sexta-feira, 19 de junho de 2009

l'homme


Como um caçador com pouca munição, vejo que ficar a espreita não é um mau negócio. Qualquer brecha permite que uma hiena entre eu seu velho leito e lhe subtraia algo. Manter-se atento aos sinais ou instintos (que às vezes não damos importância) torna seu humilde lar numa fortaleza, protegida dos espíritos cruéis. O desafio dos loucos é manter as rédeas da realidade (?) e o obstáculo dos honestos é garimpar os verdadeiros amigos ou desviar dos rasantes das cobras com asas. Você ainda não acredita nelas? Elas cansaram de se rastejar e não fazem isso apenas simbolicamente, pois adquiriram duas pernas, como símios deformados pela “evolução”. Desculpe a comparação com alguns habitantes das florestas; eles não merecem, porém essa metáfora é necessária, já que esses seres a qual compartilho a forma biológica têm a mesma importância que um palito de dente. Faço aqui minha justiça. Boicotei sua existência, desviando o meu coração de suas bocas secas da inveja. Sei que em alguns momentos pareço ser pago na mesma moeda, mas aceitar isso também é como dizer amém a algum karma ou falta cristã. Prefiro enxergar isso com serenidade delineada pelo meu delírio entrelaçado igual vísceras. Há cumplicidade sem traição? Há amor sem delito? Alegria sem ingenuidade? Não quero pensar em me aprofundar nesta savana de pedra, horrenda e embrutecida. Quantas noites foi preciso manter alguns nódulos brancos em minhas narinas por causa de vocês; este caçador por alguns momentos faz questão de jejuns e quando se senta à mesa só, despreza os cadáveres!

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