sábado, 26 de abril de 2014

Christian Death & Rozz news # 2


Depois de uma curta tour em outubro do ano passado, Valor Kand está prestes a lançar um álbum de inéditas. Há uma grande expectativa por parte de seus fãs que não consomem material novo desde 2007, quando American Inquisition saiu. Intitulado The Root of All Evilution deve seguir a mesma linha do último trabalho; pelo menos é o que se pode sentir ouvindo as músicas "The Selfish Gene" e "You Can't Give it Back", executadas em suas recentes apresentações. Embalados com o fôlego deste material fresco, a banda anunciou para maio a excursão européia de comemoração dos 30 anos do álbum Catastrophe Ballet que será tocado na integra, além de outras músicas. Estas apresentações também contará com a exibição do documentário What Jesus Looked Like dirigido por Darryl Hell, o mesmo de Behind The Mask do Death in June. What Jesus Looked Like (que tem lançamento em DVD previsto para junho, pelo selo Furnance Records) é resultado de uma longa conversa que Darryl teve com o Christian Death, "depois diversas" doses de vinho. Com esta "gestação" etílica, o vídeo deverá ter um ar bem confessional a ponto de colocar a limpo muitas as polêmicas em que a banda esteve envolvida, incluindo, talvez, a saída e briga com de Rozz Williams e todos os argumentos sobre os direitos sobre o nome "Christian Death". Mesmo que você não goste de Valor, parece ser algo imperdível.





Enquanto Rozz continua sua (dolorida, porém inspiradora para ele) caminhada pelo "vale dos suicidas", os seus lançamento póstumos não param de pipocar. Mês passado, em meio ao festejo do dia do disco de vinil, a Frontier Records lançou um 7" do Christian Death original com capa gate-fold trazendo fotos inéditas da banda tiradas pelo lendário Edward Colver, um cara que documentou como ninguém a cena punk da Califórnia do final dos anos de 1970 e começo dos 80's. Edward foi o fotógrafo que mais clicou o Christian Death em sua fase áurea (1981/82, incluindo as sessões para o encarte do álbum Only Theatre of Pain). Com o título de The Edward Colver Edition, o compacto trás as músicas "Cavity - First Communion (Alternative Version)" e "The Lord's Prayer" registradas em vinil branco. Contando com uma edição de 2.500 cópias, trás, além das belas fotos que ilustram a capa, também um poster, o que torna este item obrigatório ao fãs mais devotos.





Janeiro de 2012 foi a data do ultimo (re)lançamento do Premature Ejaculation pela série "The Lost Recordings". Sem responder os meus e-mails, existe a especulação que o selo esteja passando por apuros ou que os organizadores da série tenha brigado (sem contar a possibilidade de que a família de Rozz estar na disputa da detenção destas obras). Eu ainda não perdi as esperanças de que um dia isso desemperre de vez e que possamos incluir mais material do Premature em nossa coleção. Esta esperança reacendeu quando tive a notícia do relançamento do álbum Death Cultures I pelo pequeno selo italiano Looney-Tick Productions, especializado em coisas estranhas e experimentais. Lançado originalmente em fita K7 no ano de 1987, Death Culture I foi o primeiro trabalho da segunda encarnação do Premature Ejaculation que contava com Chuck Collision no lugar de Ron Athey. Depois do lançamento do segundo e consagrado álbum Assertive Discipline (trabalho do projeto que mais ganhou diferentes edições - K7, LP e CD), Death Culture ganhou em 1988 duas sequencias que fechavam a trilogia (Death Cultures II e III). Seguindo a roupagem meio "caseira" iniciada pela Malaise Music, Death Culture I sairá no dia 9 de maio numa edição limitadíssima de 100 cópias em cd-r, remasterizado e com a capa diferente da original em formato digipack.

sábado, 15 de março de 2014

Morte e Delineador


 
Esses depoimentos foram extraídos do site Music Fan Club. Não sei até que ponto estes relatos são verdadeiros. Eu considero alguns bem duvidosos a ponto de ter quase certeza que houve uma grande dose tendenciosa do editor original que estava bem envolvido com hype/sensacionalismo difundido pela gravadora Cleopatra no início dos anos de 1990 que é subliminarmente (para não falar escaradamente) citada nos tópicos "Gótico Americano" e "Ressureição". De qualquer maneira, recoloco aqui uma tradução em português feita pelo Marcelo Garcia (RIP) e postada originalmente no fórum do Sépia Zine em 1998/99. 

O GÓTICO ERA O FUNERAL DE GALA DO PUNK ROCK, E A CERIMÔNIA NUNCA TEVE FIM...

Os atores: Peter Murphy (Bauhaus), Daniel Ash (Love & Rockets), David Dorrell (empresário do Bush), Jon Savage (autor de England'sDreaming), Ian Astbury (The Cult), Marc Almond (Soft Cell), Robert Smith (The Cure), Brian McNelis (Gerente da gravadora Cleopatra), Fred H. Berger (editor do Propaganda), Rozz Williams (Christian Death), Siouxsie Sioux, Michael Aston (ex-Gene Loves Jezebel).

THE BATCAVE

Astbury: Todas as bandas iam juntas ao Batcave, em Londres, por voltade 1981 e começo de 82. O lugar era dirigido por Ollie Wisdom, que tocava no Spacimen. O clube era bem misturado, não era apenas um club dark. O Specimen era a banda da casa, e eles eram bastante sombrios, mas eles eram tão alemães quanto a Família Addams. Eram uma versão necrófila de David Bowie.

Almond: O Batcave mudou de lugar algumas vezes, mas o melhor de todos foi num lugar chamado Gossips, no Soho. Tinha um pequeno teatro, onde se fazia striptease, que era usado para se assistir a filmes góticos e para shows. Você podia ver pessoas como Robert Smith no bar.

Smith: Nós costumávamos ir ao Batcave por que entrávamos de graça e o lugar tinha uma boa atmosfera e as pessoas eram realmente legais. Mas a música era terrível! Toda aquele romantismo em torno da morte! Qualquer um que já tenha experimentado a sensação de estar à beira da morte pode lhe dizer que não existe nada de romântico nisso.

Dorrell: Um dos pontos altos era ir ao Batcave quando estava no Leicester Square. Tinha um jipe do exército estacionado ao lado do bar. Ao mesmo tempo, um cara invadiu o palácio e a rainha acordou tendo ao pé de sua cama aquele irlandês meio demente, meio bêbado. Uma semana depois de ter saído da cadeia, ele tocou com o Red Lipstick no Batcave.

O VISUAL

Ash: Uns seis meses após o início do Bauhaus, nós começamos a ter um público que se vestia de preto e garotos que usavam as mesmas roupas que a gente. Nós costumávamos chamá-los de demônios andróginos do espaço.

Astbury: Muita gente faz piada, mas os garotos que se vestem assim levam tudo muito a sério. Para eles é uma coisa do outro mundo.

McNelis: Basicamente, desde que você se vista de preto, você é considerado gótico. Savage: De vez em quando, o gótico parece ser uma boa válvula de escape para as ansiedades da adolescência. Você pode se disfarçar, ser mórbido e obsessivo com a morte e chocar os seus pais e amigos. Se bem que agora você encontra um visual gótico em tantos filmes, que já não parece mais algo tão alienígena assim.

Berger: Não esqueçam The Rocky Horror Picture Show, Fome de Viver e até mesmo Ed Wood. Tim Burton é realmente considerado o cineasta gótico número um. E muitos gostam do Arquivo X.

Williams: Eu acho que o que há de romântico no gótico é expor o seu coração, dizendo 'É assim que eu me sinto por dentro'.

Smith: Acho que tem muito a ver com um certo sentimento de alienação que os góticos têm. Eles se encontram, se vestem de uma maneira específica e parece haver uma mentalidade de tribo. Supõe-se que você esteja morto aos 25 anos.

Astbury: Algumas bandas, como Specimen e Alien Sex Fiend, tinham o visual de um vampiro futurista. Vinha mais do glam do que propriamente do túmulo. Era apenas uma reação contra os new romantics, por que eles eram metidos e superficiais. Havia também o flerte com a decadência pré-nazista da Berlin do final da década de 20 que era algo bem andrógino.

Berger: A estética, em grande parte, foi estabelecida pelo Bauhaus. Os caras usavam maquiagem e eram bonitos.

Astbury: O modelo para os homens era Sid Vicious: cabelos negros espetados e jaqueta de couro preta. Para as mulheres, definitivamente, era Siouxsie com suas botas pretas de cano longo, a pintura que deixava o rosto pálido e a maquiagem escura, e também o grande cabelo negro espetado.

Siouxsie: Nunca usei maquiagem que deixasse o meu rosto pálido; eu não tinha esse visual den palhacinho. Na verdade, é muito engraçado - em muitos dos nossos shows eu costumava olhar para a platéia e via um monte de pequenos Robert.

Smith: Os Banshees frequentemente expressavam o seu desgosto com o meu visual no Cure - nós éramos uma banda de capa de chuva, mas nunca fomos góticos. Muitas das minhas fotos usando um rosário ou um crucifixo pertencem exclusivamente ao período de 18 meses que eu passei tocando nos Banshees, pois determinaram que eu deveria usar o uniforme deles, o que eu tinha que aceitar por que aquele não era o meu grupo. Mas eu gostei de tocar com eles e sempre me dei bem com o Severin.

Siouxsie: Podem creditar tudo isso ao Robert e ao Severin. É tudo culpa deles. Os dois pegavam minhas roupas e os meus colares. Havia muitas noites estranhas, muita troca de roupas. Exceto pelo fato de que eles não tinham nada que eu tivesse vontade de usar.

GÓTICO AMERICANO

Berger: Noventa por cento das bandas que criaram e sustentaram esse gênero de música eram bandas como Bauhaus, Sisters Of Mercy, Dead Can Dance, Fields Of The Nephlim e Siouxsie And The Banshees. Na América, eram poucas as bandas, como o Christian Death, alguns desses grupos, como o London After Midnight, ainda estão em atividade.

Astbury: Para os garotos da Inglaterra, o gótico era sinônimo de niilismo e vazio. A Grã-Bretanha de Margaret Thatcher era horrível e opressiva. O desemprego era grande e tudo parecia um pouco como 1984 de Orwell. Era quase como se a juventude estivesse de luto. Acho que essa era a razão pela qual tanta gente usava preto. Toda aquela coisa de vampirismo era mais na América.

Ash: A única diferença entre os góticos ingleses e americanos é o sotaque.

Siouxsie: Talvez seja essa a diferença. Não acho que exista uma cena gótica inglesa. Na América, as pessoas tendem a levar tudo muito a sério e elas fazem bem o dever de casa. Parece que tem um significado muito maior para o público de lá.

Williams: Confesso que não me lembro bem de como tudo começou nos Estados Unidos, ou em Los Angeles especificamente, mas era chamado de death rock no início, e evoluiu a partir da cena punk de Los Angeles, por volta de 79, 80. Era de onde vinham bandas como 45 Grave, Castration Squad... Também foi de onde surgiu o Christian Death.

Astbury: Quando os Cramps surgiram, eles pareciam uma banda de psychobilly dos anos 60, mas eles tinham um visual muito sombrio. O baixista deles na época, Bryan Gregory, parecia um papa defunto. Depois o gótico americano tornou-se uma espécie de Plan 9 From Outer Space. Um outro aspecto notável no gótico americano é a confusão que eles fazem entre bruxaria e satanismo.

Siouxsie: Isso mesmo. Não é todo dia que você pega um certo tipo de música e descobre várias religiões antigas e ocultismo envolvidos nisso. Acho que isso tem muito a ver com o fato de que a simbologia religiosa é algo muito atraente. Existe uma analogia. Se um Cristo moderno fosse morto numa cadeira elétrica, será que teríamos legiões de pessoas usando pequenas cadeiras elétricas em volta do pescoço?

Williams: Em Los Angeles, eu praticava rituais e lia livros de ocultismo, assassinatos e morte. Eu passei por tudo, de ser um satanista a - não diria ir à Igreja todos os domingos, mas a ficar mais perto de Deus. Creio que agora encontrei um ponto de equilíbrio. Agora as pessoas dizem "Mas eu pensei que você acreditasse em Deus". Eu sou mais como "Bem, eu acredito, mas isso não significa que eu não posso mais assistir ao meu vídeo de Charles Manson".

SEXO E DROGAS

Williams: A sexualidade era um pouco ambígua, mas os gays não chegavam propriamente a sair do armário. Eu era gay, mas não costumava falar muito sobre isso a não ser que conhecesse muito bem a pessoa e soubesse como se sentia a esse respeito. Havia uma coisa meio machista a princípio, mas aos poucos as pessoas foram ficando mais abertas.

Almond: No Batcave davam mais importância ao visual. As pessoas achavam legal a música e serem misteriosas e sombrias. Se você era gay, você podia se divertir sem que ninguém lhe importunasse.

Aston: Quando chegamos a Los Angeles, na nossa primeira turnê americana, nós conhecemos o Christian Death. Um deles virou pra mim e disse, "Ok, com qual de nós você quer dormir, garoto ou garota?"

Williams: Hum... Eu me lembro de ter visto o Gene Loves Jezebel no Roxy, mas não me lembro de ter conhecido nenhum deles pessoalmente, então deve ter sido outra pessoa, ele pode ter confundido a gente com outra banda, ou... talvez eu estivesse bêbado demais para lembrar direito.

Almond: Em Londres, havia muita bebida e também muito speed. A uma certa altura, a música tinha um lado psicodélico, que certamente veio à tona nos trabalhos do Cure e dos Banshees. Eles faziam coisas como Dear Prudence por exemplo, que parecia ter muita influência do ácido. Acho que a cena gótica do norte da Inglaterra teve muita inflência do snakebite black - essa bebida tinha um pouco de speed misturado nela.

Williams: Em Los Angeles, tudo era permitido. Havia alguns que realmente se amarravam em speed, alguns que já estavam na heroína e outros que simplesmente bebiam pra caramba e também havia as pílulas - muito Valium.

AS NEGAÇÕES

Williams: Quando eu comecei com o Christian Death, nós chámavamos a nossa músicas de death rock. Então, em algum momento, eu comecei a ouvir essa palavra, 'gótico'. Tive uma sensação do tipo, uau, sou parte de algo novo que está acontecendo. Mas agora, já se passaram tantos anos. Muitos garotos que encontro hoje em dia, se eu menciono Black Sabbath ou Alice Cooper, eles perguntam "Quem?".

Almond: Eu não era exatamente gótico, mas sou sempre citado por que existe uma ponta de gótico/romantismo na minha música. Algo que captura o lado sombrio e melancólico da natureza humana. Alguns dos meus artistas favoritos foram rotulados de góticos, o que abrange desde Roy Orbison até nomes mais óbvios como Velvet Underground, Nico e Nine Inch Nails.

Ash: Havia muito mais no Bauhaus do que batom e sombra. E existe uma grande ironia nisso tudo: se você observar a arte do movimento Bauhaus original, vai ver que é o oposto do gótico. Era extremamente funcional e simples, o contrário do gótico. Então o nome da banda era completamente diferente do rótulo que acabou ganhando.

Astbury: Bandas como o Bauhaus sempre pensaram nelas mesmas como se fossem uma escola de arte dadaísta, em oposição a toda aquela coisa de filme de horror B.

Smith: Tinha uma banda gótica que abriu pra gente na turnê inglesa de 81, o Danse Society. Acho que eles sinceramente acreditavam que eram os UNDEAD. Eu achava aquilo encantador, era como um teatro. As pessoas podem dizer que o Cure era gótico, mas estão mentindo. Você não pode estilizar a história. O raciocínio é: se as fotos mostram o Cure usando maquiagem e toda a indumentária dos góticos então nós éramos uma banda gótica. O fato é que isso nunca aconteceu com o Cure. Não existem essas fotos. É essa razão pela qual posso provar que nós não éramos góticos. Isso não vai acabar com a discussão, ela vai prosseguir, mas eu aqui dentro eu tenho a certeza do que nós fomos e do que nós não fomos, que é tudo que importa para mim.

Siouxsie: Acho que Robert está tendo essa reação por que ele é o gótico original. Ele inventou isso. O único motivo pelo qual temos pessoas com visual de palhaço é por que quando o Robert estava nos Banshees ele não conseguia colocar a maquiagem direito. É tudo por causa do batom que ele passava sem olhar no espelho. Eu bem que tentei avisar, mas ele escutava?

Smith: Nããããão. Eu era o único gótico de verdade nos Banshees.

Siouxsie: Oh, claro.

Smith: Quando você consegue fazer a Siouxsie negar que os Banshees eram góticos, então você realmente tem uma estória. Siouxsie: Nós não somos!!! Gótico não existe!

O FIM
 
Astbury: Quando acabou? Provavelmente em 84, final de 85. Aí começa o reinado das guitar bands, e tudo aquilo que havia ficou redundante. A palavra gótico agora é uma espécie de piada, algo kitsch. O engraçado é que têm muitas pessoas que você nem imagina que se ligavam nesse tipo de som, mas eu conversei com Courtney Love e ela disse que foi a um show do Cult no Camden Palace. Você nunca sabe quanta influência realmente teve. Aí estão as raízes do grunge: Courtney Love em Londres em 1984.

Dorrell: Gótico era apenas boa diversão. As pessoas envolvidas eram genuinamente criativas e bem intencionadas. Era o punk usando máscara e com as entranhas abertas. Mas o gótico não deixou muito além de um cadáver para ser exumado.

Astbury: Num sentido metafórico, o gótico foi o funeral do punk rock. Então a maioria se dispersou, formou uma família ou se envolveu com algo diferente. E isso foi tudo. Os Sisters Of Mercy continuaram, mantendo a chama acesa. Depois veio o Mission, que era uma espécie de ressaca gótica. Para aqueles que ainda queriam, lá estava. Os Banshees também continuaram. Existem ainda alguns lugares onde as pessoas podem usar aquele visual e não se sentirem oprimidas. São lugares aonde as pessoas podem ir para sonhar. E o que de errado em sonhar?

A RESSUREIÇÃO

Almond: Depois que o movimento gótico esfriou, ele conseguiu sobreviver por que os clubes continuaram a tocar música gótica e industrial. Há clubes como o Torture Garden, em Londres, que são puro fetiche, mas também são muito góticos.

Berger: O gótico morreu no Reino Unido no início da década de 90. Ele percorre ciclos nos Estados Unidos - ele morre e renasce várias vezes. A essa altura, ele já deve ter morrido umas cinco vezes. Sendo ligado a uma subcultura de vampirismo, a idéia de voltar do túmulo parece muito apropriada.

McNelis: O gótico está bem vivo em toda parte. Existem lugares que abrigam uma cena mais forte - São Francisco, Los Angeles, Nova York - mas está em toda parte. Agora mesmo estamos experimentando um renascimento com a chegada de bandas como Nine Inch Nails e Marilyn Manson, que usam elementos góticos. Uma vez que as pessoas se interessem, elas tendem a gostar e se aprofundar no assunto. Exite muita coisa nova acontecendo, como Rosetta Stone, The Prophetess e Switchblade Symphony, que são os maiores nomes no momento.

Ash: Por que o gótico ainda é popular? Simplesmente por que quando uma pessoa se sente deslocada, ela geralmente procura algo diferente. As pessoas que gostam de Nine Inch Nail, não estão em sintonia com o mainstream. É música com substância em oposição aos Lionel Ritchies da vida.

Savage: O crossover entre o gótico e o industrial parece ter alguma fascinação por assassinato em massa, o que é uma bobagem. Em termos de cultura pop, isso é antigo. É só olhar o Marilyn Manson. Muita gente se amarrava nisso há trinta anos - alô? O único problema com essa tática de chocar é que você tem que superar o que veio antes. Eu realmente não gostaria de me envolver com Charles Manson. O que há de divertido nisso? Um clássico de Alice Cooper dá de dez em Marilyn Manson.

McNellis: Alice Cooper? Não... Era uma coisa mais para o lado do Kiss do que para o gótico. Dizem que Marilyn Manson é gótico, mas os góticos não pensam assim. Gótico é uma forma singular de rebelião: eles não querem dar mosh; são solitários, que gostam de livros e se vestem de maneira estranha para aborrecer os pais.

Murphy: A única banda que ouvi ultimamente que evoca esse poder único é o Portishead. Outros grupos que me impressionaram foram o Blue Wolves e o Goya Dress, os dois são britânicos. Eu também acho que o U2 tornou-se um bocado gótico nos últimos tempos. O Bowie tentou isso nos anos 90, mas ele era verdadeiramente gótico em 1979 com The Men Who Sold The World ou até mesmo Hunky Dory. Leonard Cohen também.

Smith: É uma cena persistente e imutável. Não importa o que esteja acontecendo em volta, está sempre lá. Eu consigo entender a sedução que existe. O visual é algo bastante romântico e existem muitos reflexos poéticos. Os góticos não são diferentes de nenhuma outra tribo. Eles apenas têm mais apelo visual.

Almond: Eu acho que o gótico está voltando - você pode sentir no ar! Eu vi um desfile de moda de Alexander McQueen em Londres que foi realizado numa igreja, e muitas das roupas tinham um tom muito religioso e gótico.

Ash: Moro em Los Angeles agora e existem muitos clubes lá e em São Francisco e provavelmente em todo o país. Eu me lembro de ter ido a alguns clubes e ter tido a sensação de voltar a 1982; era exatamente a mesma coisa. Você tem uma garotada de dezesseis, dezessete anos comprando discos que foram gravados há quinze anos atrás. É engraçado, você nunca vê os góticos na rua, mas eles sempre saem do esconderijo quando rola um show.

domingo, 26 de janeiro de 2014

Desenterrando a cena Death Rock de Nova York


Passaram-se mais de dez anos da ressurreição, auge e queda do fenômeno retrô do death rock, período em que meus zine Batzone e Junkeria Nefasta tiveram papel de correspondentes por aqui.
A "segunda morte" do Deathrock, ocorreu pelo simples fato gênero passar a ser assimilado pelo "goth establishment" (alicerçada pela geração internet) e passou a ser mais um produto das referências e clichês que, paradoxalmente, ele até então contestava.

Em 2012 a tão esquecida (ou melhor, ignorado, já que a atenção neste quesito foi sempre voltada à Califórnia) cena de Nova York foi lembrada em forma de LP - algo louvável já que boa parte destas bandas não tinha em vida lançado um único compacto. Dark New York (Gotham City's PostPunk, Goth, & Deathrock Bands 1983-1988) Vol. 1 (Black Scorpio Records) alguma forma sinalizou que estamos talvez no início de uma nova onda saudosista que agrada tanto esta ala punk das tendências góticas. Em seu set list: Scarecrow, surgido em 1983, gravou em seus cinco anos de vida apenas algumas demos, que no início dos anos 2000 foram postas para download gratuito no site Mp3.com. Caminho muito semelhante percorrido pelo Naked And The Dead. No caso desta banda, o seu único K7 gravado em 1985 não era apenas uma demo, e sim um EP oficial. Bem, Dark New York esgotou-se rapidamente, eu mesmo não consegui a minha - a falta de alerta de amigos não me faltou, mas só agora me dei conta o quanto este registro é importante dada à relevância discografia para estas bandas que em parte (Of A Mesh é único da lista que teve seu trabalho vertido em dois 12"; um em 1986 e outro no ano posterior) não chegaram a deixar nenhum lançamento em vinil. Outro motivo para adquirir esta peça é que ela te dá a oportunidade de perceber a diferença sonora entre as bandas "deathrock" das duas costas estadunidenses. As bandas de Nova York (formadas normalmente por fãs de Siouxsie, Bauhaus e de tudo que rolava dentro e em torno do club Danceteria que importou para seu palco nomes como Sex Gang Children, Malaria! e The Cult em sua primeira aparição pela América em 1984) estavam de fato mais antenadas ao que rolava na Inglaterra, Alemanha, França etc. por isso suas texturas - guitarras mais esparsas, cheias de efeitos e bateria tribal - estava alinhada ao que rolava do outro lado do oceano. Este intercambio ficou mais evidente quando a turnê americana Batcave (com Specimen e sua trupe) passou por Nova York e obviamente escolheu o Danceteria como endereço das suas performances. Se uma coletânea na época tivesse sido lançada naquela época como esta intenção póstuma, Nova York não fosse entendida, dentro do seu contexto pós-punk, apenas como berço da No Wave.  Sendo assim, aqui vale aquela máxima; “antes tarde do que nunca” e ainda bem que estamos vivos para desfrutar destes lançamentos.


É em Nova York também que hoje acolhe mais um selo muito interessante voltado pra coisas esquecidas, tanto antigas quanto novas apostas – o Sacred Bones Records tem como uma de suas pupilas a famosa Zola Jesus. A Sacred acabou de lançar uma coletânea que talvez ajudará a tornar a volta do rótulo "deathrock" uma realidade. Killed by Deathrock, Vol. 1 trás obscuridades (velharias) tanto americanas quanto velho continente ignoradas durante anos, porém, em minha opinião, apesar da qualidade indiscutível, não sei se são nomes mais indicados para contar a história do "estilo". No entanto a função dela seja contar na verdade esta história de outra forma, na contramão da narração "oficial" que omite sua grande e instigante complexidade. Esse volume é o começo de uma série que deve nos atrair bastante já que podemos confiar no gosto apurado de Caleb Braaten (fundador da Sacrad Bones) que, como um entusiasta “pós-punk”, é um exímio garimpeiro. Your Funeral, por exemplo, é uma pérola escondida, injustamente nunca citada nos anais da cena deathrock californiana. Essas garotas poderiam ser chamadas da versão feminina do Christian Death (em 1981/82), se o posto não fosse dado ao Voodoo Church. Elas lançaram apenas o compacto “I Wanna Be You” naquele maravilhoso 1982 que por coincidência ou não era o ano que o Christian Death lançava uma bomba sonora chamada Only Theatre of Pain e o Voodoo Church debutava com seu disputadíssimo 12” homônimo que merece com urgência uma reedição. O resto do set trás uma variedade de bandas até conhecida por quem está bem habituado com este universo funesto cuja elegância sempre esteve moldada pela atitude "do it youself".

sábado, 11 de janeiro de 2014

Hidden Madness - compilation

Ouvir estes sons não deixa de ser uma forma de refúgio (imaginário) deste calor insalubre e estranhamente comemorado por muitos. Hidden Madness trás velharias e coisas contemporâneas numa harmonia que só os toques gélidos e atemporais da cold/minimal wave é capaz de produzir.
 
 
 
  1. Soma Sema - Under Waves
  2. Bal Paré - In meiner Erinnerung
  3. Shock - R.E.R.B.
  4. Lebanon Hanover - Ice Cave
  5. Twilight Ritual - L'uomo Moderno
  6. Xeno & Oaklander - Nuit
  7. Shoc Corridor - A Blind Sign
  8. Sixth June - Come Closer
  9. EMAK 1 - Tanz In Den Himmel
  10. Tropic Of Cancer - A Color
  11. Twice A Man - Sorrow
  12. Adolphson & Falk - 5 E Avenyn
  13. Martial Canterel - Steele
  14. Gina X Performance - Waiting
  15. Martin Dupont - Your Passion
  16. Nocturnal Emissions - Don't Believe It's Over
*download*

Para quem não quer baixar, apenas escutar:
https://soundcloud.com/rod-heltir/hidden-madness-compilation
(desculpem, mas não eu consegui compartilhar o player diretamente aqui pois o site não está me dando a opção do código).