Mostrando postagens com marcador Valor Kand. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Valor Kand. Mostrar todas as postagens
sexta-feira, 9 de outubro de 2015
Christian Death - pecado e sacrifício - part II
Não haverá história mais difícil de contar do que a do Christian Death. Existem muitas incertezas com relação a alguns fatos que sempre foram apresentados como verídicos, pelo meio existem histórias cruzadas de amores, traições e ódios. O Christian Death chegou a ser duas bandas distintas ao mesmo tempo em continentes diferentes e a editar discos sob o mesmo nome, tal deve-se a duas pessoas: Rozz Williams e Valor Kand.
Esta é a minha versão bem resumida dos fatos. Como admirador sem idolatrar nenhum dos líderes, nem menosprezar o outro (claro que, muitas vezes, Valor nos tira boas risadas), ambos deram a sua contribuição para o projeto, cada qual à sua maneira e dentro das suas limitações.
Fundado em 1979, por Rozz Williams (nascido Roger Allan Painter – criado num berço batista), o Christian Death assumiu desde logo um papel de liderança e inovação na cena alternativa da costa oeste americana. O punk estava, como na Europa, em pleno declínio. O hardcore veio para dar mais aquela acentuada ao discurso. Era possível colocar o dedo na ferida com mais pressão levantando o tom contra as instituições conservadoras. A banda ao invés de dar mais peso ao som decidiu seguir um caminho mais mais experimental, sombrio e sua imagem andrógina era uma afronta até aos entusiastas mais radicais (era muito comum Rozz ser agredido durante os shows por punks, skinheads etc). Que eu me lembre, não surgiu depois deles nenhum nome na chamada "música gótica" que tenha tanta força e misticismo, fato que fez legado nunca parar de crescer.
Em 1982 foi editado o seu primeiro álbum, “Only Theatre of Pain”, uma obra prima do gênero ainda hoje classificado como um dos melhores documentos do subgênero batizado pelo próprio Rozz de “deathrock”. Por esta altura ele contava com os parceiros Rikk Agnew (guitarra, no lugar de John “Jay” Albert, vindo do lendário Adolecensts), George Balanger (bateria) e James McGeartly (baixo). Além destes, disco contou com os backing vocals de Ron Athey e Eva O., também protagonistas dos acontecimentos mais bizarros das sessões movidas a speedy e outros aditivos.
Um registro sublime de Rozz, com temas como "Cavity - First Communion", "Romeo's Distress" e "Spiritual Cramp" que levaram rapidamente o Christian Death ao sucesso e desde o logo se firmaram como "farol de almas danadas". Um misto de satanismo (... Satan is by far the kindest guest...) e romantismo, algo de muito belo e poderoso, mas ao mesmo tempo infame e surrealista, “Only Theatre of Pain” é um disco que talvez classificasse nos 10 melhores discos alternativos da década de 1980. Mas, devido ao uso abusivo de drogas, começam as confusões que iriam acompanhar para sempre a banda e, sobretudo o seu líder. Rikk e Balanger são os primeiros a debandar, sendo substituídos por Eva O. (guitarra) e Rod China (bateria).
O grupo finalmente extinguiu-se com a saída de todos os músicos que acompanhavam Rozz e este acaba por aceitar o convite de um editor francês (Yan Farcy, dono da L'Invitation Au Suicide,) mudando-se para Paris na companhia de Valor Kand (guitarra/vocais), Gitane Demone (teclados/vocais) e David Glass (bateria), todos originários de uma banda chamada Pompeii 99 (que estava prevista acompanhar o Christian Death na sua excursão pela Europa quando subitamente se desfez). A baixista Constance Smith é escalada para completar o line-up.
Em 1984, e já sobre a mágica influência de Paris, sai “Catastrophe Ballet” (gravado no País de Gales, no lendário Rockfield Studio onde já tinham passado Bauhaus, The Cult etc). A banda muda ligeiramente de rumo; abandona a sonoridade “punk” de “Only Theatre of Pain” (que tanto agrada) deixando também de lado um pouco do seu ódio à religião e adota um estilo mais melódico, mesmo frágil comparado com a agressividade do seu antecessor. O resultado é, no entanto, igualmente brilhante. Seguiu-se uma breve turnê pela Europa para a promoção do disco. Contance abandona o barco dias depois do inicio da excursão, sendo substituída pelo ilustre Dave Roberts (Sex Gang Children), que conheceram no club Batcave, único local onde a banda tocou em sua rápida passagem por Londres.
No ano seguinte e de volta a Los Angeles, o Christian Death edita “Ashes”, um álbum que ficaria como legado mais expressivo da união entre Rozz e Valor (e onde aparece pela primeira vez Sevan Kand, filho de Valor e Gitane, que contribuiu com um choro numa das faixas). Curiosamente a banda apenas fez uma aparição após o lançamento; uma performance chamada The Path Of Sorrrows (contava com o show da banda, happening e um banquete). Rozz Williams decide então abandonar o projeto tento ficado claro (ao que se diz, embora eu tenha algumas dúvidas) que Valor e Gitane seguiriam para Europa previsto para prosseguir com a divulgação do trabalho, como condição eles mudariam o nome da banda para For Sin And Sacrifice Must We Die A Christian Death e apenas usariam material no qual tinham trabalhado.
Ao contrário do acordo, Valor decidiu apodera-se do projeto por completo. Chegou à Europa e não só não mudou o nome da banda como inclusive tocavam temas de “Only Theatre of Pain” nos shows, um álbum todo feito por Rozz que nada tinha a ver com ele uma vez quem nem sequer se conheciam na altura. Alguns fãs ficaram confusos com a situação e dividiram-se. De um lado os seguidores de Rozz acusavam Valor de traição chegando mesmo a por em causa as suas qualidade de músico e duvidando de sua devoção à “causa gótica” (ele sempre esteve mais inclinado ao heavy metal) e para muitos o Christian Death morrera ali. Por outro lado, ouve aqueles que nem sequer perceberam o que realmente havia acontecido, ou mesmo admitiram ter sido um ganho para o projeto a passagem de Valor para dono e senhor do mesmo. Julgo que ambos os casos terão suas razões (há sempre duas verdades, pelo menos).
Não terá sido o fim da banda. Nem Valor será um completo traidor (o acordo de usar o nome ficaria acertado por contrato entre em ele, Rozz e Gitane), mas também não chegará à generalidade de Rozz. Visto por qualquer fã mais recente toda a situação não poderá deixar de parecer no mínimo caricata; a banda nasce, lança um álbum e muda todos os músicos à exceção do seu líder que mais tarde acaba por ser quase “expulso” por um guitarrista e sua esposa que a ele se junta para preencher a saída dos músicos iniciais. Bizarro, no mínimo.
Apesar disso, o primeiro disco saído da nova realidade do Christian Death, “The Wind Kissed Pictures” (EP), seria lançado na Itália sob o nome de The Sin and Sacrifice of Christian Death, mas logo depois “Atrocities” (1986) já seria novamente editado sob o nome de Christian Death. Neste disco, Valor conta com a contribuição do guitarrista Barry “Bari-Bari” Galvin (futuro Mephisto Walz), responsável por boa parte da base harmônica do disco. Rozz, entretanto, seguia seus projetos paralelos, sobretudo o Premature Ejaculation (reformulado com Chuck Collision), ligado mais experimentações, colagens sonoras e perfomance, bem como o Heltir e Shadow Project que eram alvo de maior atenção de sua parte.
Por seu lado, Valor continuava a perpetuar a infâmia do Christian Death através de um novo registro – “The Scripiture (A Translation of World Belief’s by Valor)” (1987), onde trás sua versão da bíblia e outros textos sagrados. Não deixa de ser um bom disco, que trás as primeiras incursões “metaleiras mezzo pop” do músico que investe em refrões fáceis como em “Sick of Love”. “1983”, cantada por Gitane, é uma das mais belas covers de Jimi Hendrix feitas até hoje.
Ficaria clara a intenção da banda em alcançar um publico maior que não se restringisse ao que definira como Christian Death Society (grupo de fãs e pessoas que compartilhavam dos mesmos ideais, um deles absurdos como a profecia de Nostradamus que previa o fim do mundo em 1999 e que os obrigaria a um êxodo para o Pólo Norte). O clipe do single “Church of No Return” chega a ser exibido em alguns programas de TV. De uma pequena banda de garagem de Pomona, o nome Christian Death ficaria associada a um punhado de referencias e imagens constrangedoras, tanto no seu apelo vulgar (blasfêmias com apelos sexuais desnecessárias) quanto ao gosto pra lá de duvidoso do Sr. Valor Kand que causa quase sempre ondas fortes de vergonha alheia com seu estilo Cigano/Luis Caldas. As outras investidas em clipes é um verdadeiro desfile de mau gosto e amadorismo.
Por fim em 1988 seria editado “Sex & Drugs & Jesus Christ”, o ultimo disco que contaria com a participação de Gitane Demone e que seria o mais polêmico (e com maior êxito comercial) de todos os trabalhos até então apresentados. Desde logo a capa, a meu ver a melhor produzida por esta encarnação, foi imediatamente censurada por ser demasiada ofensiva. Depois, toda a estrutura musical do disco mereceu forte criticas por parte de alguns “profissionais” da música, acusando Valor de um primarismo aberrante e Gitane de uma colocação de voz no mínimo irrisória. Embora eu não concorde com toda a crítica (há sim uma produção meio tosca, mas não sei afirmar se foi proposital), julgo mesmo que se trata de um dos melhores trabalhos do Christian Death (Valor).
Estávamos, pois, em 1990. Valor depois do lançamento de “Sex & Drugs & Jesus Christ” fez uma pequena pausa. A italiana Contempo lança”Insanus, Ultio, Proditio, Misericordiaque”, coletânea de outtakes, entre eles “Infans Vexatio”, uma versão retrabalhada de “Lullaby" (musica de 1984), cantada por Rozz. Daí, surgiram as especulações de uma reunião. Na verdade apenas a sua base instrumental fora regravada e os vocais originais foram mantidos com alguns efeitos; é uma peça meio “bluesy”, bem diferente da pegada do restante do repertorio que compõe o álbum “Catastrophe Ballet”.
Adverso a qualquer reconciliação com Valor, Rozz, por sua vez, cedera ao convite de um selo para reformular o Christian Death. Confuso? Ele junta-se de novo com Rikk Agnew (guitarra), Eva O (backing vocal), Casey (baixo) e Cujo (bateria) para uma serie de apresentações nos buracos mais podres dos EUA e Canadá. Essa digressão terminaria no ano seguinte seria imortalizada no cd “Sleepless Night: Live in 1990”, seguindo-se de “The Iron Mask” (1992), álbum que trás releituras de músicas antigas, inusitadamente lançado também em LP (lá fora, até então só tinham versões em cd) no Brasil pelo pequeno selo Bullet Records. Rozz acaba declarando que este disco foi um erro por não gostar da sua sonoridade, tendo decidido que os seguintes registros iriam pegar exatamente onde tinha deixado a banda alguns anos antes, por altura de”Ashes”. O contrato com a Cleopatra fora firmado um pouco antes deste lançamento com o solo “Every King A Bastard Son” – um disco perturbador de spoken words.
Assim, em 1993 seria editado “The Path Of Sorrows”, descrito por Rozz como sendo seu disco favorito do Christian Death. E o mesmo tempo veria luz também “The Rage Of Angels” que, embora tenha sido fruto das mesmas sessões de estúdio e sobras de material do Shadow Project, soaria diferente do seu irmão gêmeo, sendo mais agressivo. Rozz fez menção de afirmar que era o mais pesado documento desde “Only Theatre Of Pain”. Depois destes trabalhos, Rozz prosseguiria com os seus projetos paralelos.
Por seu lado, Valor tinha feito algo parecido quatro anos antes, lançando simultaneamente os álbuns “All The Love” e “All The Hate”, que contavam com a participação do guitarrista Nick The Bastard e do seu filho Savan Kand (com oito anos na época), presente na faixa “I Hate You”.
Ainda em 1993, Rozz, entretanto, faria um novo concerto alguns membros da formação original que ficaria registrado no álbum “Iconologia” (Triple X) e no VHS “Live” (Cleopatra). Este concerto é marcado por várias controvérsias como a prisão de Rozz no dia anterior por posse de heroína e a briga com Rikk Agnew que abandona a banda antes do fim do show, sendo substituído pelo seu irmão Frank Agnew, que toca o restante do set atrás do palco.
Em 1994 segue o lançamento do seu EP “Shrine”, do projeto Daucus Karota – um híbrido de proto-punk e glam rock. Neste mesmo ano, através de Nico B (diretor do curta Pig) Rozz voltaria a reencontrar Gitane Demone. Desta reunião nasceria o álbum “Dream Home Heartache”, com seu estilo “cabaret decadence”. Paralelamente Valor reformaria seu Christian Death e lançaria depois um hiato o álbum “Sexy Death God”, seguido do ao vivo duplo “Amen”, discos já contavam com a parceria da baixista Maitri.
Em 1997 saiu o ultimo álbum de estúdio de Rozz Williams, o semi-acústico “From The Heart”, novamente com sua companheira de sempre Eva O, no Shadow Project, desta vez sem a colaboração de Paris. Muito pobre e doente Rozz cometeria suicídio no dia primeiro de abril de 1998, em seu apartamento em West Hollywood.
Deste modo Valor torna-se o dono absoluto e legal do nome Christian Death, para insatisfação de uns e agrado dos mais devotos. Num jogo de erros e acertos, fica claro que os equívocos, talvez propositais, mantém vivo o que chamo de idéia, e não propriamente uma banda. Embora seja muito distante e destina do grupo original, não há outra maneira de classificá-la a não ser por este nome. Faz parte da saga...
sábado, 26 de abril de 2014
Christian Death & Rozz news # 2
Depois de uma curta tour em outubro do ano passado, Valor Kand está prestes a lançar um álbum de inéditas. Há uma grande expectativa por parte de seus fãs que não consomem material novo desde 2007, quando American Inquisition saiu. Intitulado The Root of All Evilution deve seguir a mesma linha do último trabalho; pelo menos é o que se pode sentir ouvindo as músicas "The Selfish Gene" e "You Can't Give it Back", executadas em suas recentes apresentações. Embalados com o fôlego deste material fresco, a banda anunciou para maio a excursão européia de comemoração dos 30 anos do álbum Catastrophe Ballet que será tocado na integra, além de outras músicas. Estas apresentações também contará com a exibição do documentário What Jesus Looked Like dirigido por Darryl Hell, o mesmo de Behind The Mask do Death in June. What Jesus Looked Like (que tem lançamento em DVD previsto para junho, pelo selo Furnance Records) é resultado de uma longa conversa que Darryl teve com o Christian Death, "depois diversas" doses de vinho. Com esta "gestação" etílica, o vídeo deverá ter um ar bem confessional a ponto de colocar a limpo muitas as polêmicas em que a banda esteve envolvida, incluindo, talvez, a saída e briga com de Rozz Williams e todos os argumentos sobre os direitos sobre o nome "Christian Death". Mesmo que você não goste de Valor, parece ser algo imperdível.
Enquanto Rozz continua sua (dolorida, porém inspiradora para ele) caminhada pelo "vale dos suicidas", os seus lançamento póstumos não param de pipocar. Mês passado, em meio ao festejo do dia do disco de vinil, a Frontier Records lançou um 7" do Christian Death original com capa gate-fold trazendo fotos inéditas da banda tiradas pelo lendário Edward Colver, um cara que documentou como ninguém a cena punk da Califórnia do final dos anos de 1970 e começo dos 80's. Edward foi o fotógrafo que mais clicou o Christian Death em sua fase áurea (1981/82, incluindo as sessões para o encarte do álbum Only Theatre of Pain). Com o título de The Edward Colver Edition, o compacto trás as músicas "Cavity - First Communion (Alternative Version)" e "The Lord's Prayer" registradas em vinil branco. Contando com uma edição de 2.500 cópias, trás, além das belas fotos que ilustram a capa, também um poster, o que torna este item obrigatório ao fãs mais devotos.
Janeiro de 2012 foi a data do ultimo (re)lançamento do Premature Ejaculation pela série "The Lost Recordings". Sem responder os meus e-mails, existe a especulação que o selo esteja passando por apuros ou que os organizadores da série tenha brigado (sem contar a possibilidade de que a família de Rozz estar na disputa da detenção destas obras). Eu ainda não perdi as esperanças de que um dia isso desemperre de vez e que possamos incluir mais material do Premature em nossa coleção. Esta esperança reacendeu quando tive a notícia do relançamento do álbum Death Cultures I pelo pequeno selo italiano Looney-Tick Productions, especializado em coisas estranhas e experimentais. Lançado originalmente em fita K7 no ano de 1987, Death Culture I foi o primeiro trabalho da segunda encarnação do Premature Ejaculation que contava com Chuck Collision no lugar de Ron Athey. Depois do lançamento do segundo e consagrado álbum Assertive Discipline (trabalho do projeto que mais ganhou diferentes edições - K7, LP e CD), Death Culture ganhou em 1988 duas sequencias que fechavam a trilogia (Death Cultures II e III). Seguindo a roupagem meio "caseira" iniciada pela Malaise Music, Death Culture I sairá no dia 9 de maio numa edição limitadíssima de 100 cópias em cd-r, remasterizado e com a capa diferente da original em formato digipack.
sábado, 26 de outubro de 2013
Christian Death & Rozz news
No dia 13 de outubro Valor Kand encerrou um giro pelos EUA e Canadá. O seu Christian Death apresentou basicamente o mesmo show (set list, estética de palco etc) American Inquisition tour. Curiosidade: as músicas mais tocadas naquela época foram compostas por Rozz; "Sleepwalk", "This Glass House" e "Cavity". Penso que esta mini turnê foi um aquecimento (ou algo do tipo “não esqueçam da gente, estamos vivos”) para um novo álbum que deve ser lançando em breve. Pelo que andei lendo de comentários no youtube ou em reviews, o público (leia-se os fãs, já que a banda não anda lotando tantos clubs assim) reagiu bem a seus shows. Durante estas apresentações, a executou uma música inédita chamada "The Selfish Gene" que provavelmente fará parte deste trabalho de estúdio. Eu não a escutei ainda, mas acredito que não deva deve sair do habitual “death-goth-metal” desta encarnação cuja a concepção visual é um tanto duvidosa.
Em novembro agora Rozz faria 50 anos de idade. Enquanto a
Malaise Musica não se manifesta sobre a interrupção da série Lost
Recordings do Premature Ejaculation, a Cult Music (o braço musical da Cult Films
de Nico B, que relançou há poucos meses a versão blue-ray do curta-metragem Pig com subtítulo 1334 em embalagem deluxe)
anunciou para o próximo mês um disco com gravações ao vivo raras feitas na Bélgica
(em Waregem e Brugge, entre 1993 e 94), Los Angeles em 1997 (em uma das ultimas
aparições do artista). Sleeping Dogs sairá tanto em vinil (duplo com capa
gatefold) quanto em cd (este formato sairá apenas nos EUA e distribuído pela Entertainment
One) em edição limitadíssima. Para cada formato haverá uma capa diferente,
sendo que no vinil há três versões do bolachão; uma com vinil preto (prensagem de 300 cópias),
mármore (100 copias) e rajada (100 copias). No cd (da qual a capa é uma máscara
mortuária) há uma versão alternate de "Nostalgia". Para fãs colecionadores, eu aconselho
adquirir estas peças logo, pois assim que foram anunciadas as pré-vendas elas se esgotaram rapidamente em algumas lojas virtuais.
LP tracks:
Side A: Time / Nostalgia / Bruised / Dodo / Kill Your Suns
Side B: Hold Me Down / Flowers / The Doll
Side C: World Inside / Hall of Mirrors / 2nd Step / Sunken Rex
Side D: Moonage Daydream / Raw Power
CD tracks:
01 Time
02 Nostalgia
03 Bruised
04 Flowers
05 Dodo
06 Kill Your Suns
07 Hold Me Down
08 The Doll
09 World Inside
10 Hall of Mirrors
11 2nd Step
12 Sunken Rex
Bonus: 1
13 Nostalgia (Alternate Version)
LP tracks:
Side A: Time / Nostalgia / Bruised / Dodo / Kill Your Suns
Side B: Hold Me Down / Flowers / The Doll
Side C: World Inside / Hall of Mirrors / 2nd Step / Sunken Rex
Side D: Moonage Daydream / Raw Power
CD tracks:
01 Time
02 Nostalgia
03 Bruised
04 Flowers
05 Dodo
06 Kill Your Suns
07 Hold Me Down
08 The Doll
09 World Inside
10 Hall of Mirrors
11 2nd Step
12 Sunken Rex
Bonus: 1
13 Nostalgia (Alternate Version)
domingo, 29 de julho de 2012
Christian Death - "Death Box" (boxset - 5 Cds + Dvd)
Valor Kand "adormece" mais uma vez; seu site continua anunciando seu último
álbum American Inquisition (2007), disco que resultou numa extensa tour, que passou
inclusive por São Paulo. Sabe-se que esses hiatos, que alguma polêmica (qual?) está por vir. Na época em que American Inquisition foi editado, tudo
parecia ir bem (mesmo a crítica pegou leve com o músico) até que o orgulho de
Valor fosse ferido quando Eva O., Rikk Agnew e James McGearty reuniram-se sub
o nome de Christian Dearh 1334, rendendo trocas de farpas pesadas via Myspace - cada lado reivindicando,
de forma infantil e radical, a autenticidade de seus respectivos projetos. Por mais
que parecessem "boas" as intenções de Eva e cia (essa ala com mais afinidade a formação
original da banda), isso me pareceu também um duro golpe a memória de Rozz. Mesmo com aspecto de banda tributo, o Christian Dearh 1334, no entanto, parecia ser tão
ilegítima (ou mais) e constrangedora que a versão da banda que sobrevive até
hoje na tutela de Kand.
Baixada a poeira deste episódio, Valor, como numa demonstração de "dono do pedaço", anunciou o relançamento de parte de sua discografia e videografia pelo selo franco-americano Season Of Mist (especializado em metal, responsável por Americam Inquisition). A partir disso renasceram em 2009 Catastrophe Ballet (1984) e Ashes (1985), mais uma vez em reedições maculadas, contendo músicas "inéditas" (porém com arranjos novos) que Valor dizia ser cantadas/escritas por Rozz. Basta ouvir e conferir a tamanha farsa. Até hoje se espera os outros títulos ganhem um acabamento melhor (o próximo seria ou será The Wind Kissed Pictures seguido de Atrocities), já que os que o reprensagem da Candlelight deixaram muito a desejar, a começar pelas capas alteradas, dignas de mau gosto. Tudo leva a crer que o atraso desta investida é resultado de alguma indisposição de Valor com a Season Of Mist ou da própria falta de liberação dos selos que detém parte dos direitos. A série de reedição ficou estacionada nestes dois títulos, deixando no ar se isso não passou de uma mera oportunidade de destilar seu senso provocativo em relação a Rozz.
A enxurrada de criticas com relação a deturpação destes álbuns clássicos veio a tona, como já havia ocorrido em outros momentos. Kand não se pronunciou e seu o silêncio ainda prevalece...Como de prache, na sua ausência, eis que a Cleopatra decidiu dar a luz mais uma vez alguns trabalhos de Rozz Williams, quando este fazia parte de seu cast entre os idos de 1992 e 1994...De material inédito não há nada neste boxset - com exceção a algumas fotos do seu encarte (parte do acervo pessoal de Eva O.). Posso dizer que existe certa incoerência na seleção e na compilação de alguns destes cds, como por exemplo combinar num cd os álbuns The Iron Mask e um raro EP do Shadow Project (editado em mil exemplares, contendo as suas primeiras demos), ou o "official bootleg" Sleepless Nights com álbum solo Everyking A Bastard Son.
Mas no fim dá pra se perdoar alguns equivocos porque é uma bela amostra dos ofícios de um artista
talentoso que, mesmo multifacetado, permitia aos ouvidos mais atentos encontrar pontos de convergência nas sonoridades mais variadas - do deathrock, passando por versos desesperados do seu spoken words a momentos mais dançantes dos remixes assinados por bandas de industrial/EBM. Fica mais uma vez evidente nesta homenagem póstuma que o nome "Christian Death" tenha sido usado mais uma por ser comercialmente mais viável (poucos sabem mas The Path of Sorrow e The Rage of Angels são praticamente sobras de estúdio do Shadow Project, da época do Dreams For The Dying).
Parte destes discos (ou todos) apresentados nesta caixa já estavam fora de catálogo há um bom tempo, o que torna mais especial a sua aquisição. Não ainda sei se as músicas foram remasterizadas, pois é há poucos artigos sobre a Death Box, que faz a gente arriscar a pensar que trata-se de uma edição quase clandestina como já havia sido feita a pouco tempo com algumas prensagens recentes em vinil da própria Cleopatra. São 4 cds e um dvd (com aquele famoso show de reunião de 1993, lançado originalmente em audio depois em VHS, posteriormente em dvd). Coisa de colecionador e nada mais...Então, para aqueles que sentirão que a coleção ficará incompleta sem eles, é pegar ou largar.
DISC 1
THE IRON MASK (1992) 1. Spiritual Cramp 2. Sleepwalk 3. Skeleton Kiss 4. Figurative Theatre 5. Desperate Hell 6. Deathwish 7. The Luxury Of Tears 8. Cervix Couch 9. Skeleton Kiss (Death Mix) 10. Down In The Park (Live) KISS EP (1992) 11. Spiritual Cramp – Sacrifice (Extended Version) 12. Skeleton Kiss (Fright Mix) 13. Skeleton Kiss (Alternate Death Mix) 14. Resurrection – 6th Communion (Live) THE ORIGINAL SHADOW PROJECT EP (1990) 15. When The Heart Breaks 16. Working On Beyond 17. Lying Deep 18. Holy Hell 19. Death Plays His Role 20. Penny In The Bucket
DISC 2
THE PATH OF SORROWS (1993) 1. Psalm (Maggot’s Lair) 2. The Path Of Sorrows 3. Hour Of The Wolf 4. In Absentia 5. Mother 6. The Angels (Cruciform) 7. Book Of Lies 8. A Widow’s Dream 9. Easter (In The Tombs) 10. Venus In Furs INVOCATIONS [STUDIO TRACKS] 11. Sleepwalk (Original Version) [1983] 12. Invocation III (1983) 13. Haloes (1985) 14. Spectre (Love Is Dead) [1985]
DISC 3
THE RAGE OF ANGELS (1994) 1. Trust (The Sacred And Unclean) 2. Lost Minds 3. Still Born / Still Life Part I (for Jeffery Dahmer) (with love) 4. Sex 5. HER Only sIN 6. Bad Year 7. Torch Song 8. Still Born / Still Life, Part II (The Unknown Men) 9. Procession 10. Panic In Detroit (For John Anderson) DEATH IN DETROIT (1995) 11. Panic In Detroit (Numb Remix) 12. Panic In Detroit 1.1 [Whatever] (Rosetta Stone Remix) 13. Figurative Theater (Die Krupps Remix) 14. Panic In Detroit [Turning In His Grave] (Spahn Ranch Remix) 15. Venus In Furs (Leæther Strip Remix) 16. Skeleton Kiss (Noise Box Remix) 17. Panic In Detroit (Zero Gravity Remix) 18. Spiritual Cramp (Symptom Reversal)
DISC 4
DEATH MIX (1996) 1. Deathwish (Wishful Death Mix) [Birmingham 6] 2. The Angels (Cruciform) [The Zend-Avesta Mix] [Laibach] 3. Cervix Couch (One By One) [Spahn Ranch] 4. Book Of Lies (Seven Mix) [Bigod 20] 5. Spiritual Cramp (Electric Hellfire Club Mix) 6. Death In Detroit (Disassembled) [Front Line Assembly] 7. Figurative Theatre (Extended Version) [Die Krupps] 8. Sleepwalk (Hypnotic Remix) [Lights Of Euphoria] 9. Figurative Theatre (Klute Version) 10. Desperate Hell (Digital Poodle Mix) 11. Still Born / Still Life (Dahmer’s Dead Remix) 12. Mother (Forgiveness Mix) [Controlled Bleeding] 13. Lost Minds (THD Remix)
DISC 5
SLEEPLESS NIGHTS – LIVE (1990) 1. Cavity – 1st Communion 2. Figurative Theatre 3. Burnt Offerings 4. Dodo 5. Mysterium Iniquitatis 6. Dream For Mother 7. Stairs (Uncertain Journey) / Trials 8. Spiritual Cramp 9. Romeo’s Distress 10. Resurrection – 6th Communion 11. Deathwish 12. Sleepwalk EVERY KING A BASTARD SON (1992) 13. Whorse 14. Mind Fuck (Soundtrack To A Murder) 15. The Beast (Invocation) 16. Currents 17. To He Who Shall Come After (Mystic Fragments) 18. The Evil Ones 19. No Soldier (Cloak Of Shit)
DISC 6:
DVD – LIVE IN LOS ANGELES (1993) 1. Excommunicamus 2. Cavity – 1st Communion 3. Figurative Theatre 4. Cry Baby 5. Dream For Mother 6. Deathwish 7. Some Men / The Other 8. Mysterium Iniquitatis 9. Stairs (Uncertain Journey) 10. Spiritual Cramp 11. Resurrection – 6th Communion 12. Sleepwalk 13. Romeo s Distress 14. Dogs
Baixada a poeira deste episódio, Valor, como numa demonstração de "dono do pedaço", anunciou o relançamento de parte de sua discografia e videografia pelo selo franco-americano Season Of Mist (especializado em metal, responsável por Americam Inquisition). A partir disso renasceram em 2009 Catastrophe Ballet (1984) e Ashes (1985), mais uma vez em reedições maculadas, contendo músicas "inéditas" (porém com arranjos novos) que Valor dizia ser cantadas/escritas por Rozz. Basta ouvir e conferir a tamanha farsa. Até hoje se espera os outros títulos ganhem um acabamento melhor (o próximo seria ou será The Wind Kissed Pictures seguido de Atrocities), já que os que o reprensagem da Candlelight deixaram muito a desejar, a começar pelas capas alteradas, dignas de mau gosto. Tudo leva a crer que o atraso desta investida é resultado de alguma indisposição de Valor com a Season Of Mist ou da própria falta de liberação dos selos que detém parte dos direitos. A série de reedição ficou estacionada nestes dois títulos, deixando no ar se isso não passou de uma mera oportunidade de destilar seu senso provocativo em relação a Rozz.
A enxurrada de criticas com relação a deturpação destes álbuns clássicos veio a tona, como já havia ocorrido em outros momentos. Kand não se pronunciou e seu o silêncio ainda prevalece...Como de prache, na sua ausência, eis que a Cleopatra decidiu dar a luz mais uma vez alguns trabalhos de Rozz Williams, quando este fazia parte de seu cast entre os idos de 1992 e 1994...De material inédito não há nada neste boxset - com exceção a algumas fotos do seu encarte (parte do acervo pessoal de Eva O.). Posso dizer que existe certa incoerência na seleção e na compilação de alguns destes cds, como por exemplo combinar num cd os álbuns The Iron Mask e um raro EP do Shadow Project (editado em mil exemplares, contendo as suas primeiras demos), ou o "official bootleg" Sleepless Nights com álbum solo Everyking A Bastard Son.
Parte destes discos (ou todos) apresentados nesta caixa já estavam fora de catálogo há um bom tempo, o que torna mais especial a sua aquisição. Não ainda sei se as músicas foram remasterizadas, pois é há poucos artigos sobre a Death Box, que faz a gente arriscar a pensar que trata-se de uma edição quase clandestina como já havia sido feita a pouco tempo com algumas prensagens recentes em vinil da própria Cleopatra. São 4 cds e um dvd (com aquele famoso show de reunião de 1993, lançado originalmente em audio depois em VHS, posteriormente em dvd). Coisa de colecionador e nada mais...Então, para aqueles que sentirão que a coleção ficará incompleta sem eles, é pegar ou largar.
DISC 1
THE IRON MASK (1992) 1. Spiritual Cramp 2. Sleepwalk 3. Skeleton Kiss 4. Figurative Theatre 5. Desperate Hell 6. Deathwish 7. The Luxury Of Tears 8. Cervix Couch 9. Skeleton Kiss (Death Mix) 10. Down In The Park (Live) KISS EP (1992) 11. Spiritual Cramp – Sacrifice (Extended Version) 12. Skeleton Kiss (Fright Mix) 13. Skeleton Kiss (Alternate Death Mix) 14. Resurrection – 6th Communion (Live) THE ORIGINAL SHADOW PROJECT EP (1990) 15. When The Heart Breaks 16. Working On Beyond 17. Lying Deep 18. Holy Hell 19. Death Plays His Role 20. Penny In The Bucket
DISC 2
THE PATH OF SORROWS (1993) 1. Psalm (Maggot’s Lair) 2. The Path Of Sorrows 3. Hour Of The Wolf 4. In Absentia 5. Mother 6. The Angels (Cruciform) 7. Book Of Lies 8. A Widow’s Dream 9. Easter (In The Tombs) 10. Venus In Furs INVOCATIONS [STUDIO TRACKS] 11. Sleepwalk (Original Version) [1983] 12. Invocation III (1983) 13. Haloes (1985) 14. Spectre (Love Is Dead) [1985]
DISC 3
THE RAGE OF ANGELS (1994) 1. Trust (The Sacred And Unclean) 2. Lost Minds 3. Still Born / Still Life Part I (for Jeffery Dahmer) (with love) 4. Sex 5. HER Only sIN 6. Bad Year 7. Torch Song 8. Still Born / Still Life, Part II (The Unknown Men) 9. Procession 10. Panic In Detroit (For John Anderson) DEATH IN DETROIT (1995) 11. Panic In Detroit (Numb Remix) 12. Panic In Detroit 1.1 [Whatever] (Rosetta Stone Remix) 13. Figurative Theater (Die Krupps Remix) 14. Panic In Detroit [Turning In His Grave] (Spahn Ranch Remix) 15. Venus In Furs (Leæther Strip Remix) 16. Skeleton Kiss (Noise Box Remix) 17. Panic In Detroit (Zero Gravity Remix) 18. Spiritual Cramp (Symptom Reversal)
DISC 4
DEATH MIX (1996) 1. Deathwish (Wishful Death Mix) [Birmingham 6] 2. The Angels (Cruciform) [The Zend-Avesta Mix] [Laibach] 3. Cervix Couch (One By One) [Spahn Ranch] 4. Book Of Lies (Seven Mix) [Bigod 20] 5. Spiritual Cramp (Electric Hellfire Club Mix) 6. Death In Detroit (Disassembled) [Front Line Assembly] 7. Figurative Theatre (Extended Version) [Die Krupps] 8. Sleepwalk (Hypnotic Remix) [Lights Of Euphoria] 9. Figurative Theatre (Klute Version) 10. Desperate Hell (Digital Poodle Mix) 11. Still Born / Still Life (Dahmer’s Dead Remix) 12. Mother (Forgiveness Mix) [Controlled Bleeding] 13. Lost Minds (THD Remix)
SLEEPLESS NIGHTS – LIVE (1990) 1. Cavity – 1st Communion 2. Figurative Theatre 3. Burnt Offerings 4. Dodo 5. Mysterium Iniquitatis 6. Dream For Mother 7. Stairs (Uncertain Journey) / Trials 8. Spiritual Cramp 9. Romeo’s Distress 10. Resurrection – 6th Communion 11. Deathwish 12. Sleepwalk EVERY KING A BASTARD SON (1992) 13. Whorse 14. Mind Fuck (Soundtrack To A Murder) 15. The Beast (Invocation) 16. Currents 17. To He Who Shall Come After (Mystic Fragments) 18. The Evil Ones 19. No Soldier (Cloak Of Shit)
DISC 6:
DVD – LIVE IN LOS ANGELES (1993) 1. Excommunicamus 2. Cavity – 1st Communion 3. Figurative Theatre 4. Cry Baby 5. Dream For Mother 6. Deathwish 7. Some Men / The Other 8. Mysterium Iniquitatis 9. Stairs (Uncertain Journey) 10. Spiritual Cramp 11. Resurrection – 6th Communion 12. Sleepwalk 13. Romeo s Distress 14. Dogs
segunda-feira, 10 de outubro de 2011
Christian Death - Atrocities (1986)

Parece contraditório partir de um admirador de Rozz Williams postar mais matérias do seu arque rival Valor Kand. Bem, já se se foi para mim à época em que eu levantava a bandeira como um adolescente deslumbrado. Tenho escutado novamente os trabalhos de Valor e, embora eu descorde de todos os seus equívocos e me ver prostrado pelas vergonhas alheias que suas cafonices causam, provou que o “Christian Death” pode ser uma experiência que está além da música, conceito que davam bases ao que ele passou a denominar de Christian Death Society. Claro que é impossível, por uma questão de lógica, aceitar a sua banda como sendo uma continuação autêntica (embora haja sem dúvidas conexões) do que pretendia o grupo original, porém essas controvérsias permitiram que os fãs tivessem a possibilidade de comparar as idéias, fazer diversas interpretações tão diferentes dentro do mesmo nome.
Este é um review que escrevi em meu antigo site para o álbum Atrocities com três letras traduzidas. Como a alguns dias postei um bootleg que antecedia seu lançamento, fica este registro para não perder fio da meada.
Após o lançamento de dois EP’s ("The Wind Kissed Pictures" e "Believers of the Unpure"), o oportunista Valor, oferece-nos aqui o melhor trabalho, em minha opinião, do seu Christian Death. Este álbum, onde estréia também como vocalista (na verdade à volta a posição de cantor, como nos tempos de Pompeii 99), é também um ponto final a uma saga iniciada com Catastrophe Ballet (1984), antes da banda arriscar-se em caminhos heavy-metálicos. Gravado no lendário Rockfield Studius em Gales (onde também foi gerado seu antecessor, Ashes), Atrocities retrata de forma envolvente e dramática a dura e cruel realidade da Segunda Guerra Mundial, cujo impacto era sentido intensamente nos anos de 1980, em pleno auge da Guerra Fria. Seria proposital que sua prensagem original fosse na Alemanha pela Normal Records? Para dar um ar mais místico a sua concepção em estúdio, Valor fez questão de relatar no encarte, todo escrito à mão, que “Nós respeitamos a presença do espírito da Mulher e da Criança do Acre Hill House, durante o tempo todo em que estivemos lá”.

Um espantoso acorde de violino anuncia sua abertura com a corpulenta "Will-o-the-Wisp" onde a bateria de David Glass faz maravilhas com batidas fortes e bem marcadas. Desde a debandada de Rozz Williams, esse line-up se manteve na Europa. A nova morada influenciou diretamente no seu som, cuja estrutura não apresentava mais resquícios de sua procedência americana (o deathrock cru introduzido por Rozz no Pompeii 99 ficaram para trás) – aqui, a versão genérica do Christian Death, já ecoava como as bandas góticas do velho continente, orientadas por numa tendência mais melódica e densa.
Depois da primeira faixa, somos surpreendidos com a tranqüilidade de “Tales of Innocence”. O tema, originalmente se chamava “The Gift of Sacrifice” e cantado nos shows até então por Valor, ganhou em sua versão definitiva na bela voz de Gitane Demone que deu um ar mais dramático a letra que aborda o horror das torturas sexuais em que as prisioneiras eram submetidas nos campos de concentração. Os títulos sucedem-se às vezes agressivos, como "Stapping me Down", às vezes de uma calma venenosa e corrosiva, em "The Danzig Waltz". Seguem "Chimerè De Si De La” e "Silent Thunder" que apresentam um trabalho excepcional de guitarra de Valor e Barry Galvin (Mephisto Walz). Ao emergimos deste mar escuro e oscilante, ganhamos fôlego com a semi-acústica "Strange Fortune", porém logo em seguida os ouvidos são golpeados pela a ferocidade de "Ventriloquist" que ao vivo ganhava uma versão mais violenta que podia atingir quinze minutos de duração. E esta exibição de atrocidades avança com a arrepiante versão "Gloomy Sunday" cantada por Gitane.

O ato atmosférico de "The Death of Josef" (um réquiem ao médico Josef Mengele, conhecido como o Anjo da Morte em Auschwitz), fecha este álbum que tem a morte nas trincheiras como constante em seu imaginário. Aqui não há uma linha que separa a realidade do quimérico, pois a dor e o desespero tornam as duas condições homogêneas, como exibido nos rostos grotescos da pintura expressionista "Die Sieben Todsünden" ("os sete pecados capitais) de Otto Dix (1891—1969) que compõe a contra capa da primeira edição desse trabalho de estranha delicadeza.
Este é um review que escrevi em meu antigo site para o álbum Atrocities com três letras traduzidas. Como a alguns dias postei um bootleg que antecedia seu lançamento, fica este registro para não perder fio da meada.
Após o lançamento de dois EP’s ("The Wind Kissed Pictures" e "Believers of the Unpure"), o oportunista Valor, oferece-nos aqui o melhor trabalho, em minha opinião, do seu Christian Death. Este álbum, onde estréia também como vocalista (na verdade à volta a posição de cantor, como nos tempos de Pompeii 99), é também um ponto final a uma saga iniciada com Catastrophe Ballet (1984), antes da banda arriscar-se em caminhos heavy-metálicos. Gravado no lendário Rockfield Studius em Gales (onde também foi gerado seu antecessor, Ashes), Atrocities retrata de forma envolvente e dramática a dura e cruel realidade da Segunda Guerra Mundial, cujo impacto era sentido intensamente nos anos de 1980, em pleno auge da Guerra Fria. Seria proposital que sua prensagem original fosse na Alemanha pela Normal Records? Para dar um ar mais místico a sua concepção em estúdio, Valor fez questão de relatar no encarte, todo escrito à mão, que “Nós respeitamos a presença do espírito da Mulher e da Criança do Acre Hill House, durante o tempo todo em que estivemos lá”.

Um espantoso acorde de violino anuncia sua abertura com a corpulenta "Will-o-the-Wisp" onde a bateria de David Glass faz maravilhas com batidas fortes e bem marcadas. Desde a debandada de Rozz Williams, esse line-up se manteve na Europa. A nova morada influenciou diretamente no seu som, cuja estrutura não apresentava mais resquícios de sua procedência americana (o deathrock cru introduzido por Rozz no Pompeii 99 ficaram para trás) – aqui, a versão genérica do Christian Death, já ecoava como as bandas góticas do velho continente, orientadas por numa tendência mais melódica e densa.
Depois da primeira faixa, somos surpreendidos com a tranqüilidade de “Tales of Innocence”. O tema, originalmente se chamava “The Gift of Sacrifice” e cantado nos shows até então por Valor, ganhou em sua versão definitiva na bela voz de Gitane Demone que deu um ar mais dramático a letra que aborda o horror das torturas sexuais em que as prisioneiras eram submetidas nos campos de concentração. Os títulos sucedem-se às vezes agressivos, como "Stapping me Down", às vezes de uma calma venenosa e corrosiva, em "The Danzig Waltz". Seguem "Chimerè De Si De La” e "Silent Thunder" que apresentam um trabalho excepcional de guitarra de Valor e Barry Galvin (Mephisto Walz). Ao emergimos deste mar escuro e oscilante, ganhamos fôlego com a semi-acústica "Strange Fortune", porém logo em seguida os ouvidos são golpeados pela a ferocidade de "Ventriloquist" que ao vivo ganhava uma versão mais violenta que podia atingir quinze minutos de duração. E esta exibição de atrocidades avança com a arrepiante versão "Gloomy Sunday" cantada por Gitane.

O ato atmosférico de "The Death of Josef" (um réquiem ao médico Josef Mengele, conhecido como o Anjo da Morte em Auschwitz), fecha este álbum que tem a morte nas trincheiras como constante em seu imaginário. Aqui não há uma linha que separa a realidade do quimérico, pois a dor e o desespero tornam as duas condições homogêneas, como exibido nos rostos grotescos da pintura expressionista "Die Sieben Todsünden" ("os sete pecados capitais) de Otto Dix (1891—1969) que compõe a contra capa da primeira edição desse trabalho de estranha delicadeza.
Algumas letras traduzidas:

“Contos da Inocência”
Nós éramos enormes lanternas de caça
Iluminando o caminho para o banquete do faminto
Nossa rígida pele jovem pronta para ser suja
Corpos como brinquedos negociados por favores
A oferta do sacrifício
Enxugando meu corpo que não pode ser limpo novamente
A culpa sangra do gosto do pecado
Minhas vergonhas são memórias da paixão
O desejo do prazer profundo
Corpos como brinquedos negociados por favores
A oferta do sacrifício
Sem flores para poupar o que ela deu de si para eles
E quando ela voltou, ela estava, ela estava...
Ainda, ainda...
Corpos como brinquedos negociados por favores
A oferta do sacrifício
“Trovão Silencioso”
Minha cama é o jardim onde todas as vozes se encontram
Mãos deslizam através da água embaixo de meu travesseiro
Pedras como chuva banham as horas
As mãos no meu pulso, sexo, flores murchas
O trovão silencioso ergue-me para dormir
Caindo num abismo tão profundo
E se meus olhos tímidos da manhã
Meus lábios provarão de fruta verde
Palavras sem significados evocam o passado
O futuro foi o dia antes do último.
“Estranha sorte”
Eles preservavam belos quadros
Derramando o vinho, que brinde cruel...
Boatos dispersos são contados nos cafés
Respeito aos olhos do inimigo
Uma calorosa e oculta vingança de amantes
A dança das flores em um perfume roubado
Uma taça de champanhe, uma lasca de pão.
Respeito aos olhos do inimigo
Estranha sorte...
Suas canções iludiram a lealdade
Enganando os perversos quanto à fuga
Boatos dispersos contados em cafés
Respeito aos olhos do inimigo
terça-feira, 27 de setembro de 2011
Sin and Sacrifice of Christian Death - Live at Turin Big Club - 23/10/1985

Na segunda encarnação do Espaço Retrô (que funcionou na Rua Fortunato 34 - Sta. Cecília, entre 1995-98) havia um pequeno cômodo no mezanino onde o Rogério do fanzine Ruídos Alternativos exponha suas publicações e de outros editores independentes. Nesta época ele me deu um catálogo de uma distribuidora de discos espanhola chamada Musicas de Regimen que tinha acervo bastante extenso. Encomendas por correio eram uma das formas mais econômicas para se adquirir discos, pois você escapava dos abusos de intermediários (lojas ou importadoras). Os preços da Musica de Regimen eram bem atrativos; sem contar que eram cotados em Pesetas, ou seja, quase um terço do nosso Real. Além de cds, vinis, vhs (um deles, o Sons Find Devils dos Virgin Prunes que acabei adquirindo por este catálogo e inexplicavelmente ainda continua sem uma merecida edição em dvd) havia um sub-catalogo de bootlegs em K7 das bandas mais absurdas. Um deles foi este que disponibilizo agora para vocês: um show raro do Christian Death gravado em 23 de outubro de 1985 (em Turim, Itália), meses depois da debandada de Rozz Williams e que fez da tour européia para divulgação do álbum Ashes. Acredito que neste período, Valor, Gitane e David Glass ainda se dominavam "Sin and Sacrifice", mas logo em seguida passariam a tocar, sorrateiramente, como "Sin and Secrifice of Christian Death" até finalmente simplificarem de vez para "Christian Death", o que não agradou nenhum pouco Rozz. Reza a lenda que as apresentações desta época eram propositalmente bastante escuras e, por causa dos falsetes vocais ala Rozz Williams de Valor, muitas pessoas iam às apresentações pensando estar "ouvindo" o vocalista original.
O set list baseia-se em músicas dos álbuns Catastrophe Ballet, Ashes entre outras que fariam parte dos dois EP's e do álbum (Atrocities), lançados no final de 1985 (The Wind Kissed Pictures) e começo de 1986. Desta maneira é possível notar que, mesmo com o "desfalque" de Rozz, Valor antes mesmo de assumir os vocais já estava munido de um extenso repertório para levar, de modo um tanto controverso, seu Christian Death adiante. Live at Turin Big Club é um excelente bootleg de qualidade sonora média; um pouco abafado, mas nada mal para uma gravação proveniente de uma fita K7 que estava há uns 15 anos engavetada. Tentei dar uma "remasterizada" no Sound Forge, aumentando o seu volume, resgatando o máximo de agudo (tudo bem que quase não se nota, mas juro tentei fazer um milagre) e recortando algumas faixas que estavam emendadas. Quem já está habituado com tantos bootlegs de baixa qualidade do Christian Death editados oficialmente por ai, não vai achar este tão capenga, fazendo valer mais aquela velha frase clichê que conforta qualquer colecionador: "o que vale é o registro". So, enjoy!
Sin and Secrifice of Christian Death - Live at Turin Big Club - 23/10/1985
1. The Death of Josef (fragment)
2. Sleepwalk
3. The Wind Kissed Pictures
4. Will O' the Wisp
5. The Luxury of Tears
6. When I was Bed
7. Between Youth
8. Androgynous Noise Hand Permeates
9. Electra Descending
10. Strapping Me Down
11. Ashes
12. Lament (Over the Shadows)
13. This Glass House
Ps: É possível notar (pelos acordes de baixo) que eles tocariam também "Gloomy Sunday" logo após "When I Was Bed", mas acabou sendo sendo descartada e substituita por "Between Youth".
Line-up:
Valor Kand (vocals & guitar)
Gitane Demone (keyboards & vocals)
David Glass (drums)
Barry Galvin (guitar)
Johann Schumann (bass)
O set list baseia-se em músicas dos álbuns Catastrophe Ballet, Ashes entre outras que fariam parte dos dois EP's e do álbum (Atrocities), lançados no final de 1985 (The Wind Kissed Pictures) e começo de 1986. Desta maneira é possível notar que, mesmo com o "desfalque" de Rozz, Valor antes mesmo de assumir os vocais já estava munido de um extenso repertório para levar, de modo um tanto controverso, seu Christian Death adiante. Live at Turin Big Club é um excelente bootleg de qualidade sonora média; um pouco abafado, mas nada mal para uma gravação proveniente de uma fita K7 que estava há uns 15 anos engavetada. Tentei dar uma "remasterizada" no Sound Forge, aumentando o seu volume, resgatando o máximo de agudo (tudo bem que quase não se nota, mas juro tentei fazer um milagre) e recortando algumas faixas que estavam emendadas. Quem já está habituado com tantos bootlegs de baixa qualidade do Christian Death editados oficialmente por ai, não vai achar este tão capenga, fazendo valer mais aquela velha frase clichê que conforta qualquer colecionador: "o que vale é o registro". So, enjoy!
Sin and Secrifice of Christian Death - Live at Turin Big Club - 23/10/1985
1. The Death of Josef (fragment)
2. Sleepwalk
3. The Wind Kissed Pictures
4. Will O' the Wisp
5. The Luxury of Tears
6. When I was Bed
7. Between Youth
8. Androgynous Noise Hand Permeates
9. Electra Descending
10. Strapping Me Down
11. Ashes
12. Lament (Over the Shadows)
13. This Glass House
Ps: É possível notar (pelos acordes de baixo) que eles tocariam também "Gloomy Sunday" logo após "When I Was Bed", mas acabou sendo sendo descartada e substituita por "Between Youth".
Line-up:
Valor Kand (vocals & guitar)
Gitane Demone (keyboards & vocals)
David Glass (drums)
Barry Galvin (guitar)
Johann Schumann (bass)
*download here*
Marcadores:
bootleg,
Christian Death,
Espaço Retrô,
Musica de Regimen,
Rozz Williams,
Ruídos Alternativos,
Sin and Secrifice,
Sin and Secrifice of Christian Death,
Valor Kand
sábado, 2 de outubro de 2010
o pecado e sacrifício do "Christian Death"

As vésperas de desembarcar pela primeira vez em SP no dia 23/10 com sua Necro Sexual Tour, Valor Kand nunca mediu palavras e esforços para justificar a sua tomada ao nome "Christian Death". Eis aqui uma rara entrevista cedida por ele à um fanzine francês chamado Noir Marine (n°4) após um concerto em Dingwalls, em Londres, no dia 10 de Setembro de 1985, onde explica a repentina "saída" de Rozz Williams da banda e a tentativa de continuar tocando como Sin and Sacrifice, que por fim não acabou acontecendo, gerando assim muitas polêmicas, brigas judiciais até mesmo a cisão entre os fãs mais extremistas.
Você pode explicar a saída de Rozz?
Muito simples: ele não queria mais fazer rock. Já no ano passado, para fazer a turnê européia foi necessário convencê-lo. Com efeito, Christian Death acabou em 1982 após a lançamento do (álbum) Only Theatre of Pain. Rozz dizia que não queria mais fazer rock, mas em 1983 eu decidi reformar o grupo e aquilo foi bom, nós efetivamente trabalhamos e rendeu alguns concertos, em seguida Rozz quis parar de compor rock. Ele sempre considerou-se sobretudo um poeta e quis se envolver numa música mais industrial, no estilo Throbbing Gristle. Ainda fizemos dois shows e ele deixou o grupo. Nós o convencemos de fazer um último disco e foi Ashes, que ele considerava como a melhor coisa que fez na sua vida. Ele recomeçou a acreditar, fizemos muitos concertos nos EUA, incluindo o último em Los Angeles no Roxy que foi excelente, mas depois disso Rozz declarou que o grupo tinha atingido seu ápice e que não queria mais continuar. Tentei convencê-lo porque eu tinha um grande desejo de ir a Europa; ele disse “talvez”, então organizamos uma série de shows e duas semanas antes de partir ele disse “não, não tenho energia nem inspiração para fazê-lo”. Dissemos-lhe que respeitávamos o seu ponto de vista, mas queríamos realmente fazer esta turnê e que se necessário faríamos sem ele. Ele não acreditou em mim e quando partimos ele lamentou amargamente. E é por isso que agora cospe acima de nós. Ele muito influenciável, encontrou pessoas que o persuadiram o não nos seguir; seguiu os seus conselhos, mas ele é realmente temperamental, depressivo. Antes ele gostava muito de Paris e Amsterdã, onde agendamos de tocar sem ele. Ele vingou-se telefonando para algumas pessoas para falar mal de nós…Penso que ele se reparará por isso. Nós tínhamos um contrato a cumprir, deveríamos viajar e promover Ashes. Se não tivéssemos partido teríamos perdido muito dinheiro. Ele, além de não perder nada ganha sem nada fazer.
Onde ele está agora, em Los Angeles?
Sim, faz o que bem entende por lá…Ele é muito influenciável, como uma criança. Penso que ele lamenta, ele não acreditou que o grupo poderia sobreviver sem ele e isto o irrita. Por todo lugar onde tocamos as pessoas gostaram, mas não quero que ele seja infeliz. Sofremos e trabalhamos muito para o Christian Death e não queríamos que fosse para o nada. Foram dois anos de nossas vidas.
Porque manter o nome Christian Death?
Porque é a nossa propriedade. Foi registrado legalmente há dois anos e representa David, Gitane, Rozz e eu. Por esse motivo, mesmo sem Rozz, há direito porque pertencemos ao grupo por muito tempo e sobretudo porque é conhecido internacionalmente, graças a Catastrophe Ballet, que co-escrevi com Rozz. Respeito o fato de que Rozz tenha criado este nome, é por isso que tentamos agora impor o nome Sin and Sacrifício; espero que seja o nome sob o qual sejamos reconhecidos em 1986 e que não tenha mais a necessidade de citar o outro como referência.
O que você acha se Rozz reformar o Christian Death?
Não o fará porque nos deixou claro que tinha se cansado da música. Mas o adoramos, para nós é ainda um amigo. De qualquer modo temos direitos iguais sobre as partes, dado que ele escreveu as letras e eu, a música.
Havia um concerto previsto em Paris…
Havia mesmo cinco datas previstas, mas foram canceladas por Vasco (manager francês) quando soube que Rozz não vinha. É realmente estúpido porque as pessoas teriam vindo aos concertos mesmo assim e também porque Ashes venderia mais. Não há nada de mais, supliquei para que Rozz viesse. Ele é o meu melhor amigo, fiquei chateado pela forma como ele deixou-se influenciar. Não podia tomar em carga todos os problemas psicológicos e materiais. Não sei explicar o quanto gosto dele e o respeito, mas ele agiu como uma criança. Sei que neste momento ele me odeia, mas crescerá, evoluirá e retornará comigo. Espero voltar fazer música com ele, é meu maior desejo. O conheci há muito tempo, no início do Christian Death quando eu era cantor de uma banda chamada Pompei 99 e sempre fazíamos shows juntos, depois disso eles ficaram populares com Only Theatre of Pain. Para mim não é difícil cantar e, com modéstia, escrever, pois eu sempre fui influenciado por Rozz, a quem admiro muito a liberdade de ser ele mesmo, de fazer qualquer coisa e ser indiferente aos outros.
E o contrato com L'nvitation au Suicide?
Terminou. O cara responsável por esse selo nunca pagou-nos nada pelo Ashes que vendeu 20.000 exemplares, nem a parte do adiantamento. Yann Farcy é ligeiramente ultrapassado, tem uma organização insuficiente no seu trabalho. Quebramos o contrato; ele continua frequentemente nos chamando, prometendo dar-nos o dinheiro quem nunca vem. Infelizmente para os nossos fãs franceses, será necessário comprar os nossos discos em importadoras.
Para terminar, quais são os seus projetos de discos?
O K7 Decomposition of Violets (ROIR) acaba de sair, foi registrado quando Rozz estava ainda na banda. Um EP com quatro faixas saiu na Itália, chama-se The Wind Kissed Pictures, e um disco chamado Atrocities sairá em janeiro de 86 nos EUA e na Alemanha.
Você pode explicar a saída de Rozz?
Muito simples: ele não queria mais fazer rock. Já no ano passado, para fazer a turnê européia foi necessário convencê-lo. Com efeito, Christian Death acabou em 1982 após a lançamento do (álbum) Only Theatre of Pain. Rozz dizia que não queria mais fazer rock, mas em 1983 eu decidi reformar o grupo e aquilo foi bom, nós efetivamente trabalhamos e rendeu alguns concertos, em seguida Rozz quis parar de compor rock. Ele sempre considerou-se sobretudo um poeta e quis se envolver numa música mais industrial, no estilo Throbbing Gristle. Ainda fizemos dois shows e ele deixou o grupo. Nós o convencemos de fazer um último disco e foi Ashes, que ele considerava como a melhor coisa que fez na sua vida. Ele recomeçou a acreditar, fizemos muitos concertos nos EUA, incluindo o último em Los Angeles no Roxy que foi excelente, mas depois disso Rozz declarou que o grupo tinha atingido seu ápice e que não queria mais continuar. Tentei convencê-lo porque eu tinha um grande desejo de ir a Europa; ele disse “talvez”, então organizamos uma série de shows e duas semanas antes de partir ele disse “não, não tenho energia nem inspiração para fazê-lo”. Dissemos-lhe que respeitávamos o seu ponto de vista, mas queríamos realmente fazer esta turnê e que se necessário faríamos sem ele. Ele não acreditou em mim e quando partimos ele lamentou amargamente. E é por isso que agora cospe acima de nós. Ele muito influenciável, encontrou pessoas que o persuadiram o não nos seguir; seguiu os seus conselhos, mas ele é realmente temperamental, depressivo. Antes ele gostava muito de Paris e Amsterdã, onde agendamos de tocar sem ele. Ele vingou-se telefonando para algumas pessoas para falar mal de nós…Penso que ele se reparará por isso. Nós tínhamos um contrato a cumprir, deveríamos viajar e promover Ashes. Se não tivéssemos partido teríamos perdido muito dinheiro. Ele, além de não perder nada ganha sem nada fazer.
Onde ele está agora, em Los Angeles?
Sim, faz o que bem entende por lá…Ele é muito influenciável, como uma criança. Penso que ele lamenta, ele não acreditou que o grupo poderia sobreviver sem ele e isto o irrita. Por todo lugar onde tocamos as pessoas gostaram, mas não quero que ele seja infeliz. Sofremos e trabalhamos muito para o Christian Death e não queríamos que fosse para o nada. Foram dois anos de nossas vidas.
Porque manter o nome Christian Death?
Porque é a nossa propriedade. Foi registrado legalmente há dois anos e representa David, Gitane, Rozz e eu. Por esse motivo, mesmo sem Rozz, há direito porque pertencemos ao grupo por muito tempo e sobretudo porque é conhecido internacionalmente, graças a Catastrophe Ballet, que co-escrevi com Rozz. Respeito o fato de que Rozz tenha criado este nome, é por isso que tentamos agora impor o nome Sin and Sacrifício; espero que seja o nome sob o qual sejamos reconhecidos em 1986 e que não tenha mais a necessidade de citar o outro como referência.
O que você acha se Rozz reformar o Christian Death?
Não o fará porque nos deixou claro que tinha se cansado da música. Mas o adoramos, para nós é ainda um amigo. De qualquer modo temos direitos iguais sobre as partes, dado que ele escreveu as letras e eu, a música.
Havia um concerto previsto em Paris…
Havia mesmo cinco datas previstas, mas foram canceladas por Vasco (manager francês) quando soube que Rozz não vinha. É realmente estúpido porque as pessoas teriam vindo aos concertos mesmo assim e também porque Ashes venderia mais. Não há nada de mais, supliquei para que Rozz viesse. Ele é o meu melhor amigo, fiquei chateado pela forma como ele deixou-se influenciar. Não podia tomar em carga todos os problemas psicológicos e materiais. Não sei explicar o quanto gosto dele e o respeito, mas ele agiu como uma criança. Sei que neste momento ele me odeia, mas crescerá, evoluirá e retornará comigo. Espero voltar fazer música com ele, é meu maior desejo. O conheci há muito tempo, no início do Christian Death quando eu era cantor de uma banda chamada Pompei 99 e sempre fazíamos shows juntos, depois disso eles ficaram populares com Only Theatre of Pain. Para mim não é difícil cantar e, com modéstia, escrever, pois eu sempre fui influenciado por Rozz, a quem admiro muito a liberdade de ser ele mesmo, de fazer qualquer coisa e ser indiferente aos outros.
E o contrato com L'nvitation au Suicide?
Terminou. O cara responsável por esse selo nunca pagou-nos nada pelo Ashes que vendeu 20.000 exemplares, nem a parte do adiantamento. Yann Farcy é ligeiramente ultrapassado, tem uma organização insuficiente no seu trabalho. Quebramos o contrato; ele continua frequentemente nos chamando, prometendo dar-nos o dinheiro quem nunca vem. Infelizmente para os nossos fãs franceses, será necessário comprar os nossos discos em importadoras.
Para terminar, quais são os seus projetos de discos?
O K7 Decomposition of Violets (ROIR) acaba de sair, foi registrado quando Rozz estava ainda na banda. Um EP com quatro faixas saiu na Itália, chama-se The Wind Kissed Pictures, e um disco chamado Atrocities sairá em janeiro de 86 nos EUA e na Alemanha.
sábado, 31 de outubro de 2009
Christian Death (extraído do livro Goth Chic – Gavin Baddeley - 2003)

Da mesma forma que o glam rock cruzou o Atlântico rumo aos Estados Unidos da década de 1970 para transformar-se no glitter rock, o gótico também foi exportado para os americanos no inicio dos anos 1980 – a variação local do gênero foi chamada de “death rock”. Como Don Bolles descreve em Retro Hell, Los Angeles logo se tornou o lar de clubs simpáticos que obedeciam ao estilo gótico. O fenômeno teve início como uma casa noturna chamada Fetish e culminou em lugares como Scream, Helter Skelter, The Crypt e Zombie Zoo.
A banda mais influente relacionada com essa cena é o Christian Death, que, como o Bauhaus, sua contraparte britânica, foi fundada em 1979. O principal arquiteto da banda foi Rozz Williams, um habitante de Los Angeles que, na época, tinha apenas 16 anos – um talento inquieto e genial que se extinguiu com a mesma rapidez com o que brilhou (Rozz Williams não era o nome verdadeiro do cantor – auspiciosamente, o pseudônimo fora tomado de uma das suas sepulturas preferidas no cemitério local). O nome da banda – em parte, uma corruptela de Christian Dior – também refletia a rejeição do cantor a sua educação religiosa e, à medida que o Christian Death passou por várias formações, a temática anti-religiosa permaneceu constante. Mais tarde, a banda afirmaria que não atacava os ensinamentos de Jesus, mas os membros da Igreja que perverteram o credo por ele pregado para satisfazer os próprios desejos. O nome da banda e o logo em forma de cruz foram baseados na observação de que o cristianismo, que se propõe a ser a religião do amor, adota como símbolo o mecanismo utilizado para executar o seu messias.
A controvérsia inerente ao nome da banda foi uma espécie de tática de choque diferente daquelas empregadas pela cena death rock. Na verdade, o rótulo “gótico” é muito mais apropriado nesse caso. Enquanto seus companheiros do 45Grave (que receberam o apoio do Christian Death em sua primeira apresentação ao vivo) buscavam inspiração em cineastas responsáveis por produções de horror de baixo orçamento como Roger Cornan e Ed Wood, as letras do Christian Death revelavam influencia de Poe e Baudelaire.
Da mesma forma, o som atmosférico do Christian Death tinha mais a ver com os experimentalismos pós-punk de seus contemporâneos ingleses do que com o rock demoníaco dos Misfits. Até mesmo na aparência, os cabelos compridos e pintados com uma tintura preta como corvo, as bijuterias prateadas, as meias arrastão e as roupas de baile pretas utilizados por Williams o colocavam no mesmo grupo que os sinistramente andróginos góticos europeus, em vez de identificá-lo com o estilo “todo dia é Halloween” de seus companheiros americanos. Os vocais de Williams também exibiam os tons barítonos tão admirados pelas bandas góticas – na verdade, a voz do cantor às vezes parecia mais inglesa do que americana. O fato de Rozz afirmar que não tinha a mínima idéia do crescimento da cena européia torna esses paralelos ainda mais surpreendentes.
Entretanto, como muito de que é brilhante, o porvir foi repleto de atribulações e controvérsia. Na verdade, a confusão teve inicio quando o Christian Death fragmentou-se não muito tempo depois de lançar seu primeiro disco. Essa foi a formação inicial da banda, mas o futuro ainda guardava mais surpresas – o Christian Death surgiu novamente quando Williams juntou-se ao guitarrista e cantor Valor Kand, ex-membro do Pompeii 99, outra banda dark “alternativa” vinda da Califórnia.
Pouco depois da nova formação do Christian Death, a banda mudou-se para a França, o que permitiu que Williams absorvesse a atmosfera de Paris, a cidade que foi lar de tantos de seus heróis decadentes um século antes. Eles gravaram Catastrophe Ballet no Rockfield Studios, no País de Gales (o mesmo estúdio que recebeu o Bauhaus para a produção dos discos The Sky’s Gone Out e Burning from the Inside). Esse álbum, lançado em 1984, apresenta um som mais suave, multifacetado, de uma beleza sombria que confirmou a reputação cult conquistada pelo Christian Death entre o crescente público gótico. O retorno da banda aos Estados Unidos resultou em Ashes (1985), o ponto alto da formação clássica da banda, onde o misticismo pretensioso de Kand e a poesia envenenada de Williams enredaram-se, compondo um efeito sinistro. Esta também foi a ultima gravação de Williams como essa versão do Christian Death.
Inicialmente, a separação foi amigável, com Williams interessado em explorar novas direções. Entretanto, a essa altura o Christian Death estava se tornando uma verdadeira fábrica de dinheiro. No fim da década de 1980, na companhia da cantora Eva O., que fez backing vocals dos primeiros trabalhos da banda (os dois acabaram casando em 1988), o fundador da banda, começou a se apresentar mais uma vez com o nome Christian Death, Esse acontecimento enfureceu a ala que estava ligada à Kand, que insistia que Williams deveria pagar direitos a eles pelo uso do nome da banda. Os fãs ficaram confusos ao ver dois Christian Death rivais excursionando no início da década de 1990 e muitos lançamentos diferentes. A obsessão de Kand pela religião esotérica e pelo misticismo parecia impenetrável para os que conheciam o Christian Death através da figura de Williams. Essa rivalidade separou os extraordinariamente fanáticos fãs da banda da mesma forma que separou seus membros.
Muitos discos lançados por Williams nessa época ainda possuem resquícios de desespero, embora, mesmo assim continuem trazendo algumas pérolas – como o épico Path of Sorrow (1993), que o cantor descreveu como seu disco do Christian Death preferido. “Eu liguei para Rozz”, explicou Kand para revista Terrorizer em 2000. “Ele me disse que precisava do dinheiro. Não pude discutir porque Rozz fez suas articulações para registrar a banda no nome dele, mas essa não foi uma atitude justa”. A resposta de Kand foi continuar com seus próprios discos do Christian Death, todos pomposamente pessimistas, tentando estampar, de uma vez por todas, sua marca criativa na banda. Com um conteúdo inflamável, combinado com capas que atraiam a censura (como uma imagem de Jesus injetando heroína, no álbum Sex and Drugs and Jesus Christ, de 1988, ou as suásticas de All The Hate, lançado no ano seguinte), Kand expunha de forma pretensiosa e provocante suas opiniões a respeito de sexo, morte e religião.
A confusão foi dispersa da pior maneira possível quando Rozz Williams tirou a própria vida, enforcando-se em seu quarto em 1º de abril de 1998. Os amigos mistificaram os motivos do suicídio do cantor. Entretanto, uma avaliação superficial de seu legado artístico revela uma alma bastante conturbada, cujo dom criativo teve um preço terrível – a capacidade de enxergar a escuridão do mundo com uma dolorosa clareza. Como muitos de seus heróis decadentes, o cantor encontrou conforto nos narcóticos, e o mesmo vício em heroína que ajudou a inspirar suas apresentações espantosas, onde recitava poemas como Whorse’s Mouth (1996), corroeu seu espírito.
A banda mais influente relacionada com essa cena é o Christian Death, que, como o Bauhaus, sua contraparte britânica, foi fundada em 1979. O principal arquiteto da banda foi Rozz Williams, um habitante de Los Angeles que, na época, tinha apenas 16 anos – um talento inquieto e genial que se extinguiu com a mesma rapidez com o que brilhou (Rozz Williams não era o nome verdadeiro do cantor – auspiciosamente, o pseudônimo fora tomado de uma das suas sepulturas preferidas no cemitério local). O nome da banda – em parte, uma corruptela de Christian Dior – também refletia a rejeição do cantor a sua educação religiosa e, à medida que o Christian Death passou por várias formações, a temática anti-religiosa permaneceu constante. Mais tarde, a banda afirmaria que não atacava os ensinamentos de Jesus, mas os membros da Igreja que perverteram o credo por ele pregado para satisfazer os próprios desejos. O nome da banda e o logo em forma de cruz foram baseados na observação de que o cristianismo, que se propõe a ser a religião do amor, adota como símbolo o mecanismo utilizado para executar o seu messias.
A controvérsia inerente ao nome da banda foi uma espécie de tática de choque diferente daquelas empregadas pela cena death rock. Na verdade, o rótulo “gótico” é muito mais apropriado nesse caso. Enquanto seus companheiros do 45Grave (que receberam o apoio do Christian Death em sua primeira apresentação ao vivo) buscavam inspiração em cineastas responsáveis por produções de horror de baixo orçamento como Roger Cornan e Ed Wood, as letras do Christian Death revelavam influencia de Poe e Baudelaire.
Da mesma forma, o som atmosférico do Christian Death tinha mais a ver com os experimentalismos pós-punk de seus contemporâneos ingleses do que com o rock demoníaco dos Misfits. Até mesmo na aparência, os cabelos compridos e pintados com uma tintura preta como corvo, as bijuterias prateadas, as meias arrastão e as roupas de baile pretas utilizados por Williams o colocavam no mesmo grupo que os sinistramente andróginos góticos europeus, em vez de identificá-lo com o estilo “todo dia é Halloween” de seus companheiros americanos. Os vocais de Williams também exibiam os tons barítonos tão admirados pelas bandas góticas – na verdade, a voz do cantor às vezes parecia mais inglesa do que americana. O fato de Rozz afirmar que não tinha a mínima idéia do crescimento da cena européia torna esses paralelos ainda mais surpreendentes.
Entretanto, como muito de que é brilhante, o porvir foi repleto de atribulações e controvérsia. Na verdade, a confusão teve inicio quando o Christian Death fragmentou-se não muito tempo depois de lançar seu primeiro disco. Essa foi a formação inicial da banda, mas o futuro ainda guardava mais surpresas – o Christian Death surgiu novamente quando Williams juntou-se ao guitarrista e cantor Valor Kand, ex-membro do Pompeii 99, outra banda dark “alternativa” vinda da Califórnia.
Pouco depois da nova formação do Christian Death, a banda mudou-se para a França, o que permitiu que Williams absorvesse a atmosfera de Paris, a cidade que foi lar de tantos de seus heróis decadentes um século antes. Eles gravaram Catastrophe Ballet no Rockfield Studios, no País de Gales (o mesmo estúdio que recebeu o Bauhaus para a produção dos discos The Sky’s Gone Out e Burning from the Inside). Esse álbum, lançado em 1984, apresenta um som mais suave, multifacetado, de uma beleza sombria que confirmou a reputação cult conquistada pelo Christian Death entre o crescente público gótico. O retorno da banda aos Estados Unidos resultou em Ashes (1985), o ponto alto da formação clássica da banda, onde o misticismo pretensioso de Kand e a poesia envenenada de Williams enredaram-se, compondo um efeito sinistro. Esta também foi a ultima gravação de Williams como essa versão do Christian Death.
Inicialmente, a separação foi amigável, com Williams interessado em explorar novas direções. Entretanto, a essa altura o Christian Death estava se tornando uma verdadeira fábrica de dinheiro. No fim da década de 1980, na companhia da cantora Eva O., que fez backing vocals dos primeiros trabalhos da banda (os dois acabaram casando em 1988), o fundador da banda, começou a se apresentar mais uma vez com o nome Christian Death, Esse acontecimento enfureceu a ala que estava ligada à Kand, que insistia que Williams deveria pagar direitos a eles pelo uso do nome da banda. Os fãs ficaram confusos ao ver dois Christian Death rivais excursionando no início da década de 1990 e muitos lançamentos diferentes. A obsessão de Kand pela religião esotérica e pelo misticismo parecia impenetrável para os que conheciam o Christian Death através da figura de Williams. Essa rivalidade separou os extraordinariamente fanáticos fãs da banda da mesma forma que separou seus membros.
Muitos discos lançados por Williams nessa época ainda possuem resquícios de desespero, embora, mesmo assim continuem trazendo algumas pérolas – como o épico Path of Sorrow (1993), que o cantor descreveu como seu disco do Christian Death preferido. “Eu liguei para Rozz”, explicou Kand para revista Terrorizer em 2000. “Ele me disse que precisava do dinheiro. Não pude discutir porque Rozz fez suas articulações para registrar a banda no nome dele, mas essa não foi uma atitude justa”. A resposta de Kand foi continuar com seus próprios discos do Christian Death, todos pomposamente pessimistas, tentando estampar, de uma vez por todas, sua marca criativa na banda. Com um conteúdo inflamável, combinado com capas que atraiam a censura (como uma imagem de Jesus injetando heroína, no álbum Sex and Drugs and Jesus Christ, de 1988, ou as suásticas de All The Hate, lançado no ano seguinte), Kand expunha de forma pretensiosa e provocante suas opiniões a respeito de sexo, morte e religião.
A confusão foi dispersa da pior maneira possível quando Rozz Williams tirou a própria vida, enforcando-se em seu quarto em 1º de abril de 1998. Os amigos mistificaram os motivos do suicídio do cantor. Entretanto, uma avaliação superficial de seu legado artístico revela uma alma bastante conturbada, cujo dom criativo teve um preço terrível – a capacidade de enxergar a escuridão do mundo com uma dolorosa clareza. Como muitos de seus heróis decadentes, o cantor encontrou conforto nos narcóticos, e o mesmo vício em heroína que ajudou a inspirar suas apresentações espantosas, onde recitava poemas como Whorse’s Mouth (1996), corroeu seu espírito.
domingo, 7 de junho de 2009
Sin and Sacrefice of "Christian Death"
Assinar:
Postagens (Atom)