segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Getting The Fear + Into A Circle


O Getting the Fear surgiu a partir da dissolução do Southern Death Cult no início de 1983. Barry, Buzz e Aky convocaram o vocalista Bee (Paul Hampshire) para substituir Ian Astbury que estava descontente com a nova direção musical que seus companheiros queriam seguir.

Em atividade por dois anos, o GTF gravou diversas demos, lançou apenas um single (“Last Salute” – pela major RCA) e fez uma maratona de apresentações em alguns clubes, incluindo uma aparição em um programa da BBC, onde aparecem tocando “Yurune" e dando entrevista. A exposição da banda foi até significativa, já que ainda colhiam os ecos causados pela popularidade do Southern Death Cult. Mas, diferente da imagem lúgubre da encarnação anterior introduzida por Ian, a banda consegue uma difícil proeza de ser pop sem cair no descartável e no vulgar. Por outro lado a proposta era bem alternativa já que era arriscado negar a sombra gótica que carregavam, típico da geração que estes garotos faziam parte.

Em abril de 1985, Aky e Buzz deixam a banda para formar o Joy, antes de partirem para outros projetos. Bee e Barry decidem levar a diante as idéias iniciadas pelo Getting the Fear, formando o In Two A Circle (nome baseado, talvez, nos círculos mágicos adotados por Aleister Crowley). Seu conceito era ultrapassar os limites da música e transformar a banda numa experiência única que agregasse poesia, ocultismo, sexualidade e introspecção espiritual. Isso tudo era perceptível tanto em suas letras quanto na atitude, já que seu som, em si, explorava as fronteiras do rock pop com boas doses de psicodelismo. A sua maior influencia literária vinha do escritor e filosofo Brion Gysin (um assíduo colaborador de William S. Burroughs) que foi primeiro ocidental que descobrir a música de transe da aldeia de Jajouka (Marrocos) executada em diversos rituais.

Depois de alguns meses compondo e ensaiando, a banda faz seu primeiro show no Croydon Underground em dezembro de 1985. Em seguida sai o single de estréia - "Rise" que, assim como os discos posteriores, segue uma política de total controle criativo - Bee e Barry produzem e fazem as artes das capas. Devido sua tiragem limitada (de cinco mil cópias) "Rise" se esgota rapidamente e em março de 1986 a banda faz uma pequena turnê pela Inglaterra e Escócia. Neste período o In Two A Circle já contava com a colaboração esporádica Rose McDowall do Strawberry Switchblade para os backing vocais. Foi através de McDowall que a banda foi envolvida no círculo de artistas como Death in June, Coil, Current 93, Psychic TV, que partilhavam dos mesmos pensamentos da vanguarda musical difundida através de experimentalismo industrial, sonoridade folk e letras que sofriam influências de poesia, magia, thelema, satanismo e hermetismo. É interessante frisar que Genesis P-Orridge (Throbbing Gristle, Psychic TV) foi um dos caras que ajudaram na divulgação das primeiras demos da banda ainda como Gettting The Fear.

Em julho daquele ano assinam um contrato com a Abstract Records, simplificam o nome para Into a Circle e editam o single "Inside Out” que chegou a apontar nas paradas independentes. Do mesmo modo este compacto marca o desistência do baixista Barry em trabalhar com músicos convidados nas gravações, o que levou a banda a trazer ao palco sons pré-gravados para tentar recriar as ambientações das sessions de estúdio. No entanto, o Into a Circle em suas apresentações não dispensa o uso bateria acústica e guitarra – a banda recebe a colaboração de diversos músicos, tendo como destaque o guitarrista Billy Morrison que futuramente tocaria como baixista para o The Cult.

"Forever" é o terceiro single e a é primeira gravação de estúdio com a participação de McDowall e que teve a co-produção assinada por Larry Steinbeck do Bronski Beat. Esse lançamento precedeu o lançamento do seu único álbum; Assassins, no verão de 1988. O LP foi promovido através de uma exaustiva turnê. Porém, mesmo com tanto empenho, Bee e Barry não conseguem reconhecimento mais amplo, fora do circuito alternativo. Rumores que eles abririam a turnê Innocents do Erasure apareceram. Isso os animaram, até que, por motives financeiros, os executivos da gravadora desistem dessa investida.

Com a entrada da poetisa e artista punk Annie Bandez (natural de Nova York, também conhecida como Little Annie Anxiety Bandez ou Annie Anxiety) em seu line-up, o Into A Circle oferece um som mais complexo e elaborado. Daí que também surge a idéia de re-trabalhar sons antigos da época do Getting the Fear, como “Sometimes” e “Yurune”. Era latente a intenção de reestruturar o projeto, tanto que mudam o seu nome para Big World Café e depois para Ugly, até que resolvem se separar definitivamente em outubro de 1989 depois de um show no Fulham Greyhound.

Bee hoje em dia reside na Tailândia, onde é DJe membro da banda de electro-rock Futon ao lado de Simon Gilbert (ex-baterista do Suede), e Barry vive ainda na Inglaterra onde é produtor, um respeitado engenheiro de som, professor de conservatório e agente de turnê de diversas bandas (já trabalhou com Placebo, Green Day, Foo Fighters, Bryan Adams, Nick Cave, Iron Maiden, Kasabian, Ozzy Osbourne, Kaiser Chiefs, Will Young, Tool, Girls Aloud, Rammstein e Brian Ferry).

Em 2008, o selo Cherry Records re-edita o álbum Assassins em cd remasterizado e com oito bônus provenientes de outros singles e lados B.

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