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sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Christian Death - pecado e sacrifício - part II


Não haverá história mais difícil de contar do que a do Christian Death. Existem muitas incertezas com relação a alguns fatos que sempre foram apresentados como verídicos, pelo meio existem histórias cruzadas de amores, traições e ódios. O Christian Death chegou a ser duas bandas distintas ao mesmo tempo em continentes diferentes e a editar discos sob o mesmo nome, tal deve-se a duas pessoas: Rozz Williams e Valor Kand.
Esta é a minha versão bem resumida dos fatos. Como admirador sem idolatrar nenhum dos líderes, nem menosprezar o outro (claro que, muitas vezes, Valor nos tira boas risadas), ambos deram a sua contribuição para o projeto, cada qual à sua maneira e dentro das suas limitações.
Fundado em 1979, por Rozz Williams (nascido Roger Allan Painter – criado num berço batista), o Christian Death assumiu desde logo um papel de liderança e inovação na cena alternativa da costa oeste americana. O punk estava, como na Europa, em pleno declínio. O hardcore veio para dar mais aquela acentuada ao discurso. Era possível colocar o dedo na ferida com mais pressão levantando o tom contra as instituições conservadoras. A banda ao invés de dar mais peso ao som decidiu seguir um caminho mais mais experimental, sombrio e sua imagem andrógina era uma afronta até aos entusiastas mais radicais (era muito comum Rozz ser agredido durante os shows por punks, skinheads etc). Que eu me lembre, não surgiu depois deles nenhum nome na chamada "música gótica" que tenha tanta força e misticismo, fato que fez legado nunca parar de crescer.
Em 1982 foi editado o seu primeiro álbum, “Only Theatre of Pain”, uma obra prima do gênero ainda hoje classificado como um dos melhores documentos do subgênero batizado pelo próprio Rozz de “deathrock”. Por esta altura ele contava com os parceiros Rikk Agnew (guitarra, no lugar de John “Jay” Albert, vindo do lendário Adolecensts), George Balanger (bateria) e James McGeartly (baixo). Além destes, disco contou com os backing vocals de Ron Athey e Eva O., também protagonistas dos acontecimentos mais bizarros das sessões movidas a speedy e outros aditivos. 
Um registro sublime de Rozz, com temas como "Cavity - First Communion", "Romeo's Distress" e "Spiritual Cramp" que levaram rapidamente o Christian Death ao sucesso e desde o logo se firmaram como "farol de almas danadas". Um misto de satanismo (... Satan is by far the kindest guest...) e romantismo, algo de muito belo e poderoso, mas ao mesmo tempo infame e surrealista, “Only Theatre of Pain” é um disco que talvez classificasse nos 10 melhores discos alternativos da década de 1980. Mas, devido ao uso abusivo de drogas, começam as confusões que iriam acompanhar para sempre a banda e, sobretudo o seu líder. Rikk e Balanger são os primeiros a debandar, sendo substituídos por Eva O. (guitarra) e Rod China (bateria). 
O grupo finalmente extinguiu-se com a saída de todos os músicos que acompanhavam Rozz e este acaba por aceitar o convite de um editor francês (Yan Farcy, dono da L'Invitation Au Suicide,) mudando-se para Paris na companhia de Valor Kand (guitarra/vocais), Gitane Demone (teclados/vocais) e David Glass (bateria), todos originários de uma banda chamada Pompeii 99 (que estava prevista acompanhar o Christian Death na sua excursão pela Europa quando subitamente se desfez). A baixista Constance Smith é escalada para completar o line-up.
Em 1984, e já sobre a mágica influência de Paris, sai “Catastrophe Ballet” (gravado no País de Gales, no lendário Rockfield Studio onde já tinham passado Bauhaus, The Cult etc). A banda muda ligeiramente de rumo; abandona a sonoridade “punk” de “Only Theatre of Pain” (que tanto agrada) deixando também de lado um pouco do seu ódio à religião e adota um estilo mais melódico, mesmo frágil comparado com a agressividade do seu antecessor. O resultado é, no entanto, igualmente brilhante. Seguiu-se uma breve turnê pela Europa para a promoção do disco. Contance abandona o barco dias depois do inicio da excursão, sendo substituída pelo ilustre Dave Roberts (Sex Gang Children), que conheceram no club Batcave, único local onde a banda tocou em sua rápida passagem por Londres.
No ano seguinte e de volta a Los Angeles, o Christian Death edita “Ashes”, um álbum que ficaria como legado mais expressivo da união entre Rozz e Valor (e onde aparece pela primeira vez Sevan Kand, filho de Valor e Gitane, que contribuiu com um choro numa das faixas). Curiosamente a banda apenas fez uma aparição após o lançamento; uma performance chamada The Path Of Sorrrows (contava com o show da banda, happening e um banquete). Rozz Williams decide então abandonar o projeto tento ficado claro (ao que se diz, embora eu tenha algumas dúvidas) que Valor e Gitane seguiriam para Europa previsto para prosseguir com a divulgação do trabalho, como condição eles mudariam o nome da banda para For Sin And Sacrifice Must We Die A Christian Death e apenas usariam material no qual tinham trabalhado.
Ao contrário do acordo, Valor decidiu apodera-se do projeto por completo. Chegou à Europa e não só não mudou o nome da banda como inclusive tocavam temas de “Only Theatre of Pain” nos shows, um álbum todo feito por Rozz que nada tinha a ver com ele uma vez quem nem sequer se conheciam na altura. Alguns fãs ficaram confusos com a situação e dividiram-se. De um lado os seguidores de Rozz acusavam Valor de traição chegando mesmo a por em causa as suas qualidade de músico e duvidando de sua devoção à “causa gótica” (ele sempre esteve mais inclinado ao heavy metal) e para muitos o Christian Death morrera ali. Por outro lado, ouve aqueles que nem sequer perceberam o que realmente havia acontecido, ou mesmo admitiram ter sido um ganho para o projeto a passagem de Valor para dono e senhor do mesmo. Julgo que ambos os casos terão suas razões (há sempre duas verdades, pelo menos).
Não terá sido o fim da banda. Nem Valor será um completo traidor (o acordo de usar o nome ficaria acertado por contrato entre em ele, Rozz e Gitane), mas também não chegará à generalidade de Rozz. Visto por qualquer fã mais recente toda a situação não poderá deixar de parecer no mínimo caricata; a banda nasce, lança um álbum e muda todos os músicos à exceção do seu líder que mais tarde acaba por ser quase “expulso” por um guitarrista e sua esposa que a ele se junta para preencher a saída dos músicos iniciais. Bizarro, no mínimo. 
Apesar disso, o primeiro disco saído da nova realidade do Christian Death, “The Wind Kissed Pictures” (EP), seria lançado na Itália sob o nome de The Sin and Sacrifice of Christian Death, mas logo depois “Atrocities” (1986) já seria novamente editado sob o nome de Christian Death. Neste disco, Valor conta com a contribuição do guitarrista Barry “Bari-Bari” Galvin (futuro Mephisto Walz), responsável por boa parte da base harmônica do disco. Rozz, entretanto, seguia seus projetos paralelos, sobretudo o Premature Ejaculation (reformulado com Chuck Collision), ligado mais experimentações, colagens sonoras e perfomance, bem como o Heltir e Shadow Project que eram alvo de maior atenção de sua parte.
Por seu lado, Valor continuava a perpetuar a infâmia do Christian Death através de um novo registro – “The Scripiture (A Translation of World Belief’s by Valor)” (1987), onde trás sua versão da bíblia e outros textos sagrados. Não deixa de ser um bom disco, que trás as primeiras incursões “metaleiras mezzo pop” do músico que investe em refrões fáceis como em “Sick of Love”. “1983”, cantada por Gitane, é uma das mais belas covers de Jimi Hendrix feitas até hoje. 
Ficaria clara a intenção da banda em alcançar um publico maior que não se restringisse ao que definira como Christian Death Society (grupo de fãs e pessoas que compartilhavam dos mesmos ideais, um deles absurdos como a profecia de Nostradamus que previa o fim do mundo em 1999 e que os obrigaria a um êxodo para o Pólo Norte). O clipe do single “Church of No Return” chega a ser exibido em alguns programas de TV. De uma pequena banda de garagem de Pomona, o nome Christian Death ficaria associada a um punhado de referencias e imagens constrangedoras, tanto no seu apelo vulgar (blasfêmias com apelos sexuais desnecessárias) quanto ao gosto pra lá de duvidoso do Sr. Valor Kand que causa quase sempre ondas fortes de vergonha alheia com seu estilo Cigano/Luis Caldas. As outras investidas em clipes é um verdadeiro desfile de mau gosto e amadorismo.
Por fim em 1988 seria editado “Sex & Drugs & Jesus Christ”, o ultimo disco que contaria com a participação de Gitane Demone e que seria o mais polêmico (e com maior êxito comercial) de todos os trabalhos até então apresentados. Desde logo a capa, a meu ver a melhor produzida por esta encarnação, foi imediatamente censurada por ser demasiada ofensiva. Depois, toda a estrutura musical do disco mereceu forte criticas por parte de alguns “profissionais” da música, acusando Valor de um primarismo aberrante e Gitane de uma colocação de voz no mínimo irrisória. Embora eu não concorde com toda a crítica (há sim uma produção meio tosca, mas não sei afirmar se foi proposital), julgo mesmo que se trata de um dos melhores trabalhos do Christian Death (Valor).
Estávamos, pois, em 1990. Valor depois do lançamento de “Sex & Drugs & Jesus Christ” fez uma pequena pausa. A italiana Contempo lança”Insanus, Ultio, Proditio, Misericordiaque”, coletânea de outtakes, entre eles “Infans Vexatio”, uma versão retrabalhada de “Lullaby" (musica de 1984), cantada por Rozz. Daí, surgiram as especulações de uma reunião. Na verdade apenas a sua base instrumental fora regravada e os vocais originais foram mantidos com alguns efeitos; é uma peça meio “bluesy”, bem diferente da pegada do restante do repertorio que compõe o álbum “Catastrophe Ballet”.
Adverso a qualquer reconciliação com Valor, Rozz, por sua vez, cedera ao convite de um selo para reformular o Christian Death. Confuso? Ele junta-se de novo com Rikk Agnew (guitarra), Eva O (backing vocal), Casey (baixo) e Cujo (bateria) para uma serie de apresentações nos buracos mais podres dos EUA e Canadá. Essa digressão terminaria no ano seguinte seria imortalizada no cd “Sleepless Night: Live in 1990”, seguindo-se de “The Iron Mask” (1992), álbum que trás releituras de músicas antigas, inusitadamente lançado também em LP (lá fora, até então só tinham versões em cd) no Brasil pelo pequeno selo Bullet Records. Rozz acaba declarando que este disco foi um erro por não gostar da sua sonoridade, tendo decidido que os seguintes registros iriam pegar exatamente onde tinha deixado a banda alguns anos antes, por altura de”Ashes”. O contrato com a Cleopatra fora firmado um pouco antes deste lançamento com o solo “Every King A Bastard Son” – um disco perturbador de spoken words. 
Assim, em 1993 seria editado “The Path Of Sorrows”, descrito por Rozz como sendo seu disco favorito do Christian Death. E o mesmo tempo veria luz também “The Rage Of Angels” que, embora tenha sido fruto das mesmas sessões de estúdio e sobras de material do Shadow Project, soaria diferente do seu irmão gêmeo, sendo mais agressivo. Rozz fez menção de afirmar que era o mais pesado documento desde “Only Theatre Of Pain”. Depois destes trabalhos, Rozz prosseguiria com os seus projetos paralelos. 
Por seu lado, Valor tinha feito algo parecido quatro anos antes, lançando simultaneamente os álbuns “All The Love” e “All The Hate”, que contavam com a participação do guitarrista Nick The Bastard e do seu filho Savan Kand (com oito anos na época), presente na faixa “I Hate You”. 
Ainda em 1993, Rozz, entretanto, faria um novo concerto alguns membros da formação original que ficaria registrado no álbum “Iconologia” (Triple X) e no VHS “Live” (Cleopatra). Este concerto é marcado por várias controvérsias como a prisão de Rozz no dia anterior por posse de heroína e a briga com Rikk Agnew que abandona a banda antes do fim do show, sendo substituído pelo seu irmão Frank Agnew, que toca o restante do set atrás do palco. 
Em 1994 segue o lançamento do seu EP “Shrine”, do projeto Daucus Karota – um híbrido de proto-punk e glam rock. Neste mesmo ano, através de Nico B (diretor do curta Pig) Rozz voltaria a reencontrar Gitane Demone. Desta reunião nasceria o álbum “Dream Home Heartache”, com seu estilo “cabaret decadence”. Paralelamente Valor reformaria seu Christian Death e lançaria depois um hiato o álbum “Sexy Death God”, seguido do ao vivo duplo “Amen”, discos já contavam com a parceria da baixista Maitri.
Em 1997 saiu o ultimo álbum de estúdio de Rozz Williams, o semi-acústico “From The Heart”, novamente com sua companheira de sempre Eva O, no Shadow Project, desta vez sem a colaboração de Paris. Muito pobre e doente Rozz cometeria suicídio no dia primeiro de abril de 1998, em seu apartamento em West Hollywood. 
Deste modo Valor torna-se o dono absoluto e legal do nome Christian Death, para insatisfação de uns e agrado dos mais devotos. Num jogo de erros e acertos, fica claro que os equívocos, talvez propositais, mantém vivo o que chamo de idéia, e não propriamente uma banda. Embora seja muito distante e destina do grupo original, não há outra maneira de classificá-la a não ser por este nome. Faz parte da saga...

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Cadavres Exquis #23 - Especial Rozz Williams



Há 15 anos atrás o zine Invocations foi lançado e ontem Rozz completaria 51 anos. Como forma de homenagem, preparei este especial que vai rolar hoje as 21hs na rádio Enter The Shadows. Porém, adianto que o set mostra um lado mais "soft" do artista/poeta - obviamente o Premature Ejaculation e as pauladas mais "deathrock" ficaram de fora. Mesmo o projeto Heltir é apresentado aqui num título meio jazzy; um spoken word entrelaçado com experimentações do trompetista Ace Farren Ford (presente em diversos projetos). O lado acústico do Shadow Project aparece em duas músicas do álbum From The Heart e o destaque talvez seja a versão original de "Flowers" (com guitarra/baixo/bateria) extraída do cd póstumo/ao vivo Sleepíng Dogs. Espero que gostem.


  1. Gitane Demone/Rozz Williams - In Every Dream Home a Heartache (Roxy Music cover)
  2. Shadow Project - Forever Came Today
  3. Rozz Williams - Lead Us Not (spoken word live)
  4. Christian Death - The Drowning
  5. Heltir - Gleichschaltung (spoken word)
  6. Rozz Williams feat. David E. Williams - I'm Not In Love (10 CC live cover)
  7. Gitane Demone/Rozz Williams - A World Apart
  8. Christian Death - Luxury of Tears (1992 version)
  9. Christian Death - Cervix Couch
  10. Rozz Williams - Interlude (spoken word)
  11. Shadow Project - Home Is Where
  12. Christian Death - The Angels (Cruciform)
  13. Rozz Williams - Time (David Bowie live cover)
  14. Rozz Williams - The Evil Ones (spoken word)
  15. Christian Death - Lament (Over the Shadows)
  16. Christian Death - Lullaby (demo)
  17. Rozz Williams - Flowers (original live version)
  18. Christian Death - This Mirage
  19. Christian Death - Spectre (Love Is Dead)
  20. Rozz Williams - Dec. 30, 1334 (spoken word)

sábado, 26 de abril de 2014

Christian Death & Rozz news # 2


Depois de uma curta tour em outubro do ano passado, Valor Kand está prestes a lançar um álbum de inéditas. Há uma grande expectativa por parte de seus fãs que não consomem material novo desde 2007, quando American Inquisition saiu. Intitulado The Root of All Evilution deve seguir a mesma linha do último trabalho; pelo menos é o que se pode sentir ouvindo as músicas "The Selfish Gene" e "You Can't Give it Back", executadas em suas recentes apresentações. Embalados com o fôlego deste material fresco, a banda anunciou para maio a excursão européia de comemoração dos 30 anos do álbum Catastrophe Ballet que será tocado na integra, além de outras músicas. Estas apresentações também contará com a exibição do documentário What Jesus Looked Like dirigido por Darryl Hell, o mesmo de Behind The Mask do Death in June. What Jesus Looked Like (que tem lançamento em DVD previsto para junho, pelo selo Furnance Records) é resultado de uma longa conversa que Darryl teve com o Christian Death, "depois diversas" doses de vinho. Com esta "gestação" etílica, o vídeo deverá ter um ar bem confessional a ponto de colocar a limpo muitas as polêmicas em que a banda esteve envolvida, incluindo, talvez, a saída e briga com de Rozz Williams e todos os argumentos sobre os direitos sobre o nome "Christian Death". Mesmo que você não goste de Valor, parece ser algo imperdível.





Enquanto Rozz continua sua (dolorida, porém inspiradora para ele) caminhada pelo "vale dos suicidas", os seus lançamento póstumos não param de pipocar. Mês passado, em meio ao festejo do dia do disco de vinil, a Frontier Records lançou um 7" do Christian Death original com capa gate-fold trazendo fotos inéditas da banda tiradas pelo lendário Edward Colver, um cara que documentou como ninguém a cena punk da Califórnia do final dos anos de 1970 e começo dos 80's. Edward foi o fotógrafo que mais clicou o Christian Death em sua fase áurea (1981/82, incluindo as sessões para o encarte do álbum Only Theatre of Pain). Com o título de The Edward Colver Edition, o compacto trás as músicas "Cavity - First Communion (Alternative Version)" e "The Lord's Prayer" registradas em vinil branco. Contando com uma edição de 2.500 cópias, trás, além das belas fotos que ilustram a capa, também um poster, o que torna este item obrigatório ao fãs mais devotos.





Janeiro de 2012 foi a data do ultimo (re)lançamento do Premature Ejaculation pela série "The Lost Recordings". Sem responder os meus e-mails, existe a especulação que o selo esteja passando por apuros ou que os organizadores da série tenha brigado (sem contar a possibilidade de que a família de Rozz estar na disputa da detenção destas obras). Eu ainda não perdi as esperanças de que um dia isso desemperre de vez e que possamos incluir mais material do Premature em nossa coleção. Esta esperança reacendeu quando tive a notícia do relançamento do álbum Death Cultures I pelo pequeno selo italiano Looney-Tick Productions, especializado em coisas estranhas e experimentais. Lançado originalmente em fita K7 no ano de 1987, Death Culture I foi o primeiro trabalho da segunda encarnação do Premature Ejaculation que contava com Chuck Collision no lugar de Ron Athey. Depois do lançamento do segundo e consagrado álbum Assertive Discipline (trabalho do projeto que mais ganhou diferentes edições - K7, LP e CD), Death Culture ganhou em 1988 duas sequencias que fechavam a trilogia (Death Cultures II e III). Seguindo a roupagem meio "caseira" iniciada pela Malaise Music, Death Culture I sairá no dia 9 de maio numa edição limitadíssima de 100 cópias em cd-r, remasterizado e com a capa diferente da original em formato digipack.

sábado, 26 de outubro de 2013

Christian Death & Rozz news

No dia 13 de outubro Valor Kand encerrou um giro pelos EUA e Canadá. O seu Christian Death apresentou basicamente o mesmo show (set list, estética de palco etc) American Inquisition tour. Curiosidade: as músicas mais tocadas naquela época foram compostas por Rozz; "Sleepwalk", "This Glass House" e "Cavity". Penso que esta mini turnê foi um aquecimento (ou algo do tipo “não esqueçam da gente, estamos vivos”) para um novo álbum que deve ser lançando em breve. Pelo que andei lendo de comentários no youtube ou em reviews, o público (leia-se os fãs, já que a banda não anda lotando tantos clubs assim) reagiu bem a seus shows. Durante estas apresentações, a executou uma música inédita chamada "The Selfish Gene" que provavelmente fará parte deste trabalho de estúdio. Eu não a escutei ainda, mas acredito que não deva deve sair do habitual “death-goth-metal” desta encarnação cuja a concepção visual é um tanto duvidosa.

Em novembro agora Rozz faria 50 anos de idade. Enquanto a Malaise Musica não se manifesta sobre a interrupção da série Lost Recordings do Premature Ejaculation, a Cult Music (o braço musical da Cult Films de Nico B, que relançou há poucos meses a versão blue-ray do curta-metragem Pig com subtítulo 1334 em embalagem deluxe) anunciou para o próximo mês um disco com gravações ao vivo raras feitas na Bélgica (em Waregem e Brugge, entre 1993 e 94), Los Angeles em 1997 (em uma das ultimas aparições do artista). Sleeping Dogs sairá tanto em vinil (duplo com capa gatefold) quanto em cd (este formato sairá apenas nos EUA e distribuído pela Entertainment One) em edição limitadíssima. Para cada formato haverá uma capa diferente, sendo que no vinil há três versões do bolachão; uma com vinil preto (prensagem de 300 cópias), mármore (100 copias) e rajada (100 copias). No cd (da qual a capa é uma máscara mortuária) há uma versão alternate de "Nostalgia". Para fãs colecionadores, eu aconselho adquirir estas peças logo, pois assim que foram anunciadas as pré-vendas elas se esgotaram rapidamente em algumas lojas virtuais.
 
 
LP tracks:
Side A: Time / Nostalgia / Bruised / Dodo / Kill Your Suns
Side B: Hold Me Down / Flowers / The Doll
Side C: World Inside / Hall of Mirrors / 2nd Step / Sunken Rex
Side D: Moonage Daydream / Raw Power

 
 

CD tracks:
01 Time
02 Nostalgia
03 Bruised
04 Flowers
05 Dodo
06 Kill Your Suns
07 Hold Me Down
08 The Doll
09 World Inside
10 Hall of Mirrors
11 2nd Step
12 Sunken Rex
Bonus: 1
13 Nostalgia (Alternate Version)

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Rozz Williams - Dec. 30, 1334 (tradução livre)

Quando você ouvir essa mensagem, já terei partido
Obrigado pela forças do tempo e uma voz que sussurra “Na há outra opção”
O som de uma arma de fogo ao longe, num horizonte azulado
Surgindo lentamente feito gotas de sexo, incitando côas em veias dissonantes
Sim, avancei, transpus, cruzei livremente os portais de pérola
Fui conduzido, sem perceber, até a bifurcação do caminho
Agora cheguei à presumida insanidade paralela, uma trilha estreita dividida por milhões de existências fragmentadas, vivi apenas uma
Então você não crê no amor, todavia foi o amor que me destruiu
Deposito meu corpo, tire a casca para provar
Cavo minha cova próxima a sua como se dissesse “Isto é o que sempre desejei”
Forma vários anos clamando nomes, de quem eu gostaria de ter tido retorno?
Daqueles me machucaram? Me foderam? Me desrespeitaram – João ou Judas?
Fincado feito um punhado de carne elástica, agora eles não me agradam mais
E algo mais antes de partir – sem arrependimento
Esqueça o despertar de amanhã, o hoje descobriu seu término
Um minuto de silêncio, por favor, pelos os mortos e moribundos
Brevemente há tranqüilidade ao redor, então BANG BANG!
Destroços e retomada da próxima rotina
Avante nesta estrada, quente e empoeirada, olhei para os lados
Já estive nela antes? Enterrou alguém amado aqui? (Tudo que é amado está aqui)
Nascente de todos os locais, nunca esperei encontrá-lo rastejando
Estendi minhas mãos e ninguém as pegou, por outro lado, beijaram umidamente
Deixando para trás o rancor gotejante e a triste luxúria mesclada a sangue
Pedi para fazer um corte e sugar o veneno
Algum de nós, como sabe querido irmão, desejamos tais prazeres infantis
E guiado por uma selvagem besta interior, monto o seu corcel de brinquedo
Disparo loucamente em direção ao pálido horizonte
Um fogoso abrigo que me faz tremer
Parto abandonado, no pó, outro soldado ferido, outro monte de sucata mutilada igual a mim
E prosseguindo, avançando, - a desconfiança na cabeça torpe
Suspeito que já nos encontramos em algum lugar antes
Que em nossas várias viagens, nos cruzamos bastante
Que você, em várias oportunidades, me perseguiu
Andamos largos passos até a paisagens repletas de sombras, nossa marca entre os mortos
Sim, há uma imagem nebulosa de você, ambígua, locada em mim
Vi em seus olhos o mesmo medo primitivo com o qual lutei toda a minha vida, de que ainda me esforço para escapa
Embora não consiga, e recolha meus pedaços, te aconselho a nunca mais cair
Siga o líder nos terrenos, finde o eterno açoite da evolução do mundo, mundo ao qual não pertencemos
Guardo isto na lembrança, minha doce juventude estilhaçada
Ergui um templo em meu ardente coração para abrigar tesouros como estes
Uma abundancia de lembranças iluminadas para confortar nas horas necessária
Agora noto que cheguei ao horizonte pálido
Você, ao meu lado, ao meu redor, mas como gostaria que estivesse aqui
Sinto sua falta mais do que pode imaginar
Te amo mais do qualquer outro
Numa apaixonada recordação e longo desejo
Seu irmão...

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

E nome de?



E debruça sua loucura e mesquinharia nas justificativas das religiões....Amém?

domingo, 29 de julho de 2012

Christian Death - "Death Box" (boxset - 5 Cds + Dvd)

Valor Kand "adormece" mais uma vez; seu site continua anunciando seu último álbum American Inquisition (2007), disco que resultou numa extensa tour, que passou inclusive por São Paulo. Sabe-se que esses hiatos, que alguma polêmica (qual?) está por vir. Na época em que American Inquisition foi editado, tudo parecia ir bem (mesmo a crítica pegou leve com o músico) até que o orgulho de Valor fosse ferido quando Eva O., Rikk Agnew e James McGearty reuniram-se sub o nome de Christian Dearh 1334, rendendo trocas de farpas pesadas via Myspace - cada lado reivindicando, de forma infantil e radical, a autenticidade de seus respectivos projetos. Por mais que parecessem "boas" as intenções de Eva e cia (essa ala com mais afinidade a formação original da banda), isso me pareceu também um duro golpe a memória de Rozz. Mesmo com aspecto de banda tributo, o Christian Dearh 1334, no entanto, parecia ser tão ilegítima (ou mais) e constrangedora que a versão da banda que sobrevive até hoje na tutela de Kand.


Baixada a poeira deste episódio, Valor, como numa demonstração de "dono do pedaço", anunciou o relançamento de parte de sua discografia e videografia pelo selo franco-americano Season Of Mist (especializado em metal, responsável por Americam Inquisition). A partir disso renasceram em 2009 Catastrophe Ballet (1984) e Ashes (1985), mais uma vez em reedições maculadas, contendo músicas "inéditas" (porém com arranjos novos) que Valor dizia ser cantadas/escritas por Rozz. Basta ouvir e conferir a tamanha farsa. Até hoje se espera os outros títulos ganhem um acabamento melhor (o próximo seria ou será The Wind Kissed Pictures seguido de Atrocities), já que os que o reprensagem da Candlelight deixaram muito a desejar, a começar pelas capas alteradas, dignas de mau gosto. Tudo leva a crer que o atraso desta investida é resultado de alguma indisposição de Valor com a Season Of Mist ou da própria falta de liberação dos selos que detém parte dos direitos. A série de reedição ficou estacionada nestes dois títulos, deixando no ar se isso não passou de uma mera oportunidade de destilar seu senso provocativo em relação a Rozz.


A enxurrada de criticas com relação a deturpação destes álbuns clássicos veio a tona, como já havia ocorrido em outros momentos. Kand não se pronunciou e seu o silêncio ainda prevalece...Como de prache, na sua ausência, eis que a Cleopatra decidiu dar a luz mais uma vez alguns trabalhos de Rozz Williams, quando este fazia parte de seu cast entre os idos de 1992 e 1994...De material inédito não há nada neste boxset - com exceção a algumas fotos do seu encarte (parte do acervo pessoal de Eva O.). Posso dizer que existe certa incoerência na seleção e na compilação de alguns destes cds, como por exemplo combinar num cd os álbuns The Iron Mask e um raro EP do Shadow Project (editado em mil exemplares, contendo as suas primeiras demos), ou o "official bootleg" Sleepless Nights com álbum solo Everyking A Bastard Son.




Mas no fim dá pra se perdoar alguns equivocos porque é uma bela amostra dos ofícios de um artista talentoso que, mesmo multifacetado, permitia aos ouvidos mais atentos encontrar pontos de convergência nas sonoridades mais variadas - do deathrock, passando por versos desesperados do seu spoken words a momentos mais dançantes dos remixes assinados por bandas de industrial/EBM. Fica mais uma vez evidente nesta homenagem póstuma que o nome "Christian Death" tenha sido usado mais uma por ser comercialmente mais viável (poucos sabem mas The Path of Sorrow e The Rage of Angels são praticamente sobras de estúdio do Shadow Project, da época do Dreams For The Dying).




Parte destes discos (ou todos) apresentados nesta caixa já estavam fora de catálogo há um bom tempo, o que torna mais especial a sua aquisição. Não ainda sei se as músicas foram remasterizadas, pois é há poucos artigos sobre a Death Box, que faz a gente arriscar a pensar que trata-se de uma edição quase clandestina como já havia sido feita a pouco tempo com algumas prensagens recentes em vinil da própria Cleopatra. São 4 cds e um dvd (com aquele famoso show de reunião de 1993, lançado originalmente em audio depois em VHS, posteriormente em dvd). Coisa de colecionador e nada mais...Então, para aqueles que sentirão que a coleção ficará incompleta sem eles, é pegar ou largar.



DISC 1
THE IRON MASK (1992) 1. Spiritual Cramp 2. Sleepwalk 3. Skeleton Kiss 4. Figurative Theatre 5. Desperate Hell 6. Deathwish 7. The Luxury Of Tears 8. Cervix Couch
9. Skeleton Kiss (Death Mix) 10. Down In The Park (Live) KISS EP (1992) 11. Spiritual Cramp – Sacrifice (Extended Version) 12. Skeleton Kiss (Fright Mix) 13. Skeleton Kiss (Alternate Death Mix) 14. Resurrection – 6th Communion (Live) THE ORIGINAL SHADOW PROJECT EP (1990) 15. When The Heart Breaks 16. Working On Beyond 17. Lying Deep 18. Holy Hell 19. Death Plays His Role 20. Penny In The Bucket


DISC 2
THE PATH OF SORROWS (1993) 1. Psalm (Maggot’s Lair) 2. The Path Of Sorrows 3. Hour Of The Wolf 4. In Absentia 5. Mother 6. The Angels (Cruciform) 7. Book Of Lies 8. A Widow’s Dream 9. Easter (In The Tombs) 10. Venus In Furs INVOCATIONS [STUDIO TRACKS] 11. Sleepwalk (Original Version) [1983] 12. Invocation III (1983) 13. Haloes (1985) 14. Spectre (Love Is Dead) [1985]



DISC 3
THE RAGE OF ANGELS (1994) 1. Trust (The Sacred And Unclean) 2. Lost Minds 3. Still Born / Still Life Part I (for Jeffery Dahmer) (with love) 4. Sex 5. HER Only sIN 6. Bad Year 7. Torch Song 8. Still Born / Still Life, Part II (The Unknown Men) 9. Procession 10. Panic In Detroit (For John Anderson) DEATH IN DETROIT (1995) 11. Panic In Detroit (Numb Remix) 12. Panic In Detroit 1.1 [Whatever] (Rosetta Stone Remix) 13. Figurative Theater (Die Krupps Remix) 14. Panic In Detroit [Turning In His Grave] (Spahn Ranch Remix) 15. Venus In Furs (Leæther Strip Remix) 16. Skeleton Kiss (Noise Box Remix) 17. Panic In Detroit (Zero Gravity Remix) 18. Spiritual Cramp (Symptom Reversal)



DISC 4
DEATH MIX (1996) 1. Deathwish (Wishful Death Mix) [Birmingham 6] 2. The Angels (Cruciform) [The Zend-Avesta Mix] [Laibach] 3. Cervix Couch (One By One) [Spahn Ranch] 4. Book Of Lies (Seven Mix) [Bigod 20] 5. Spiritual Cramp (Electric Hellfire Club Mix) 6. Death In Detroit (Disassembled) [Front Line Assembly] 7. Figurative Theatre (Extended Version) [Die Krupps] 8. Sleepwalk (Hypnotic Remix) [Lights Of Euphoria] 9. Figurative Theatre (Klute Version) 10. Desperate Hell (Digital Poodle Mix) 11. Still Born / Still Life (Dahmer’s Dead Remix) 12. Mother (Forgiveness Mix) [Controlled Bleeding] 13. Lost Minds (THD Remix)



DISC 5
SLEEPLESS NIGHTS – LIVE (1990) 1. Cavity – 1st Communion 2. Figurative Theatre 3. Burnt Offerings 4. Dodo 5. Mysterium Iniquitatis 6. Dream For Mother 7. Stairs (Uncertain Journey) / Trials 8. Spiritual Cramp 9. Romeo’s Distress 10. Resurrection – 6th Communion 11. Deathwish 12. Sleepwalk EVERY KING A BASTARD SON (1992) 13. Whorse 14. Mind Fuck (Soundtrack To A Murder) 15. The Beast (Invocation) 16. Currents 17. To He Who Shall Come After (Mystic Fragments) 18. The Evil Ones 19. No Soldier (Cloak Of Shit)

DISC 6:
DVD – LIVE IN LOS ANGELES (1993) 1. Excommunicamus 2. Cavity – 1st Communion 3. Figurative Theatre 4. Cry Baby 5. Dream For Mother 6. Deathwish 7. Some Men / The Other 8. Mysterium Iniquitatis 9. Stairs (Uncertain Journey) 10. Spiritual Cramp 11. Resurrection – 6th Communion 12. Sleepwalk 13. Romeo s Distress 14. Dogs

domingo, 1 de abril de 2012

on april fools day 1998...

Uma doença incurável no dia de descanso.
Caminho sobre as águas, num oceano de incesto. Tenho a imagem de Cristo embebida no meu peito e nunca saio de casa sem o meu colete à prova de amor.
Suicido-me para a lua-de-mel perfeita. Luto com escorpiões que se agarram ao meu pescoço. Sigo o rasto dos assassinos a monte e sei que as crianças preferem usar os dedos em vez de palavras.
As cruzes ardem nos teus templos, que curiosamente ficam todos na avenida da Selvajaria Sanguinária.
Demorei muito tempo para afirmar: EU RECUSO!
O tempo escava a minha sepultura e daqueles que se julgam escolhidos para qualquer coisa…
As crianças escavam sepulturas para ti e para mim.

Peço-te: descreve a doença e eu prescreverei a cura. Vive bem os teus dois dias de vida, como se fossem dois dias de férias. Esquece que existes, vive apenas.

Tenho toda a porcaria espiritual presa às minhas costelas. Como bandidos, corrompem o meu corpo e avermelham a minha pele doente. São salteadores do meu corpo.
As crianças preferem os dedos à conversa fiada.
Os dedos enterram as crianças por debaixo da Vossa hipocrisia, meu querido e cruel… deus.

Posso morrer mil vezes, mas sei que estarei sempre aqui com os segredos bem guardados nos ossos retorcidos da minha caveira que se tornará em pó seco dos anos que nunca cessarão de passar. Os anos que correm em ablação para trás.

Fecho os olhos e vejo o nariz do enforcado gotejando sangue. Olho as minhas mãos e sei que elas são as assassinas que provam a existência das minhas lágrimas.

Jesus! Não te atrevas a tocar-me! Nunca mais me voltes a enganar!
Vem até ao meu coração…, por favor
Onde é que tu estavas? Quando este fogo dentro de mim começou?

Tenho uma missão incumbida pelo Pai para apagar da memória dos homens os portões do Inferno.
Cravarei bem fundo os meus dentes de marfim no corpo da Grande Mãe e saberei quando ela começará a morrer.
Serei o mitómano das Vossas incertezas, a verdade nos Vossos medos.
Pedi vinte e duas mesas para o festim do seu funeral. O Mal será sempre o mais delicado dos convidados.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Ouvidos chamuscados para 2012

O ano de 2011 se foi e alguns relançamentos passaram quase batidos. Porém, é bom lembrar que para este ano teremos mais "novidades". Antes de mais nada (há muito ia comentar isso por aqui), como muitos, fiquei bastante decepcionado com a volta do Danse Society. Na verdade era de se esperar um desastre, como já vem acontecendo há algum tempo com as bandas da fase áurea do "goth punk", que de forma mercenária e vulgar tentam em agradar os neófitos deathrockers sem referência (isso me lembra aqueles circos do interior que anunciam uma atração falsa para alegria de gente carente de cultura)...Se eu fosse destas bandas, ficaria bem quietinho no meu canto e honraria o meu passado...No caso do Danse Society a coisa extrapolou a breguice - o baixista Paul Nash (o único remanescente da formação original) foi o mentor desta palhaçada toda. Ele recrutou uma perigótica para os vocais, bebeu da fonte "metal gótica" e manchou a discografia da banda com Change Of Skin, álbum lançado no semestre passado e que deve de qualquer modo ser evitado...Uma prova disso está no clipe promocional do single "Revelation", que pode ser descrito como "no mínimo constrangedor". Eu cheguei a postar diversas frases indignadas no Youtube até ser bloqueado (Paul Nash perdeu a noção e virou um convicto ignorante)...Sei que os outros membros que não participam desta desastrosa investida devem pensar o mesmo que eu. No entanto, para compensar a carga de críticas negativas (talvez para acalmar os ânimos mais exaltados dos fãs mais antigos), Nash decidiu desengavetar as demos da banda gravadas entre 1983 e 1984, durante a gestação do álbum Heaven in Waiting na coletânea Demos Vol. 1, colocada a venda em formato em mp3 no site oficial da banda. Alguns meses depois o selo americano Dark Entries resolveu licenciá-la e fez uma bela edição em vinil, que trás um encarte repleto de fotos, letras e notas do jornalista Mick Mercer. É um disco fundamental para colecionadores que apreciam raridades deste tipo. Além deste item do Danse Society, eu recomendo que dêem uma checada no restante do catálogo da Dark Entries repleto de muita coisa boa e que nunca imaginei que um dia fosse ver no formato "bolachão", como o cultuado duo belga "minimal wave" Vita Noctis que ganhou uma coletânea dupla com todas as músicas lançadas (em K7 e num único 12") durante a sua efêmera existência.


Ainda na linha "muito gótico para ser punk e muito punk para ser gótico" a Jungle Records finalmente cumpriu a promessa de relançar material do Bone Orchard. Lembro que na pequena biografia que escrevi no Junkeria Nefasta eu pedia que a Jungle ou a Cherry Red Records nos presenteassem com alguma reedição em cd. Eis que para aqueles que sobreviveram, as preces foram atendidas. Stuffed To The Gills & Other Fishy Tales a versão turbinada do EP Stuffed To The Gills que foi o primeiro lançamento da banda concebido em 1983 e que continha material gravado numa Peel Session (era de praxe muitas bandas desta geração reaproveitar o material destas sessões em sua discografia oficial). Além das músicas deste disco, esta coletânea contém material extraído de outros singles e do seu álbum de estréia, Jack (1984). O melhor de tudo que as canções foram remasterizadas e como bônus o case vem com um dvd contendo clipes promocionais (a maioria inédito, já que dois deles já tinham feito parte dos dois volumes do dvd In Goth Daze, da Cherry) e uma pequena apresentação ao vivo no Amsterdam Paradiso. Para aqueles que não conhecem, o Bone Orchard foi uma banda inglesa de gothabilly formada em 1983, por Chrissy McGee (uma versão feminina dos vocais de Nick Cave), Mark Horse (guitarra), Troy Tyro (guitarra), Paul Henrickson (baixo) e Mike Finch (bateria, logo substituído por Ben Tisball). Sua carreira foi bem curta, porém bem intensa - durou um pouco mais de dois anos, chegando a lançar quatro singles, dois álbuns e uma coletânea não oficial e homônima na Espanha. As ilustrações das capas dos seus discos, sem exagero, são verdadeiros “quadros” de neo-expressionismo, que já davam uma idéia do contexto poético e insano de sua sonoridade. Além da parte instrumental e das letras, a banda se preocupava bastante com o lado visual/artístico, chegando a ter alguns dos seus clipes (cujo o imaginário surrealista carrega fortes influênias de David Lynch) dirigidos por gente de renome no meio underground de Brighton, cidade onde a banda emergiu.


O The Sound foi uma banda que só teve a discografia relembrada e reeditada digitalmente em 2001 pelo selo inglês Renascent. Foram 11 cd's no total, contando com as captações ao vivo da série The Dutch Radio Recordings. Depois de expirar a licença, a Warner (a dona do selo Korova) reclamou os direitos dos dois primeiros álbuns e a Renascent foi obrigada a tirá-los de seu catalogo. Boatos sobre uma nova reedição pela major surgiram há uns dois anos atrás...Até que o seu novo selo independente, intitulado 1972, anunciou para o dia 31 deste mês a recolocação de Jeopardy e From The Lions Mout nas prateleiras. Ainda não se sabe se estas novas versões também sairão em vinil como aconteceu com Echo and the Bunnymen que teve os discos Porcupine e Ocean Rain discos relançados pela 1972. De qualquer maneira, se forem apenas em cd se espera um acabamento do seu encarte seja bem melhor que aquele digipack furreca que a Renascent apresentou...Banda na altura do Sound, merece coisa melhor; no estilo deluxe, remasterizado e com vários bônus tracks. Que assim seja...Ah, já ia me esquecendo - os primórdios do The Sound (quando Adrian Borland e cia se denominavam The Outsiders) poderão ser conferidos em fevereiro em dois cd's imperdíveis pelas Cherry Records.

Se eu fosse enumerar o tanto de discos bons dando as caras novamente gastaria horas escrevendo. O vinil lá fora voltou contudo e, ironicamente, ressurge como uma centelha de esperança na falida industria fonográfica. Aqui no Brasil o mercado, principalmente de rock, também está pra lá de murcho (seria a volta do vinil a salvação?). As grandes gravadoras abriram mão de relançar bandas de rock independente internacional, mesmo aquelas que andam fazendo a cabeça dos mais antenados. Semana passado eu li a notícia que um selo carioca está fazendo um trabalho legal e colocando a cara pra bater; o Lab 344. Discos consagrados do The White Stripes estrearam uma séria chamada Lab.Rocks que pretende lançar até março, cd's e dvds de bandas como Pixies e The Cult. Quais os títulos? Ainda não sei, mas já estou ansioso, esperando que haja algum atrativo que valha a aquisição. O The Cult anunciou um novo álbum para este ano e bem provável que se trate mesmo de material inédito.

Notas rápidas: o selo franco-americano pelo visto Season Of Mist congelou os relançamentos do Christian Death (Valor). Depois de Ashes e Catastrophe Ballet , acredito que Valor esteja dando problema nas negociações. Espero que eu esteja errado, porque dentro deste "pacote" teríamos até um dvd com aqueles clipes gravados nos anos de 1980 que são verdadeiros shows de horror (leia-se cafonas). A Malaise Music desde setembro também não solta nada do série The Lost Recordings do Premature Ejaculation; o último foi Dead Whorse Riddle (MAL9). Será a crise? Depois de assinar com a Prophecy e lançar um single e um álbum inédito, o Sol Invictus vem relançando ininterruptamente sua discografia completa em caprichadas edições em cd remasterizados, capas em digipack, bonus track, aquele capricho todo pra fã nenhum botar defeito.

sábado, 5 de novembro de 2011

Christian Death - Live at West Side Club, Lyon (France) - May 17, 1984

Rozz, sem dúvida, merece mais atenção por aqui, já que o número de notas sobre Valor Kand são maiores. Hoje o artista completaria seus inimagináveis 48 anos. Além de uma homenagem, este post é também um presente aos seus seguidores que sempre estão a caça de relíquias. Trata-se de um achado: uma gravação límpida de um show do Christian Death realizado em 17 de maio de 1984 durante a excursão francesa para divulgação do álbum Catastrophe Ballet e que foi transmita por uma rádio local de Lyon (Radio-Bellevue FM). Eis o porquê de sua boa qualidade sonora que supera (em termos de capitação) outros bootlegs que ganharam posteriormente edições "oficiais" em diversos formatos, por vários selos. Vocês perceberão uma pequena queda de qualidade nas duas últimas faixas, já que consegui achá-las separadamente (estavam sem remasterização, com aquele típico zunido da fita K7) – porém tentei dar uma equalizada para que o volume e os agudos ficassem num nível semelhante do restante. De qualquer maneira isso passa quase despercebido quando se entra no clima desta apresentação empolgante (o que mostra que a banda, em sua segunda encarnação, num dado momento estava bem entrosada) de deixar os fãs mais devotos de alma lavada. Bom download.

CHRISTIAN DEATH – Live at West Side Club, Lyon (France) - May 17, 1984
Setlist:
01. Awake at the Wall
02. Sleepwalk
03. The Drowning
04. Theatre of Pain
05. Cavity - First Communion
06. The Blue Hour
07. The Fleeing Somnambulist
08. Androgynous Noise Hand Permeates
09. Electra Descending
10. As Evening Falls
11. Face
12. Cervix Couch
13. This Glass House
14. Romeo’s Distress

Line up:
Rozz Williams (vocal)
Valor Kand (guitar/backing vocals)
Gitane Demone (keyboard/backing vocals)
Constance Smith (bass)
David Glass (drum)

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Christian Death - Atrocities (1986)


Parece contraditório partir de um admirador de Rozz Williams postar mais matérias do seu arque rival Valor Kand. Bem, já se se foi para mim à época em que eu levantava a bandeira como um adolescente deslumbrado. Tenho escutado novamente os trabalhos de Valor e, embora eu descorde de todos os seus equívocos e me ver prostrado pelas vergonhas alheias que suas cafonices causam, provou que o “Christian Death” pode ser uma experiência que está além da música, conceito que davam bases ao que ele passou a denominar de Christian Death Society. Claro que é impossível, por uma questão de lógica, aceitar a sua banda como sendo uma continuação autêntica (embora haja sem dúvidas conexões) do que pretendia o grupo original, porém essas controvérsias permitiram que os fãs tivessem a possibilidade de comparar as idéias, fazer diversas interpretações tão diferentes dentro do mesmo nome.

Este é um review que escrevi em meu antigo site para o álbum Atrocities com três letras traduzidas. Como a alguns dias postei um bootleg que antecedia seu lançamento, fica este registro para não perder fio da meada.

Após o lançamento de dois EP’s ("The Wind Kissed Pictures" e "Believers of the Unpure"), o oportunista Valor, oferece-nos aqui o melhor trabalho, em minha opinião, do seu Christian Death. Este álbum, onde estréia também como vocalista (na verdade à volta a posição de cantor, como nos tempos de Pompeii 99), é também um ponto final a uma saga iniciada com Catastrophe Ballet (1984), antes da banda arriscar-se em caminhos heavy-metálicos. Gravado no lendário Rockfield Studius em Gales (onde também foi gerado seu antecessor, Ashes), Atrocities retrata de forma envolvente e dramática a dura e cruel realidade da Segunda Guerra Mundial, cujo impacto era sentido intensamente nos anos de 1980, em pleno auge da Guerra Fria. Seria proposital que sua prensagem original fosse na Alemanha pela Normal Records? Para dar um ar mais místico a sua concepção em estúdio, Valor fez questão de relatar no encarte, todo escrito à mão, que “Nós respeitamos a presença do espírito da Mulher e da Criança do Acre Hill House, durante o tempo todo em que estivemos lá”.



Um espantoso acorde de violino anuncia sua abertura com a corpulenta "Will-o-the-Wisp" onde a bateria de David Glass faz maravilhas com batidas fortes e bem marcadas. Desde a debandada de Rozz Williams, esse line-up se manteve na Europa. A nova morada influenciou diretamente no seu som, cuja estrutura não apresentava mais resquícios de sua procedência americana (o deathrock cru introduzido por Rozz no Pompeii 99 ficaram para trás) – aqui, a versão genérica do Christian Death, já ecoava como as bandas góticas do velho continente, orientadas por numa tendência mais melódica e densa.

Depois da primeira faixa, somos surpreendidos com a tranqüilidade de “Tales of Innocence”. O tema, originalmente se chamava “The Gift of Sacrifice” e cantado nos shows até então por Valor, ganhou em sua versão definitiva na bela voz de Gitane Demone que deu um ar mais dramático a letra que aborda o horror das torturas sexuais em que as prisioneiras eram submetidas nos campos de concentração. Os títulos sucedem-se às vezes agressivos, como "Stapping me Down", às vezes de uma calma venenosa e corrosiva, em "The Danzig Waltz". Seguem "Chimerè De Si De La” e "Silent Thunder" que apresentam um trabalho excepcional de guitarra de Valor e Barry Galvin (Mephisto Walz). Ao emergimos deste mar escuro e oscilante, ganhamos fôlego com a semi-acústica "Strange Fortune", porém logo em seguida os ouvidos são golpeados pela a ferocidade de "Ventriloquist" que ao vivo ganhava uma versão mais violenta que podia atingir quinze minutos de duração. E esta exibição de atrocidades avança com a arrepiante versão "Gloomy Sunday" cantada por Gitane.



O ato atmosférico de "The Death of Josef" (um réquiem ao médico Josef Mengele, conhecido como o Anjo da Morte em Auschwitz), fecha este álbum que tem a morte nas trincheiras como constante em seu imaginário. Aqui não há uma linha que separa a realidade do quimérico, pois a dor e o desespero tornam as duas condições homogêneas, como exibido nos rostos grotescos da pintura expressionista "Die Sieben Todsünden" ("os sete pecados capitais) de Otto Dix (1891—1969) que compõe a contra capa da primeira edição desse trabalho de estranha delicadeza.


Algumas letras traduzidas:



“Contos da Inocência”
Nós éramos enormes lanternas de caça
Iluminando o caminho para o banquete do faminto
Nossa rígida pele jovem pronta para ser suja

Corpos como brinquedos negociados por favores
A oferta do sacrifício

Enxugando meu corpo que não pode ser limpo novamente
A culpa sangra do gosto do pecado
Minhas vergonhas são memórias da paixão
O desejo do prazer profundo

Corpos como brinquedos negociados por favores
A oferta do sacrifício

Sem flores para poupar o que ela deu de si para eles
E quando ela voltou, ela estava, ela estava...
Ainda, ainda...

Corpos como brinquedos negociados por favores
A oferta do sacrifício

“Trovão Silencioso”
Minha cama é o jardim onde todas as vozes se encontram
Mãos deslizam através da água embaixo de meu travesseiro
Pedras como chuva banham as horas
As mãos no meu pulso, sexo, flores murchas

O trovão silencioso ergue-me para dormir
Caindo num abismo tão profundo

E se meus olhos tímidos da manhã
Meus lábios provarão de fruta verde
Palavras sem significados evocam o passado
O futuro foi o dia antes do último.

“Estranha sorte”
Eles preservavam belos quadros
Derramando o vinho, que brinde cruel...
Boatos dispersos são contados nos cafés
Respeito aos olhos do inimigo

Uma calorosa e oculta vingança de amantes
A dança das flores em um perfume roubado
Uma taça de champanhe, uma lasca de pão.
Respeito aos olhos do inimigo

Estranha sorte...

Suas canções iludiram a lealdade
Enganando os perversos quanto à fuga
Boatos dispersos contados em cafés
Respeito aos olhos do inimigo

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Sin and Sacrifice of Christian Death - Live at Turin Big Club - 23/10/1985


Na segunda encarnação do Espaço Retrô (que funcionou na Rua Fortunato 34 - Sta. Cecília, entre 1995-98) havia um pequeno cômodo no mezanino onde o Rogério do fanzine Ruídos Alternativos exponha suas publicações e de outros editores independentes. Nesta época ele me deu um catálogo de uma distribuidora de discos espanhola chamada Musicas de Regimen que tinha acervo bastante extenso. Encomendas por correio eram uma das formas mais econômicas para se adquirir discos, pois você escapava dos abusos de intermediários (lojas ou importadoras). Os preços da Musica de Regimen eram bem atrativos; sem contar que eram cotados em Pesetas, ou seja, quase um terço do nosso Real. Além de cds, vinis, vhs (um deles, o Sons Find Devils dos Virgin Prunes que acabei adquirindo por este catálogo e inexplicavelmente ainda continua sem uma merecida edição em dvd) havia um sub-catalogo de bootlegs em K7 das bandas mais absurdas. Um deles foi este que disponibilizo agora para vocês: um show raro do Christian Death gravado em 23 de outubro de 1985 (em Turim, Itália), meses depois da debandada de Rozz Williams e que fez da tour européia para divulgação do álbum Ashes. Acredito que neste período, Valor, Gitane e David Glass ainda se dominavam "Sin and Sacrifice", mas logo em seguida passariam a tocar, sorrateiramente, como "Sin and Secrifice of Christian Death" até finalmente simplificarem de vez para "Christian Death", o que não agradou nenhum pouco Rozz. Reza a lenda que as apresentações desta época eram propositalmente bastante escuras e, por causa dos falsetes vocais ala Rozz Williams de Valor, muitas pessoas iam às apresentações pensando estar "ouvindo" o vocalista original.

O set list baseia-se em músicas dos álbuns Catastrophe Ballet, Ashes entre outras que fariam parte dos dois EP's e do álbum (Atrocities), lançados no final de 1985 (The Wind Kissed Pictures) e começo de 1986. Desta maneira é possível notar que, mesmo com o "desfalque" de Rozz, Valor antes mesmo de assumir os vocais já estava munido de um extenso repertório para levar, de modo um tanto controverso, seu Christian Death adiante. Live at Turin Big Club é um excelente bootleg de qualidade sonora média; um pouco abafado, mas nada mal para uma gravação proveniente de uma fita K7 que estava há uns 15 anos engavetada. Tentei dar uma "remasterizada" no Sound Forge, aumentando o seu volume, resgatando o máximo de agudo (tudo bem que quase não se nota, mas juro tentei fazer um milagre) e recortando algumas faixas que estavam emendadas. Quem já está habituado com tantos bootlegs de baixa qualidade do Christian Death editados oficialmente por ai, não vai achar este tão capenga, fazendo valer mais aquela velha frase clichê que conforta qualquer colecionador: "o que vale é o registro". So, enjoy!

Sin and Secrifice of Christian Death - Live at Turin Big Club - 23/10/1985

1. The Death of Josef (fragment)
2. Sleepwalk
3. The Wind Kissed Pictures
4. Will O' the Wisp
5. The Luxury of Tears
6. When I was Bed
7. Between Youth
8. Androgynous Noise Hand Permeates
9. Electra Descending
10. Strapping Me Down
11. Ashes
12. Lament (Over the Shadows)
13. This Glass House

Ps: É possível notar (pelos acordes de baixo) que eles tocariam também "Gloomy Sunday" logo após "When I Was Bed", mas acabou sendo sendo descartada e substituita por "Between Youth".


Line-up:
Valor Kand (vocals & guitar)
Gitane Demone (keyboards & vocals)
David Glass (drums)
Barry Galvin (guitar)
Johann Schumann (bass)

*download here*

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Only Theatre of Pain - reissue # 2

Divulgados os nomes dos sons inéditos presentes no compacto 7" que vem como extra em sua versão long play (prensado em vinil violeta). Trata-se de "Cavity: First Communion" (Alternative Version) e "The Lord's Prayer". Além deste imperdível item, quem adquirir as primeiras cópias do bolachão também será contemplado com um poster promocional. Segue a tradução de "Cavity" e algumas imagens desta edição comemorativa para deixar os fãs mais instigados.

Cavidade - A Primeira Comunhão

Vamos desvelar o problema da disciplina
Vamos dar início a uma ilusão
com a mão e a caneta
Releia as palavras e comece de novo
Aceite o dom do pecado
O dom do...
O prazer está sangrando ao sufocar das palavras
As quatro paredes drenam-me de toda a imaginação
Gritando alto para receber a ordem de permanecer parado
Gritando alto para receber a ordem de permanecer parado
O preço da morte vermelha
é o preço do amor verdadeiro
A rainha Negra salta através de minha pele
O rei dos corações aguarda próximo ao lar
Alguém faz disparos lá fora
O dedo no gatilho arde de desejo
outro alvo se movendo
mais sangue em sua sobrepeliz
Mais sangue pelo preço da morte vermelha
Te prego contra a parede
Te prego contra o misticismo espanhol
te prego contra a parede
Três disparos ressoaram feito gritaria
Quem tem vontade de fazer o papel de soldado romano
que mantenho dentro de mim?
Artista perene, o que você vê?
O que você vê?
Meu receio oculto de estar sozinho
Eu sento e agarro minhas próprias mãos
Sento e faço amor comigo mesmo
Tenho sangue em minhas mãos
Tenho sangue sobre as suas
Sangue nas mãos
Sangue...

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Only Theatre of Pain em reedição histórica

Hoje o selo americano Frontier Records colocou no mercado mais uma edição (em vinil e em cd) de um dos seus maiores orgulhos: o emblemático álbum de estréia do Christian Death: Only Threatre of Pain que, para muitos, é considerado o único e verdadeiro da carreira da banda. O fato é que se trata de um clássico, pois sem dúvida continua sendo referência de um gênero que viria ser chamado de "deathrock". Quando foi lançado em março de 1982, o LP "maldito" foi bem recebido até mesmo pela crítica européia (em especial na França) que considerava o Christian Death como uma boa aposta já que percebeu em seu som aspectos em comum à outras bandas punk-gothique que começavam a apontar nas paradas independentes do velho continente. Se de um lado as considerações positivas da imprensa e o boicote por parte de grupos religiosos conferiram ao disco status de "cult", nos bastidores as coisas não iam nada bem. Num certo momento as diversas substancias ingeridas pelos integrantes serviram de combustível para a gestação do disco, contudo, o abuso e seus efeitos colaterais acabaram impondo o fim prematuro da banda meses depois de ser concebido. Rozz acabaria reformando o grupo no final de 1983 (meio a contra gosto, já que sua idéia era formar outro projeto chamado Daucus Karota) desta vez com line-up completo por músicos do Pompeii 99. Depois de gravar mais dois álbuns, Rozz decidiu abandonar o barco de vez, porém não imaginava que os membros desta nova encarnação roubariam sorrateiramente o nome "Christian Death" partindo sem ele para uma longa estada na Europa, fato que deu início a uma das mais controvérsias brigas já relatadas na história da música alternativa.

Longe destas confusões, a Frontier se manteve firme na projeção neutra do disco, de forma que não fosse confundido como parte da discografia da banda genérica que permanece até hoje sub a tutela de Valor Kand. Com catálogo relativamente pequeno (mas com nomes de peso da cena punk/hardcore de Los Angeles), o selo tem o Only Threatre of Pain como seu disco com mais êxito comercial, o que resultou em mais de dez licenciamentos pelo mundo a fora. Em suas diversas reedições (exceto as francesas, cujas capas foram completamente modificada), o álbum recebeu poucas alterações gráficas, limitando-se mais na variação das tonalidades ou e na prensagem de vinil colorido, contudo desta vez a coisa é mais ousada e merece destaque: a nova edição conta com a arte original (desenho e caligrafia feita a mão por Rozz) sem retoques e ajustes de pós-produção presente nas versões anteriores. O encarte foi recheado com mais fotos de Ed Colver, responsável pela maioria dos cliques da banda na sua fase inicial. Seu track list não mudou nada; no entanto foi devidamente remasterizado a partir dos tapes originais. O cd, como de hábito, trás as demos do EP Deathwish como bônus. Já o vinil, em sua primeira tiragem limitada, vem com um compacto 7" contendo duas músicas nunca antes lançadas, o que torna esta nova versão muito mais atrativa e histórica.

Para comemorar este relançamento à altura, está agendada para o próximo dia 8, em Los Angeles, uma festa no club The Echo que contará com apresentação de Rikk Agnew e 45 Grave tocando temas do Christian Death original. Um ótimo programa pra quem mora para aquelas bandas...