosfera fria e sustentou a existência precária e a carreira fonográfica errática de Nico. O clímax de seu primeiro ciclo e réquiens oriundos diretamente do lado negro veio em 1974, com o apropriadamente nomeado The End. A faixa título era um assombroso cover da saga surreal de patricídio e incesto dos Doors, gravada como tributo a Jim Morrison, o poeta e vocalista da banda, que morrera três anos antes. Morrison foi uma das várias lendas do rock quem Nico esteve romanticamente ligada, descrevendo-o como sua “alma gêmea’. Ambos compartilharam uma relação doentiamente confortável com a morte. “A vida era um tédio para Nico”, disse Alan Wise, que empresariou Nico na década de 1980, “ela costumava dizer que estava a apenas dois minutos da morte”. Em 1967, de acordo com o produtor do Doors, Paul Rothchild, Morrison “levou Nico para o alto de uma torre, ambos nus, e Jim fora de si de chapado, subiu no parapeito e caminhou por ele, a uma altura de centenas de metro. E lá estava aquela estrela do rock, no auge da carreira, arriscando a vida para provar a uma garota que a existência não valia nada”.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

ao ritmo morto-vivo


No começo dos anos de 1990 o casal de "vampiros" Ady (vocais) e Barom Garces (sintetizadores) formaram o Chateau Royale. Na época, poucos em Londres ainda davam atenção à música gótica e formar uma banda do gênero por lá (seguindo a pauta de alguns estereótipos) era quase como pedir para ser vítimas das mais cruéis piadas. Por esse motivo, talvez, a sua carreira trilhou um caminho muito tímido.
Seus dois primeiros registros foram lançados em k7, entre 1991 e 92. Depois disso, decidem criar seu próprio selo, Christus Release, por onde editaram dois EP's:
- In Morning (1994) - um trabalho ainda amador, com sonoridade meio “demo-tape”, onde as três faixas exploram climas medievais através de melodias sintéticas. Seu encarte apresenta a seguinte descrição: “Aqui estamos te presenteando com nossa fruta proibida – In Morning - dividirá com você as primeiras lágrimas da noite...”.
- Angel (1995) - traz vocais quase sussurrados guiados por um arranjo cold wave. Destaque para a faixa "Christiane F", onde a personagem é tida como morta, ressuscita e tenta lembrar-se quem foi.
Chateau Royale desapareceu sem deixar pistas...Sua música pode ser comparada à iluminação discreta do interior de uma catedral cujas alegorias não despertam somente angústias, mas também um estranho conforto.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

hóspede


O estomago remói e aquela história gira...Tediosamente. E você abre e fecha túmulos...A cavidade não tem fim e os corpos...E os corpos são amores como pretexto..

flatus vocis


sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Paganismo - por hakim bey


CONSTALAÇÕES POR ONDE dirigir o barco da alma.
"Se o muçulmano entendesse o Islã ele se tornaria um idólatra" - Mahmud Shabestari

Elegbá, o porteiro horroroso com um gancho na cabeça & conchas no lugar dos olhos, charutos negros de macumba & copo de rum – como Ganesh, o deus dos Inícios, garoto gordo com cabeça de elefante que cavalga um rato.
O órgão que sente as atrofias numinosas com os sentidos. Aqueles que não podem sentir baraka(1) não podem conhecer a carícia do mundo.
Hermes Poimandres ensinou a animação dos eidolons(2),a incorporação mágica de ícones por espíritos — as aqueles que não podem realizar esse ritual em si mesmo & em todo o tecido palpável de ser material vão herdar apenas melancolia, dejetos, decadência.
O corpo pagão torna-se uma Corte de Anjos que experimenta este lugar – este arvoredo – como o paraíso – (“Se existe um paraíso, com certeza é aqui!” – inscrição no pórtico de um jardim mongol).
Mas o anarquismo ontológico é paleolítico demais para escatologia – as coisas são reais, feitiçaria funciona, os espíritos dos arbustos são unos com a Imaginação, a morte é um vago desconforto – o enredo das Metamorfoses de Ovídio – um épico de mutabilidade. O cenário mitológico pessoal.
O paganismo ainda não inventou leis – apenas virtudes. Sem sacerdócio, sem teologia ou metafísica ou moral – apenas um xamanismo universal no qual ninguém obtém real humanidade sem uma revelação.
Comida dinheiro sexo sono sol areia & sensimilla (3) - amor verdade paz liberdade & justiça. Beleza. Dionísio o garoto bêbado em uma pantera — rançoso suor adolescente — Pã homem-bode abre caminho através da terra sólida até sua cintura como se estivesse no mar, sua pele incrustada de musgo & líquen — Eros se multiplica em uma dúzia de jovens pastorais nus de Iowa, com pés sujos de barro & musgo dos lagos em suas coxas.
Raven, o trapaceiro do potlatch (4), às vezes um garoto, às vezes uma velha, um pássaro que roubou a lua, agulhas de pinho flutuando num lago, totem de Faísca & Fumaça, coro de corvos com olhos de prata dançando na pilha de lenha — o mesmo que Semar, o corcunda albino hermafrodita marionete de sombras, patrono da revolução Javanesa.
Iemanjá, estrela azulada, deusa marinha & madrinha dos homossexuais — como Tara, aspecto azul-acinzentado de Kali, colar de crânios dançando dançando no rígido lingam (5) de Shiva, lambendo nuvens de monções com sua língua compridissíma - como Loro Kidul – deusa-do-mar verde-jade javanesa que confere o poder da invulnerabilidade aos sultões por meio de intercurso tântrico em torres & cavernas mágicas.
Sob um ponto de vista, o anarquismo ontológico é extremamente nu, despido de todas as qualidades & possessões, pobre como o próprio CAOS – mas, sob outro ponto de vista, ele pulula de barroquismos como os templos da foda de Katmandu ou um de símbolos alquímicos – esparrama-se em seu divã comendo loukoum (6) & acolhendo noções heréticas, uma mão dentro de suas calças frouxas.
Os cascos de seus navios piratas são laqueados de negro, as velas triangulares são vermelhas, bandeiras negras exibindo uma ampulheta alada.

5 – nome que em Cuba se dá a Exu.
6 – conceito sufista, que significa benção, graça, a força vital de toda criação.
7 – Ou H. Trismegisto, mitológico fundador do hermetismo, doutrina ligada ao gnosticismo, no Egito, século I.
8 – Festival de inverno celebrado pelos índios da costa noroeste dos EUA, com distribuição e eventual dissipação dos bens do anfitrião.
9 – O mais importante dos símbolos de Shiva, que tem a forma de um falo, e representa o aspecto impessoal de Deus.
10 – Doce turco.

cantos

Entre muitas máscaras que temos, damos a pior também à aqueles que merecem...assim como as últimas canções. Assisto sua lenta queda - ela alimentou tanto minha vaidade. Eles apenas te ""aguentam", são como muleta de um velho moribundo. Suas alegrias são respostas forçadas às suas genuínas fraquezas...Eu te entendo e gargalho obscuramente. Obrigado por tudo também. Das minhas chagas fiz fortaleza e beleza."It's not a love song - It's the last song for you". Paz...

domingo, 2 de agosto de 2009

permanência


And if I'd the spell to claim your existence
Your clandestine thoughts; your soul's soft persistence
I'd follow the mirror aglow with your image
Your water-grave eyes, and your lingering fragrance

But unknown by you; lost in the shadows

I fade and remain
Love incarnate; mere irreligion
I fade and remain


My kind can dwell with infinite patience
My reverie thoughts can travel great distance
Yet deign I embrace you, with meek adoration
Your fragile humanity rised with contrition

Love incarnate; lost in perfection
You fade and remain
Youthful; timeless; deification
You fade and remain

sábado, 1 de agosto de 2009

folk noire

Ano passado estive em contato com o João do selo português Extremo Ocidente que esporadicamente solta preciosidades limitadíssimas de neo-folk e martial em vinil e em cd principalmente as relacionadas à alguns projetos de Tony Wakeford (Sol Invictus). Uma que me pegou de assalto foi o EP The Affordable Holmes do Orchestra Noir com 29 minutos de gravações inéditas com prensagem de 999 unidades embalado em papel reciclado. Para quem não conhece, trata-se de um trabalho mais "filmico" de Wakeford que reproduz uma sonoridade mais experimental, dando aos instumentos clássicos bases arrojadas à uma música minimalista e ultra-romantica. Este é um mini cd inteiramente dedicado a Sherlock Holmes e em particular à série dos anos 80 com o Jeremy Brett, sendo o tema principal uma cover da banda do mesmo seriado.

Segue a letra e algumas notas do cd:


I saw a maiden by the riverside
Waiting for her lover to come by
She dressed her hair with a golden comb
Love it seemed had gaind the throne

Then he killed her - struck once, then twice
Then he killed her with his knife

From stately mansion to the lowest slum
Love and death beat their drum
Lovers, touch and lovers cry

Then he killed her - struck once, then twice
Then he killed her with his knife

How easily love's wine is spilt
How easily love's vine does will
Then he killed her - struck once, then twice
Then he killed her with his knife
___________

músicos:
Tony Wakeford - double bass, voice, sounds, electronics
M - percussion, sounds, electronics
Guy Harries - flute Richard Moult - piano
Mark Baigent - oboe
Ben Sansom - violin
Alexandria Lawrence - viola
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"Burn out of obssesion"

Não é a vida toda patética e fútil? Sua história não é um microsmo perto do todo? Nós a agarramos. E o que é deixado nas extremidades de nossas mãos? Uma sombra. Ou mais que uma sombra, miséria!