Mostrando postagens com marcador espiritismo. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador espiritismo. Mostrar todas as postagens

sábado, 29 de agosto de 2015

Sublimando a dor na mediocridade


(...) Nenhuma das objeções feitas ao pessimismo podem manter-se de pé diante da simples e antiqüíssima verificação da predominância das dores sobre os prazeres, na vida terrestre.
Essa predominância é, ai de mim, inegável!
Evidencia-se, primeiramente, para todos os homens um pouco elevados!
Seus prazeres, exceções feitas, não são completos, ressentem-se eles da limitação de realizar suas esperanças, bem como a de atingir plenamente seus ideais.
Por outro lado, sua sensibilidade muito desenvolvida multiplica-se as ocasiões dolorosas, e a própria dor e o instinto – ou a consciência da universal solidariedade – obrigam-nos a se ressentirem de todas as misérias, injustiças e sofrimentos, próximos ou afastados.
Para os medíocres, que constituem a massa da humanidade, as conclusões pessimistas são menos evidentes. A existência terrestre com freqüência parece oferecer-lhes um grau satisfatório de felicidade, uma vez que suas faculdades físicas e psíquicas, sua elevação moral e sua sensibilidade são adequadas às condições vitais ambientes.
Indubitavelmente, essas criaturas não são passiveis de experimentar dessas grandiosas sensações de emotividade sublimada, que elevam o ser esclarecido a um plano superior ao das realidades banais; vêem-se eles abraçados por uma multidão de pequeninas satisfações, infinitamente mais freqüentes e, para eles, plenamente satisfatórias.
Se não evitam o mal, permanecem, de um modo geral, inacessíveis ou pouco sensíveis a numerosos motivos de sofrimentos que, incessantemente, afetam os mais bem dotados seres.
Apesar de tudo, parece, de fato, que, mesmo em relação aos homens medíocres, a soma de sofrimento equilibra-se com a dos prazeres.
Prova acessória, mas nem por isso pouco interessante, de que a vida terrena confere satisfações reais, está na utilização perpetua e no abuso que, em todos os tempos e lugares, a humanidade faz dos narcóticos.
(...)

(trecho do livro “O Ser Subconsciente” – Gustave Geley)

segunda-feira, 27 de julho de 2015

Extensão e estados da subconsciência


A extensão e o desenvolvimento da subconsciência diretora, que, intrinsecamente, dependem de seu grau evolutivo, em parte determinam o mais ou o menos de evolução e de capacidade da consciência normal. Digo em parte porque, naturalmente, goza o físico de um papel importante, sendo o cérebro, fonte do psiquismo inferior, mas ou menos perfeito, mais ou menos apto a submeter-se à direção da individualidade subconsciente diminuída, entravada ou destorcida pelas influências exteriores contrárias (educação, exemplos etc) e pela hereditariedade.
Não se pode, portanto, julgar, do estado de avanço real da individualidade a partir da personalidade atual; é, no entanto, àquela que, sem dúvida, a personalidade deve suas principais faculdade, suas mais eminentes qualidades e a possibilidade de realização de obra de grande talento ou de gênio.
De acordo com as mais amplia probabilidade, e de um modo geral, as capacidades do ser normal são, em maior parte, o legado da subconsciência superior, o resultado da evolução passada, das experiências realizadas nas existências anteriores, enquanto seus conhecimentos atuais são, em maior parte, a aquisição da existência presente e o resultado do trabalho cerebral, naturalmente guiado pelo ser subsconsciente.
O caráter, as opiniões diversas (políticas, econômicas, religiosas, mesmo as filosóficas, etc.) às vezes mantém os dois psiquismos. Mas, enquanto o caráter retira componentes do psiquismo superior, as opiniões (em cujo desenvolvimento têm grande influência a hereditariedade, a ação do meio, a educação, o interesse pessoal, etc.) freqüentemente mantém em mais alto grau componente do psiquismo inferior, ao menos nos seres pouco evoluídos ou medíocres.  
No que concerne à inspiração (nos homens de talento ou de gênio), é claro que ela é pura e simplesmente resultado da sugestão do ser subconsciente. Essa inspiração com freqüência passa despercebida e confunde-se com o trabalho voluntário. É o caso em que a colaboração dos dois psiquismos é intima e estreita. Em muitos casos, contudo, na maior parte dos grandes artistas, escritores, filósofos e sábios, a inspiração é nitidamente do trabalho voluntário. Manifesta-se ela em separado de qualquer pesquisa penosa, amiúde num estrado de distração às vezes durante o tempo em que o cérebro dorme e repousa. Aqui, é evidente a ação isolada do psiquismo superior e extra-orgânico. Infelizmente, a atividade do psiquismo superior, liberada e acrescida, permanece em grande parte inutilizada na vida prática. Com efeito, se sua separação do psiquismo inferior favorece sua atividade, naturalmente torna mais aleatória e mais difícil sua ação sobre o cérebro.
Também os resultados da atividade psíquica isolada de ser subconsciente não chegam à consciência normal senão por intervalos e por fragmentos, sempre incompletos e frequentemente deformados. Esses resultados são superiores aos que resultam da colaboração normal dos dois psiquismos, embora sejam sempre mais ou menos irregulares, espaçados, acidentais, intermitentes. Tal a explicação do bem conhecido mecanismo habitual da inspiração.

(trecho do livro “O Ser Subconsciente” – Gustave Geley)

segunda-feira, 6 de julho de 2015

CULPA (por Emmanuel)



"A noção de culpa, com todo o séquito das perturbações que lhe são consequentes, agirá com os seus reflexos incessantes sobre a região do corpo ou da alma que corresponda ao tema do remorso de que sejamos portadores..."

Quando fugimos ao dever, precipitamo-nos no sentimento de culpa, do qual se origina o remorso, com múltiplas manifestações, impondo-nos brechas de sombra aos tecidos sutis da alma.
E o arrependimento, incessantemente fortalecido pelos reflexos de nossa lembrança amarga, transforma-se num abscesso mental, envenenando-nos, pouco a pouco, e expelindo, em torno, a corrente miasmática de nossa vida íntima, intoxicando o hausto espiritual de quem nos desfruta o convívio.
A feição do ímã, que possui campo magnético específico, toda criatura traz consigo o halo ou aura de forças criativas ou destrutivas que lhe marca a índole, no feixe de raios invisíveis que arroja de si mesma. É por esse halo que estabelecemos as nossas ligações de natureza invisível nos domínios da afinidade.
Operando a onda mental em regime de circuito, por ela incorporamos, quando moralmente desalentados, os princípios corrosivos que emanam de todas as Inteligências, encarnadas ou desencarnadas, que se entrosem conosco no âmbito de nossa atividade e influência.
Projetando as energias dilacerantes de nosso próprio desgosto, ante a culpa que adquirimos, quase sempre somos subitamente visitados por silenciosa argumentação interior que nos converte o pesar, inicialmente alimentado contra nós mesmos, em mágoa e irritação contra os outros.
É que os reflexos de nossa defecção, a torvelinharem junto de nós, assimilam, de imediato, as indisposições alheias, carreando para a acústica de nossa alma todas as mensagens inarticuladas de revolta e desânimo, angústia e desespero que vagueiam na atmosfera psíquica em que respiramos, metamorfoseando-nos em autênticos rebelados sociais, famintos de insulamento ou de escândalo, nos quais possamos dar pasto à imaginação virulada pelas mórbidas sensações de nossas próprias culpas.
É nesse estado negativo que, martelados pelas vibrações de sentimentos e pensamentos doentios, atingimos o desequilíbrio parcial ou total da harmonia orgânica, enredando corpo e alma nas teias da enfermidade, com a mais complicada diagnose da patologia clássica.
A noção de culpa, com todo o séquito das perturbações que lhe são consequentes, agirá com os seus reflexos incessantes sobre a região do corpo ou da alma que corresponda ao tema do remorso de que sejamos portadores.
Toda deserção do dever a cumprir traz consigo o arrependimento que, alentado no espírito, se faz acompanhar de resultantes atrozes, exigindo, por vezes, demoradas existências de reaprendizado e restauração.
Cair em culpa demanda, por isso mesmo, humildade viva para o reajustamento tão imediato quanto possível de nosso equilíbrio vibratório, se não desejamos o ingresso inquietante na escola das longas reparações.
(...)

segunda-feira, 29 de junho de 2015