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sexta-feira, 22 de agosto de 2014

e assim nos ternemos atempoarais

 
Elegância é a arte de não se fazer notar, aliada ao cuidado sutil de se deixar distinguir.
(Paul  Valéry)

sábado, 14 de junho de 2014

Prova de que a palavra por vezes deforma totalidade do ser


Artaud, em todas as formas que exerce sua poética, busca a pre-sença em sua totalidade, ou seja, no movimento onde o ser se re-vela e se des-vela. Por isso — apesar da importância da linguagem em seu ser-no-mundo — renega a palavra do ente, a palavra dialogal que se presta ao papel de assessório da linguagem articulada. Na existencialidade, Artaud reivindica a palavra do Ser, a palavra-ser, a palavra-lugar, física e concreta, que se faz pre-sença, onde o pensamento possa expressar sem se tornar refém da linguagem meramente articulada, pois no mundo das representações, a linguagem em Artaud deve ser entendida como tudo aquilo que ocupa a cena e que pode se manifestar e exprimir materialmente numa cena e que — antes de tudo — se dirija aos sentidos, ao invés de se direcionar primeiro lugar ao espírito acostumado com a linguagem das palavras. Daí, o ser-no-mundo na possibilidade da substituição da poesia da linguagem por uma poesia do espaço que já não pertence estritamente às palavras, considerando que a poesia no espaço se dá como possibilidade de criar uma espécie de imagens materiais capazes de superar as imagens das palavras.
"Mas trata-se justamente de saber se a vida não é mais atingida por uma descorporização do pensamento com conservação de uma parcela de consciência num algures indefinível com uma estrita conservação do pensamento. Não se trata, contudo, de esse pensamento trabalhar no vazio, de cair na desrazão, trata-se sim de produzir-se, de lançar chamas, ainda que loucas. Trata-se de existir. (...) porque eu não chamo ter pensamento, ver corretamente, direi mesmo, pensar corretamente, para mim, ter pensamento é manter o seu pensamento, estar em estado de o manifestar a si próprio, de tal forma que ele possa responder a todas as circunstâncias do sentimento e da vida. Mas principalmente responder-se a si próprio[13].
Se a existência humana reside na possibilidade (ser-no-mundo) e não naquilo que foi dado (estar-lançado) significa que o homem tem a responsabilidade de se projetar para poder-ser e fazer da vida um projeto. E para que se realize a possibilidade deste ser-no-mundo como pre-sença, faz-se necessário ter a compreensão e a interpretação dos caracteres existenciais da abertura do ser-no-mundo.
Mas a compreensão e a interpretação aos caracteres existenciais da abertura do ser-no-mundo quando o ser-no mundo cotidiano se detém no modo de ser do impessoal, deve se dar com um propósito puramente ontológico para — mantendo-se distante da crítica moralizante da pre-sença, bem como de um discurso que se pretende uma "filosofia pura" — se abrir possibilidades de demonstrar o verdadeiro poder-ser da pre-sença. Porque toda compreensão traz em si a possibilidade de interpretação, o que significa uma apropriação daquilo que se compreende. Mas, considerando que as palavras não se prestam apenas ao papel de nomear as coisas, faz-se necessário uma hermenêutica para uma interpretação capaz de des-velar o sentido do Ser.
Devemos então considerar que, independentemente do projeto que o homem elege dentre as inúmeras possibilidades que se lhe abrem para a vida, uma se destaca como certamente realizável: a morte. A morte como a única experiência direta e vedada por princípio, considerando que esta experiência se apresenta apenas com a morte do outro. Mas é vivida como possibilidade existencial que cresce e amadurece à medida em que se vive.
É dizer que além de um ente que está-aí, lançado no mundo, o homem está lançado para a morte. É ser para a morte, para o nada que se apresenta como a possibilidade que define a existência.
Assim, daquilo que se pode chamar de existência autêntica, significa a consciência para a morte, não como uma eventualidade empírica, mas algo pelo qual a existência se define antes de qualquer coisa.

trecho extraído DAQUI

quarta-feira, 21 de março de 2012

a transformação dos consumidores em mercadorias

Numa enorme distorção e perversão da verdadeira substância da revolução consumista, a sociedade de consumidores é com muita freqüência representada como se estivesse centralizada em torno das relações entre o consumidor, firmemente estabelecido na condição de sujeito cartesiano, e a mercadoria, designada para o papel de objeto cartesiano, ainda que nessas representações o centro de gravidade do encontro sujeito-objeto seja transferido, de forma decisiva, da área da contemplação para a esfera da atividade. Quando se trata de atividade, o sujeito cartesiano pensante (que percebe, examina, compara, calcula, atribui relevância e torna inteligível) se depara – tal como ocorreu durante a contemplação – com uma multiplicidade de objetos espaciais (de percepção, exame, comparação, cálculo, atribuição de relevância, compreensão), mas agora também com a tarefa de lidar com eles: movimentá-los, apropriar-se deles, usá-los, descartá-los.

O grau de soberania em geral atribuído ao sujeito para narrar a atividade de consumo é questionado e posto em dúvida de modo incessante. Como Don Slater assinalou com precisão, o retrato dos consumidores pintado nas descrições eruditas da vida de consumo varia entre os extremos de “patetas e idiotas culturais” e “heróis da modernidade”. No primeiro pólo, os consumidores são representados como o oposto de agentes soberanos: ludibriados por promessas fraudulentas, atraídos, seduzidos, impelidos e manobrados de outras maneiras por pressões flagrantes ou sub-reptícias, embora invariavelmente poderosas. No outro extremo, o suposto retrato do consumidor encapsula todas as virtudes pelas quais a modernidade deseja ser louvada – como a racionalidade, a forte autonomia, a capacidade de autodefi nição e de auto-afi rmação violenta. Tais retratos representam um portador de “determinação e inteligência heróicas que podem transformar a natureza e a sociedade e submetê-las à autoridade dos desejos dos indivíduos, escolhidos livremente no plano privado”.

A questão, porém, é que em ambas as versões – quer sejam apresentados como patetas da publicidade ou heróicos praticantes do impulso autopropulsor para a autoridade – os consumidores são removidos e colocados fora do universo de seus potenciais objetos de consumo. Na maioria das descrições, o mundo formado e sustentado pela sociedade de consumidores fi ca claramente dividido entre as coisas a serem escolhidas e os que as escolhem; as mercadorias e seus consumidores: as coisas a serem consumidas e os seres humanos que as consomem. Contudo, a sociedade de consumidores é o que é precisamente por não ser nada desse tipo. O que a separa de outras espécies de sociedade é exatamente o embaçamento e, em última instância, a eliminação das divisões citadas acima.

Na sociedade de consumidores, ninguém pode se tornar sujeito sem primeiro virar mercadoria, e ninguém pode manter segura sua subjetividade sem reanimar, ressuscitar e recarregar de maneira perpétua as capacidades esperadas e exigidas de uma mercadoria vendável. A “subjetividade” do “sujeito”, e amaior parte daquilo que essa subjetividade possibilita ao sujeito
atingir, concentra-se num esforço sem fi m para ela própria se tornar, e permanecer, uma mercadoria vendável. A característica mais proeminente da sociedade de consumidores – ainda que cuidadosamente disfarçada e encoberta – é a transformação dos consumidores em mercadorias; ou antes, sua dissolução no mar de mercadorias em que, para citar aquela que talvez seja a mais citada entre as muitas sugestões citáveis de Georg Simmel, os diferentes significados das coisas, “e portanto as próprias coisas, são vivenciados como imateriais”, aparecendo “num tom uniformemente monótono e cinzento” – enquanto tudo “flutua com igual gravidade específica na corrente constante do dinheiro”. A tarefa dos consumidores, e o principal motivo que os estimula a se engajar numa incessante atividade de consumo, é sair dessa invisibilidade e imaterialidade cinza e monótona, destacandose da massa de objetos indistinguíveis “que flutuam com igual gravidade específica” e assim captar o olhar dos consumidores (blasé!)...
(trecho do livro: A Vida Para o Consumo - A Transformação das Pessoas em Mercadorias de Zymunt Bauman)

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

tetine

Concordo com a tese evolutiva e filosófica que diz a forma de qualquer organismo representa a sua vontade. Logo que me deparei com isso lembrei-me porque uma vaca leiteira dedica tantos litros (amor) a sua prole...O que seria essas mulheres de seios artificialmente avantajados? Apenas objetos masturbatórios, de nível que se rasteja a lama por atenção....A falta de feminilidade era algo que as marcavam antes mesmo de seu novo adorno, já que era preciso, mesmo antes do silicone, um belo enxerto de massa encefálica.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Revoluções: uma política do sensível


O seminário trabalhará com a relação entre estética, política e história. Não no sentido estrito da propagação das posições de engajamento político dos artistas, mas no da produção de uma política do sensível (ou de uma “partilha do sensível”, para usarmos a expressão cunhada pelo filósofo francês Jacques Rancière).

A idéia de uma política do sensível opera como uma abertura ética, presente em uma obra de arte, que rompe com os lugares-comuns do cotidiano, esvaziado pelo espetáculo dos meios de comunicação em massa. Ao recolher criticamente a tradição revolucionária esquecida, os artistas criam as condições que permitem a produção de novos sentidos comuns, ativos e críticos. Assim, as clássicas revoluções sociais, antes vistas como questões datadas, esvaziadas de sua efetividade política, ganham força novamente.
Local: Teatro Paulo Autran - SESC-Pinheiros - Rua Paes Leme, 195 - Pinheiros/SP


O Projeto Revoluções é uma realização do Instituto de Tecnologia Social - ITS BRASIL, da Secretaria Nacional de Direitos Humanos da Presidência da República, do SESC-SP e da Boitempo Editorial.

Para inscrições e mais informações, clique aqui