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sexta-feira, 12 de março de 2010

aquele que se esconde


O dandi parece adormecido no meio de restos da cidade. Seus passos solitários tem o peso das vozes e imagens fúteis que cercam. Ele nunca será um soldado derrotado, mesmo com os olhos serrados, sabe distinguir o seu silencio precioso daquelas que gritam em vão e ainda santificam de forma vulgar a fatalidade do nascimento. Seus sonhos elevados por fumaças são portais do limite das percepções. Como a multidão criada em laboratório lhe causa pânico e risos... A mentira do mundo se estabeleceu como lei da deformidade. Não existem palavras que possam abraçar o todo, apenas o que está em nosso alcance. Ele se lamentou por aqueles que se vêem ainda empolgados pelas sensação da carne, que vivem com medo de não apanharem objetos além de bom prato que alimente a alma. Ele rezou durante a infância para seu deuses particulares, pediu que não fosse acordado por barulhos e motores ou relinchos de gente medíocre. Não caístes em ilusões arrogantes, construindo seu próprio berço de horror e conforto. No amor ele ainda crê, pois está suspenso como um pendulo feito de seda ou fio de teia de aranha. Mas não o irritai por pouco, pois ele acredita que a morte e a destruição ainda é pouco para quem o desrespeita. É a fatal inspiração da renovação como banquete de abutres....Um corpo meio infantil, quase intocado, lágrimas de orvalho que provam que a beleza é a simplicidade.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

deeper blue


De repente uma luz rasgou as nuvens daquele dia sem tempo. Sua claridade me trouxe uma inesperada saudade dos olhos tristes da minha mãe - minhas lágrimas extensão da sua placenta?

domingo, 12 de julho de 2009

Did The Doctor Give You A Pill?


Ele havia chegado à um ponto em que os sonhos não eram nenhuma novidade. As pálpebras não eram mais o limite. Os tentáculos das sensações eram afiados por meditações anestésicas e ilícitas. Não havia mais ao que recorrer a sua volta, pois nada era satisfatório nas coisas táteis. Eu vendo aquele polvo iluminado na beira da praia, decidi penetrar em seu ventre preenchido por um lodo verde que exazalava sexo. O calor úmido acolheu meu cérebro contaminado por coisas que durante a vida o obustruia. Tempo era o estado da consiciência – uma fonte enganadora de lucidez. Não necessitava da permência ou qualquer tipo de luz e escolha. O cessar do tempo me trouxe então o tédio. A comoção de quem não se alimentaria daquilo que conduzia para esse novo estado (a esperança?). Eu quis retornar e isso me fez pulsar no ritmo do coito; ausência e o golpe em seus tubos. O parto também tem suas pausas e só assim se entende a sua sede por sangue em suas mais variadas cores. Ali era o túmulo de músculos talhados por gritos de desordem que estabelecem a imersão dos paradoxos.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

a-morre

O estado selvagem nada mais é que o retorno ao útero. Ser livre é estar preso pelo coração? Me dou conta disso quando flutuo num isolamento agridoce; o que nos separa da morte é apenas um parapeito.

sábado, 4 de julho de 2009

aurora


(...)A gente ter de ter coragem no corpo até para conseguir suportá-lo, não se pode ter aprendido o medo. (...) – e quem quer ser um criador, no bem e no mal, tem de ser, antes de tudo, um destruidor e arrebentar valores(...)
F. Nietzsche

quarta-feira, 24 de junho de 2009

;;;;;


32 anos...Sou agora apenas uma massa debruçada em minha alma posta a prova, para algum experimento. Um abrigo sutil para loucos.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

l'homme


Como um caçador com pouca munição, vejo que ficar a espreita não é um mau negócio. Qualquer brecha permite que uma hiena entre eu seu velho leito e lhe subtraia algo. Manter-se atento aos sinais ou instintos (que às vezes não damos importância) torna seu humilde lar numa fortaleza, protegida dos espíritos cruéis. O desafio dos loucos é manter as rédeas da realidade (?) e o obstáculo dos honestos é garimpar os verdadeiros amigos ou desviar dos rasantes das cobras com asas. Você ainda não acredita nelas? Elas cansaram de se rastejar e não fazem isso apenas simbolicamente, pois adquiriram duas pernas, como símios deformados pela “evolução”. Desculpe a comparação com alguns habitantes das florestas; eles não merecem, porém essa metáfora é necessária, já que esses seres a qual compartilho a forma biológica têm a mesma importância que um palito de dente. Faço aqui minha justiça. Boicotei sua existência, desviando o meu coração de suas bocas secas da inveja. Sei que em alguns momentos pareço ser pago na mesma moeda, mas aceitar isso também é como dizer amém a algum karma ou falta cristã. Prefiro enxergar isso com serenidade delineada pelo meu delírio entrelaçado igual vísceras. Há cumplicidade sem traição? Há amor sem delito? Alegria sem ingenuidade? Não quero pensar em me aprofundar nesta savana de pedra, horrenda e embrutecida. Quantas noites foi preciso manter alguns nódulos brancos em minhas narinas por causa de vocês; este caçador por alguns momentos faz questão de jejuns e quando se senta à mesa só, despreza os cadáveres!

terça-feira, 12 de maio de 2009

its so weird

Avistada de longe, aquela cidade parecia um entulho daquilo que me falaram que era riqueza. Aniquilada freneticamente, ela era o resultado de um sistema digestivo mal canalizado que expelia fezes de concreto e metal...Alguns pedaços vivos de gordura davam sua liga e alguns nervos engendravam, como escaravelhos, aquela nojice toda. No céu, as nuvens baixas davam-se por vencidas pela poluição, formando um manto que tentava, por acidente ou não, poupar a vergonha destes trabalhadores. Cada inspiração, um suplicio. Eu decidi seguir voando acima daquela cortina espessa no céu. Foi ótimo seguir este caminho, já que havia perdido a paciência de tentar interpretar o rosto daqueles que estavam guiando aquele óvulo grotesco. A minha curiosidade não era inocente; eu queria decifrar a fé daqueles organismos unidos drasticamente 24 horas por dia mantendo vivo um desejo de ver a esfera evoluir e crescer sem um motivo aparente. O ritmo era circular; eles seguiam o mesmo caminho, vinham e voltavam em tempo cronometrado. Ah! E o céu? Lá de cima não vi o sol nascer para eles. O grande astro havia se cansado destes vermes que não faziam mais questão de sua beleza, pois os olhos daqueles que tinham a pretensão de pensar que estavam vivos haviam atrofiado pela falta de uso e contemplação. Rá deixou à eles uma tímida luz como forma de caridade; uma fina aurora, ou melhor, um esplendor funesto de fim de tarde. Ninguém tinha mais idéia de tempo, ninguém sabia se era hora de começar, de terminar, ninguém se importava...mas na dúvida era melhor continuar.