terça-feira, 30 de junho de 2009

“Esquece essa gente!”.

Um dos meus maiores vícios é guardar alguns incômodos e perder a oportunidade de exorcizá-los imediatamente. Eu aparento ser uma pessoa imparcial, mas isso se deve ao fato de eu ter destinado, num passado recente, parte de meu arsenal em debates sem frutos (isso prova que, ao contrário que muitos devem pensar, não guardo muitos ressentimentos – não seria eu possuidor de uma prudência exagerada ou vítima de vampiros?). Hoje abuso de uma indiferença glacial à quem merece. Sempre pago por falar o desnecessário. Continuo errando e dando gratuitamente as estratégias que deveria permanecer no meu íntimo ou que deveriam ser dissolvidas em longas horas de meditação (?). Eu sempre prometo calar-me...Mas, se não fosse esses deslizes, eu me assemelharia a um mudo e surdo, como num período estranho de minha adolescência. Na realidade não me envergonho daquela época e do mesmo modo não seria nada mal retomar aquele involuntário comportamento (mesmo que eu não acredite em repetições de modelo), pois naquela época era muito espontâneo ter dificuldade balbuciar e ordenar as palavras, pois o ato “conversa” era uma obrigação temerosa, uma arma que eu não reconhecia (e às vezes não reconheço). Eu não sentia confortável pelo jeito que uns cagalhões me julgavam fisicamente – eu gostaria de voltar a 16 anos atrás e me abraçar. Pode ser que ai seja uma das origens das algemas em minha garganta. Em parte aquela fase foi boa; eu não era também nenhum santo. Era um rocker estropiado, com uma velha camiseta do Christian Death que roubava discos, matava aulas para encher a cara pelas ruas dos arredores do colégio; perdi o ano escolar naquela zona toda. Não seria bom eu dar rédeas a aquele vagabundo – eu me trairia. Se ele não estive nas extremidades de minha bagagem, eu não teria uma imaginação inquieta; estaria transgredindo as ordens lógicas e agindo como boa parte dos traidores que fingem ter um humor taciturno e um gosto duvidoso adquirido com tanto esforço como autênticos poseurs! Vou eliminando alguns indivíduos à medida que eles vão me mostrando suas mais pobres imbecilidades. Eles hoje me dão sono. Os sinais dos caminhos adequados sopram sutilmente em meus ouvidos. Não é mais preciso fechar os olhos para sonhar. Anoiteço em longos tragos e no momento não sinto muita falta em dividir confidencias com alguém entrelaçado num lençol... Abriremos mais os ouvidos e tentarei falar um pouco de música que me agrada e que, de certa forma, tem os traços pálidos de quem agora escreve ou de quem as toca (quanta redundância...). Deixo ela falar por mim; isso é um vício que tenho em excesso!

domingo, 28 de junho de 2009

à sua receita arrematadora


Alucinada

Nas noites frias (em pleno inverno)
tua lembrança é calor e proteção.
Minha música embala a alma, doce melodia
Que se aloja no coração qual paixão devoradora

Temperatura quarenta graus, que a ti também aquece
vem junto a mim esquece o mundo,
vamos na emoção afogar a lógica e a razão...

Beberemos no copo do amor, esta bebida divina,
ela nos fará irmãos, amigos e amantes,
pois não há união perfeita,
sem o Dom maior do próprio Criador...

Alucinação, levando o sonho à mais linda perfeição,
fazendo os humanos sentirem com pleno domínio
uma inifitésima parte do que é divino...
(Constance Belmar)

sábado, 27 de junho de 2009

voz do nada


A controversa entrada de Nico no Velvet Underground fez com que muitos não acreditassem numa cerreira duradoura depois da saída da banda. A musa alemã de Andy Warhol não era apenas um rostinho bonito e deslumbrado como Edie que, por “forças de compensação”, foi eternizada em “Femme Fatale”. Apesar de algumas roubadas que caiu no inicio de carreira musical por causa de alguns excessos (que fizeram parte integral de sua vida, embora negasse no fim da carreira o uso constante de heroína) e ingenuidade, Nico tinha uma expressividade única e canções inigualáveis que ainda causam torrentes frias e escuras em nossa alma.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

mais presentes e suas notas


Esses eu ganhei do Gheirart. Merciiii!

O Homem revoltado (Albert Camus)

Quando foi publicado pela primeira vez em 1951, O Homem Revoltado valeu a Albert Camus um verdadeiro linchamento promovido por intelectuais franceses encabeçado pelo romancista e filósofo Jean-Paul Sartre. O ataque de Camus aos crimes perpetrados em nome da revolta repercutiu mal, e ele ainda foi acusado de defender a liberdade de forma simplista, privilegiando a questão individual. Foi assim que, por várias décadas, a complexidade de seu pensamento foi reduzida a uma tese de direita.
Stálin ainda vivia, muita ente começava a se desentender com o Partido Comunista, mas apesar disso Camus não podia ser perdoado ao criticar igualmente a violência e o totalitarismo de direita e esquerda. Não podia aceitar a crítica tão forte contra as prisões e os assassinatos perpetrados em nome da revolução. O novo humanismo de Camus – talvez por vezes contraditório, mas certamente sincero – era repudiado radicalmente.
A amargura do consagrado autor de O Estrangeiro e A Peste foi canalizada então em 1956 com A Queda, romance-monólogo de impressionante expressividade e força. No ano seguinte, Camus era reconhecido pela Academia Sueca e recebia o Nobel de Literatura. Ainda assim, suas idéias na chegaram a ser “reabilitadas” pelo que as atacaram. Livro ambicioso que é talvez um dos mais enfáticos e apaixonados libelos antiautoritários já escritos, O Homem Revoltado continuou sendo tratado com frieza e acomodação que critica tão veemente.
Mais de 50 anos depois de sua primeira publicação, com as disputas ideológicas e o questionamento existenciais da humanidade radicalmente deslocados de seus eixos, o livro adquire uma dimensão especial. Não é possível mais ignorar crimes contra a humanidade sejam quais forem seus pretextos revolucionários,
A revolta não desculpa tudo. É assim que o humanismo proposto por Camus revela-se fundamental para aqueles que preferem defender os seres humanos antes de defender sistemas teóricos abstratos. E é por isso e muito mais que O Homem Revoltado é um dos livros mais importantes do século.
(João Domenech Oneto)

trecho:

“Há crimes de paixão e crimes de lógica. O código penal distingue um do outro, bastante comodamente, pela premeditação. Estamos na época da premeditação e do crime perfeito. Nossos criminosos não são mais aquelas crianças desarmadas que invocam a desculpa do amor. São, ao contrário, adultos, e seu álibi é irrefutável; a filosofia pode servir para tudo, até mesmo para transformar assassinos em juízes”.

“A História do Diabo” (Vilém Flusser)

Parodiando textos sagrados, Vilém Fusser faz neste livro um longo elogio do Diabo, príncipe tão glorioso que a tantos entusiasmou no decorrer da história humana, em louvor do tantos enfrentaram as chamas” com dedicação ardente. Procura suspender os nossos preconceitos a respeito do Diabo para tentar conhecer esse personagem que identificará com a própria História: É possível a afirmativa de que o tempo começou com o Diabo, que o seu surgir ou a sua queda representam o início do drama do tempo, e que diabo e história sejam dois aspectos do mesmo processo.
Chama de “influência divina” tudo o que procure superar ou negar o tempo, o chama de “influência diabólica” tudo o que procure preservar o mundo do tempo. Concebe o divino como aquilo que age dentro do mundo para dissolvê-lo e transformá-lo em puro Ser, logo, em intemporalidade. Por oposição, concebe o diabólico como aquilo que age dentro do mundo para preservá-lo, evitando que seja dissolvido. Do ponto de vista de Deus, o divino é o criador enquanto o diabólico é o aniquilador – nas do ponto de vista do homem no mundo o Diabo é o princípio conservador e Deus é o princípio destruidor. Cabe ao diabo manter o mundo no tempo, o que nos força a simpatizarmos com ele: reconhecemos no Diabo espírito semelhante ao nosso, e talvez tão infeliz quanto o nosso.
(Gustavo Bernardo)


trecho:

(Capítulo “A Luxúria’ – O Amor ao Ler e ao Escrever).

"3.8.2 É da própria essência do pecado afundar a mente numa torrente de desejos que aumentam à medida que estão sendo satisfeitos. Quanto mais bebe, tanto mais sedenta é a mente pecaminosa. Cada copo que traz aos lábios conta mais uma gosta daquele veneno que lhe aumenta a sede. Atrás de toda amante que abraça Don Juan, estende-se a fileira infinita e sempre crescente de amantes a serem abraçadas. Na boca que beija sente ainda o gosto dos lábios já beijados, mas já está pressentindo o gosto das bocas que estão lá, prontas a serem beijadas. É verdade que toda amante representa um desafio diferente. Cada uma exige uma tática diferente para ser conquistada. Mas de que adianta essa conquista? Serve somente de degrau para a conquista seguinte. Considerações frias e racionais como esta não ajudam, no entanto, ao inebriado a superar a sua sede. São existencialmente improdutivas. Ele se precipita, com ela ou sem elas, sempre mais fundo para dentro do seu pecado."

quarta-feira, 24 de junho de 2009

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32 anos...Sou agora apenas uma massa debruçada em minha alma posta a prova, para algum experimento. Um abrigo sutil para loucos.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

l'homme


Como um caçador com pouca munição, vejo que ficar a espreita não é um mau negócio. Qualquer brecha permite que uma hiena entre eu seu velho leito e lhe subtraia algo. Manter-se atento aos sinais ou instintos (que às vezes não damos importância) torna seu humilde lar numa fortaleza, protegida dos espíritos cruéis. O desafio dos loucos é manter as rédeas da realidade (?) e o obstáculo dos honestos é garimpar os verdadeiros amigos ou desviar dos rasantes das cobras com asas. Você ainda não acredita nelas? Elas cansaram de se rastejar e não fazem isso apenas simbolicamente, pois adquiriram duas pernas, como símios deformados pela “evolução”. Desculpe a comparação com alguns habitantes das florestas; eles não merecem, porém essa metáfora é necessária, já que esses seres a qual compartilho a forma biológica têm a mesma importância que um palito de dente. Faço aqui minha justiça. Boicotei sua existência, desviando o meu coração de suas bocas secas da inveja. Sei que em alguns momentos pareço ser pago na mesma moeda, mas aceitar isso também é como dizer amém a algum karma ou falta cristã. Prefiro enxergar isso com serenidade delineada pelo meu delírio entrelaçado igual vísceras. Há cumplicidade sem traição? Há amor sem delito? Alegria sem ingenuidade? Não quero pensar em me aprofundar nesta savana de pedra, horrenda e embrutecida. Quantas noites foi preciso manter alguns nódulos brancos em minhas narinas por causa de vocês; este caçador por alguns momentos faz questão de jejuns e quando se senta à mesa só, despreza os cadáveres!

mongo walkers

Andar a pé em SP é algo legal, mas para um passeio quase perfeito eu ousaria requisitar ao menos uma coisa: mais da metade das pessoas poderia sumir do mapa. É indiscutível que muita gente não faria falta, seja pela má educação agregada ao mau gosto de serem gordas e cafonas. As calçadas daqui são todas cagadas, mas isso é o de menos já que muita gente não sabe andar; são umas antas que precisam se locomover com setas nas orelhas. Boa parte dos paulistanos merece as calçadas que têm!

domingo, 7 de junho de 2009

sobreviver

As melhores delicias são inventadas na larica. Ninguém pode negar.

Spoons - The Waterline


There is a corner in her heart
Where everything always shows up in the end
Sometimes good, sometimes bad
The memories just rise up to the top
There is a corner in her heart
Where everything always shows up in the end
Sometimes good, sometimes bad
The memories just rise up to the top

On the waterline
In her hurricane mind
And the submarines keep surfacing
To the waterline

Men can see it in her eyes
Something drown in there long, long ago
Under the big waves out at sea
When it comes I really want to be there

On the waterlineIn her hurricane mind
And the submarines keep surfacing...
On the waterline
At the edge of love
I swim to you
On the waterline

And every day I build the boat
To get to where she swims alone
On falling waves I cannot reach
So everyday I wait
And the submarines keep surfacing...

There is a corner in her heart
Where everything always shows up in the end
Sometimes good, sometimes bad
On the waterline
In her hurricane mind
And the submarines keep surfacing...
On the waterline

At the edge of love
I swim to you
On the waterline
Deep in your heart
I swim to you
On the waterline
At the edge of love
I swim to you
On the waterline
At the edge of love

Sin and Sacrefice of "Christian Death"

Pensando bem (???), estamos no mesmo grau de admiração pelo Rozz, mas você é muito cafona (agora usa peruca?) ...Então venha com a sua melhor banda cover, já que algumas coisas a senhora não teve coragem!

Te vejo lá, hermano.

She's Dying

Existem coisas mais democráticas do que morte num avião francês e um peido brasileiro? Os dois são muito inflamáveis...

sábado, 6 de junho de 2009

eu ando na linha

É tudo tão agridoce que a luz reflete o verdadeiro tom da pele
Agora tento desmistificar os pontos cardeais
Você ainda acredita neles?

segunda-feira, 1 de junho de 2009

escape


Vias luminosas
Em vias nervosas
Vias tortas
Via sacra de onde jorra o sangue
Na espátula da loucura
Via uterina
Via cavernosa do cardume de esperma
Via por onde a lamina afunda e liberta o vermelho
E o branco que se inspira e jorra o intimo.