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sábado, 30 de janeiro de 2016

Cadavres Exquis agora no Mixcloud


Os sets do antigo programa Cadavres Exquis foram recuperados e agora estarão disponíveis no Mixcloud. A ideia é subir um por semana. Depois que terminar de “revisitar” as 57 seleções, talvez eu continue a função com inéditas, porém de maneira esporádica e sem compromisso. Aproveitem e sigam.

“Conceived by Rod, the Cadavres Exquis broadcast aims to present some obscure genres that emerged from post-punk as gothpunk, deathrock and minimal wave. These sets rescue forgotten classics, B-sides, without leaving the new names that make the head and the ears of sound miners.”

Clique aqui para escutar

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Christian Death - pecado e sacrifício - part II


Não haverá história mais difícil de contar do que a do Christian Death. Existem muitas incertezas com relação a alguns fatos que sempre foram apresentados como verídicos, pelo meio existem histórias cruzadas de amores, traições e ódios. O Christian Death chegou a ser duas bandas distintas ao mesmo tempo em continentes diferentes e a editar discos sob o mesmo nome, tal deve-se a duas pessoas: Rozz Williams e Valor Kand.
Esta é a minha versão bem resumida dos fatos. Como admirador sem idolatrar nenhum dos líderes, nem menosprezar o outro (claro que, muitas vezes, Valor nos tira boas risadas), ambos deram a sua contribuição para o projeto, cada qual à sua maneira e dentro das suas limitações.
Fundado em 1979, por Rozz Williams (nascido Roger Allan Painter – criado num berço batista), o Christian Death assumiu desde logo um papel de liderança e inovação na cena alternativa da costa oeste americana. O punk estava, como na Europa, em pleno declínio. O hardcore veio para dar mais aquela acentuada ao discurso. Era possível colocar o dedo na ferida com mais pressão levantando o tom contra as instituições conservadoras. A banda ao invés de dar mais peso ao som decidiu seguir um caminho mais mais experimental, sombrio e sua imagem andrógina era uma afronta até aos entusiastas mais radicais (era muito comum Rozz ser agredido durante os shows por punks, skinheads etc). Que eu me lembre, não surgiu depois deles nenhum nome na chamada "música gótica" que tenha tanta força e misticismo, fato que fez legado nunca parar de crescer.
Em 1982 foi editado o seu primeiro álbum, “Only Theatre of Pain”, uma obra prima do gênero ainda hoje classificado como um dos melhores documentos do subgênero batizado pelo próprio Rozz de “deathrock”. Por esta altura ele contava com os parceiros Rikk Agnew (guitarra, no lugar de John “Jay” Albert, vindo do lendário Adolecensts), George Balanger (bateria) e James McGeartly (baixo). Além destes, disco contou com os backing vocals de Ron Athey e Eva O., também protagonistas dos acontecimentos mais bizarros das sessões movidas a speedy e outros aditivos. 
Um registro sublime de Rozz, com temas como "Cavity - First Communion", "Romeo's Distress" e "Spiritual Cramp" que levaram rapidamente o Christian Death ao sucesso e desde o logo se firmaram como "farol de almas danadas". Um misto de satanismo (... Satan is by far the kindest guest...) e romantismo, algo de muito belo e poderoso, mas ao mesmo tempo infame e surrealista, “Only Theatre of Pain” é um disco que talvez classificasse nos 10 melhores discos alternativos da década de 1980. Mas, devido ao uso abusivo de drogas, começam as confusões que iriam acompanhar para sempre a banda e, sobretudo o seu líder. Rikk e Balanger são os primeiros a debandar, sendo substituídos por Eva O. (guitarra) e Rod China (bateria). 
O grupo finalmente extinguiu-se com a saída de todos os músicos que acompanhavam Rozz e este acaba por aceitar o convite de um editor francês (Yan Farcy, dono da L'Invitation Au Suicide,) mudando-se para Paris na companhia de Valor Kand (guitarra/vocais), Gitane Demone (teclados/vocais) e David Glass (bateria), todos originários de uma banda chamada Pompeii 99 (que estava prevista acompanhar o Christian Death na sua excursão pela Europa quando subitamente se desfez). A baixista Constance Smith é escalada para completar o line-up.
Em 1984, e já sobre a mágica influência de Paris, sai “Catastrophe Ballet” (gravado no País de Gales, no lendário Rockfield Studio onde já tinham passado Bauhaus, The Cult etc). A banda muda ligeiramente de rumo; abandona a sonoridade “punk” de “Only Theatre of Pain” (que tanto agrada) deixando também de lado um pouco do seu ódio à religião e adota um estilo mais melódico, mesmo frágil comparado com a agressividade do seu antecessor. O resultado é, no entanto, igualmente brilhante. Seguiu-se uma breve turnê pela Europa para a promoção do disco. Contance abandona o barco dias depois do inicio da excursão, sendo substituída pelo ilustre Dave Roberts (Sex Gang Children), que conheceram no club Batcave, único local onde a banda tocou em sua rápida passagem por Londres.
No ano seguinte e de volta a Los Angeles, o Christian Death edita “Ashes”, um álbum que ficaria como legado mais expressivo da união entre Rozz e Valor (e onde aparece pela primeira vez Sevan Kand, filho de Valor e Gitane, que contribuiu com um choro numa das faixas). Curiosamente a banda apenas fez uma aparição após o lançamento; uma performance chamada The Path Of Sorrrows (contava com o show da banda, happening e um banquete). Rozz Williams decide então abandonar o projeto tento ficado claro (ao que se diz, embora eu tenha algumas dúvidas) que Valor e Gitane seguiriam para Europa previsto para prosseguir com a divulgação do trabalho, como condição eles mudariam o nome da banda para For Sin And Sacrifice Must We Die A Christian Death e apenas usariam material no qual tinham trabalhado.
Ao contrário do acordo, Valor decidiu apodera-se do projeto por completo. Chegou à Europa e não só não mudou o nome da banda como inclusive tocavam temas de “Only Theatre of Pain” nos shows, um álbum todo feito por Rozz que nada tinha a ver com ele uma vez quem nem sequer se conheciam na altura. Alguns fãs ficaram confusos com a situação e dividiram-se. De um lado os seguidores de Rozz acusavam Valor de traição chegando mesmo a por em causa as suas qualidade de músico e duvidando de sua devoção à “causa gótica” (ele sempre esteve mais inclinado ao heavy metal) e para muitos o Christian Death morrera ali. Por outro lado, ouve aqueles que nem sequer perceberam o que realmente havia acontecido, ou mesmo admitiram ter sido um ganho para o projeto a passagem de Valor para dono e senhor do mesmo. Julgo que ambos os casos terão suas razões (há sempre duas verdades, pelo menos).
Não terá sido o fim da banda. Nem Valor será um completo traidor (o acordo de usar o nome ficaria acertado por contrato entre em ele, Rozz e Gitane), mas também não chegará à generalidade de Rozz. Visto por qualquer fã mais recente toda a situação não poderá deixar de parecer no mínimo caricata; a banda nasce, lança um álbum e muda todos os músicos à exceção do seu líder que mais tarde acaba por ser quase “expulso” por um guitarrista e sua esposa que a ele se junta para preencher a saída dos músicos iniciais. Bizarro, no mínimo. 
Apesar disso, o primeiro disco saído da nova realidade do Christian Death, “The Wind Kissed Pictures” (EP), seria lançado na Itália sob o nome de The Sin and Sacrifice of Christian Death, mas logo depois “Atrocities” (1986) já seria novamente editado sob o nome de Christian Death. Neste disco, Valor conta com a contribuição do guitarrista Barry “Bari-Bari” Galvin (futuro Mephisto Walz), responsável por boa parte da base harmônica do disco. Rozz, entretanto, seguia seus projetos paralelos, sobretudo o Premature Ejaculation (reformulado com Chuck Collision), ligado mais experimentações, colagens sonoras e perfomance, bem como o Heltir e Shadow Project que eram alvo de maior atenção de sua parte.
Por seu lado, Valor continuava a perpetuar a infâmia do Christian Death através de um novo registro – “The Scripiture (A Translation of World Belief’s by Valor)” (1987), onde trás sua versão da bíblia e outros textos sagrados. Não deixa de ser um bom disco, que trás as primeiras incursões “metaleiras mezzo pop” do músico que investe em refrões fáceis como em “Sick of Love”. “1983”, cantada por Gitane, é uma das mais belas covers de Jimi Hendrix feitas até hoje. 
Ficaria clara a intenção da banda em alcançar um publico maior que não se restringisse ao que definira como Christian Death Society (grupo de fãs e pessoas que compartilhavam dos mesmos ideais, um deles absurdos como a profecia de Nostradamus que previa o fim do mundo em 1999 e que os obrigaria a um êxodo para o Pólo Norte). O clipe do single “Church of No Return” chega a ser exibido em alguns programas de TV. De uma pequena banda de garagem de Pomona, o nome Christian Death ficaria associada a um punhado de referencias e imagens constrangedoras, tanto no seu apelo vulgar (blasfêmias com apelos sexuais desnecessárias) quanto ao gosto pra lá de duvidoso do Sr. Valor Kand que causa quase sempre ondas fortes de vergonha alheia com seu estilo Cigano/Luis Caldas. As outras investidas em clipes é um verdadeiro desfile de mau gosto e amadorismo.
Por fim em 1988 seria editado “Sex & Drugs & Jesus Christ”, o ultimo disco que contaria com a participação de Gitane Demone e que seria o mais polêmico (e com maior êxito comercial) de todos os trabalhos até então apresentados. Desde logo a capa, a meu ver a melhor produzida por esta encarnação, foi imediatamente censurada por ser demasiada ofensiva. Depois, toda a estrutura musical do disco mereceu forte criticas por parte de alguns “profissionais” da música, acusando Valor de um primarismo aberrante e Gitane de uma colocação de voz no mínimo irrisória. Embora eu não concorde com toda a crítica (há sim uma produção meio tosca, mas não sei afirmar se foi proposital), julgo mesmo que se trata de um dos melhores trabalhos do Christian Death (Valor).
Estávamos, pois, em 1990. Valor depois do lançamento de “Sex & Drugs & Jesus Christ” fez uma pequena pausa. A italiana Contempo lança”Insanus, Ultio, Proditio, Misericordiaque”, coletânea de outtakes, entre eles “Infans Vexatio”, uma versão retrabalhada de “Lullaby" (musica de 1984), cantada por Rozz. Daí, surgiram as especulações de uma reunião. Na verdade apenas a sua base instrumental fora regravada e os vocais originais foram mantidos com alguns efeitos; é uma peça meio “bluesy”, bem diferente da pegada do restante do repertorio que compõe o álbum “Catastrophe Ballet”.
Adverso a qualquer reconciliação com Valor, Rozz, por sua vez, cedera ao convite de um selo para reformular o Christian Death. Confuso? Ele junta-se de novo com Rikk Agnew (guitarra), Eva O (backing vocal), Casey (baixo) e Cujo (bateria) para uma serie de apresentações nos buracos mais podres dos EUA e Canadá. Essa digressão terminaria no ano seguinte seria imortalizada no cd “Sleepless Night: Live in 1990”, seguindo-se de “The Iron Mask” (1992), álbum que trás releituras de músicas antigas, inusitadamente lançado também em LP (lá fora, até então só tinham versões em cd) no Brasil pelo pequeno selo Bullet Records. Rozz acaba declarando que este disco foi um erro por não gostar da sua sonoridade, tendo decidido que os seguintes registros iriam pegar exatamente onde tinha deixado a banda alguns anos antes, por altura de”Ashes”. O contrato com a Cleopatra fora firmado um pouco antes deste lançamento com o solo “Every King A Bastard Son” – um disco perturbador de spoken words. 
Assim, em 1993 seria editado “The Path Of Sorrows”, descrito por Rozz como sendo seu disco favorito do Christian Death. E o mesmo tempo veria luz também “The Rage Of Angels” que, embora tenha sido fruto das mesmas sessões de estúdio e sobras de material do Shadow Project, soaria diferente do seu irmão gêmeo, sendo mais agressivo. Rozz fez menção de afirmar que era o mais pesado documento desde “Only Theatre Of Pain”. Depois destes trabalhos, Rozz prosseguiria com os seus projetos paralelos. 
Por seu lado, Valor tinha feito algo parecido quatro anos antes, lançando simultaneamente os álbuns “All The Love” e “All The Hate”, que contavam com a participação do guitarrista Nick The Bastard e do seu filho Savan Kand (com oito anos na época), presente na faixa “I Hate You”. 
Ainda em 1993, Rozz, entretanto, faria um novo concerto alguns membros da formação original que ficaria registrado no álbum “Iconologia” (Triple X) e no VHS “Live” (Cleopatra). Este concerto é marcado por várias controvérsias como a prisão de Rozz no dia anterior por posse de heroína e a briga com Rikk Agnew que abandona a banda antes do fim do show, sendo substituído pelo seu irmão Frank Agnew, que toca o restante do set atrás do palco. 
Em 1994 segue o lançamento do seu EP “Shrine”, do projeto Daucus Karota – um híbrido de proto-punk e glam rock. Neste mesmo ano, através de Nico B (diretor do curta Pig) Rozz voltaria a reencontrar Gitane Demone. Desta reunião nasceria o álbum “Dream Home Heartache”, com seu estilo “cabaret decadence”. Paralelamente Valor reformaria seu Christian Death e lançaria depois um hiato o álbum “Sexy Death God”, seguido do ao vivo duplo “Amen”, discos já contavam com a parceria da baixista Maitri.
Em 1997 saiu o ultimo álbum de estúdio de Rozz Williams, o semi-acústico “From The Heart”, novamente com sua companheira de sempre Eva O, no Shadow Project, desta vez sem a colaboração de Paris. Muito pobre e doente Rozz cometeria suicídio no dia primeiro de abril de 1998, em seu apartamento em West Hollywood. 
Deste modo Valor torna-se o dono absoluto e legal do nome Christian Death, para insatisfação de uns e agrado dos mais devotos. Num jogo de erros e acertos, fica claro que os equívocos, talvez propositais, mantém vivo o que chamo de idéia, e não propriamente uma banda. Embora seja muito distante e destina do grupo original, não há outra maneira de classificá-la a não ser por este nome. Faz parte da saga...

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Cadavres Exquis #23 - Especial Rozz Williams



Há 15 anos atrás o zine Invocations foi lançado e ontem Rozz completaria 51 anos. Como forma de homenagem, preparei este especial que vai rolar hoje as 21hs na rádio Enter The Shadows. Porém, adianto que o set mostra um lado mais "soft" do artista/poeta - obviamente o Premature Ejaculation e as pauladas mais "deathrock" ficaram de fora. Mesmo o projeto Heltir é apresentado aqui num título meio jazzy; um spoken word entrelaçado com experimentações do trompetista Ace Farren Ford (presente em diversos projetos). O lado acústico do Shadow Project aparece em duas músicas do álbum From The Heart e o destaque talvez seja a versão original de "Flowers" (com guitarra/baixo/bateria) extraída do cd póstumo/ao vivo Sleepíng Dogs. Espero que gostem.


  1. Gitane Demone/Rozz Williams - In Every Dream Home a Heartache (Roxy Music cover)
  2. Shadow Project - Forever Came Today
  3. Rozz Williams - Lead Us Not (spoken word live)
  4. Christian Death - The Drowning
  5. Heltir - Gleichschaltung (spoken word)
  6. Rozz Williams feat. David E. Williams - I'm Not In Love (10 CC live cover)
  7. Gitane Demone/Rozz Williams - A World Apart
  8. Christian Death - Luxury of Tears (1992 version)
  9. Christian Death - Cervix Couch
  10. Rozz Williams - Interlude (spoken word)
  11. Shadow Project - Home Is Where
  12. Christian Death - The Angels (Cruciform)
  13. Rozz Williams - Time (David Bowie live cover)
  14. Rozz Williams - The Evil Ones (spoken word)
  15. Christian Death - Lament (Over the Shadows)
  16. Christian Death - Lullaby (demo)
  17. Rozz Williams - Flowers (original live version)
  18. Christian Death - This Mirage
  19. Christian Death - Spectre (Love Is Dead)
  20. Rozz Williams - Dec. 30, 1334 (spoken word)

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Cadavres Exquis #19 - Early American Gothic - Death Rock Is Dead!


Apresento hoje no Programa Cadavres Exquis na Rádio Enter The Shadows, um set dedicado a cena Death Rock original norte-americana dos anos de 1980. Além de figuras já bem carimbadas, incluí alguns nomes muitas vezes (ou completamente) esquecidos até mesmo por alguns intuisiastas de seu revival, que despertou e morreu de vez no começo da primeira década dos anos 2000. 


1. Christian Death - Deathwish
2. Mighty Sphincter - Blood Banquet
3. Screams For Tina - Simple Addictions
4. Your Funeral - I Wanna Be You
5. The Sleep of Reason - Shelters Are Melting
6. Scarehead - Ha Ha!
7. Theatre of Ice - Slave/Bonfire
8. Mephisto Walz - Der Sack (original version)
9. Fahrenheit 451 - Strange On A Train (demo)
10. Super Heroines - Remembering Love
11. Burning Image - Haunted
12. Naked And The Dead - Cassandra
13. Subterraneans - Burn Like An Angel
14. 45 Grave – Party Time/Surf Bat
15. The August Sons - I Am Not A Vampyre
16. Plague - Suicide Queen
17. The Jet Black Berries - Love Under Will
18. Of a Mesh - Twist (demo)
19. Funeral Party - She Dances (demo)
20. Voodoo Church - Rest In Peace

quinta-feira, 24 de julho de 2014

27ª Festa Enter The Shadows

 
Os DJs residentes Luminati (Wake The Dead) & Tonyy (Treibhaus / Armageddon) recebem nessa edição da Festa Enter The Shadows dois DJs que tem programas semanais na Rádio Enter The Shadows. Sandro F., especialista em música alternativa alemã que mostra toda terça feira seu trabalho no programa Nacht, e Rodrigo Heltir, ...veterano da cena death rock paulistana que às sextas também mostra raridades de gothic rock em seu programa Cadavres Exquis.

Cultuado no início anos 90, o fanzine Enter The Shadows criado pelo DJ Tonyy (Projeto Black Sundays / Neon Lights) virou festa em 2012. Resgatar sons clássicos de pistas que fizeram história na noite paulistana como Treibhaus, Retrô e Armageddon, tocando o melhor do goth, dark wave, dreampop, synth, e principalmente NOVIDADES desses gêneros é a proposta da festa que nesse ano de 2014 está em um formato mais intimista no dancing bar Purgatorium Noventa na rua Augusta.

Os 50 primeiros que chegarem antes das 23h30 ganham nosso drink especial de boas vindas!

Não esqueça de ouvir a Rádio Enter The Shadows : www.entertheshadows.com.br . Lá vc escuta o que rola na festa, incluindo os programas dos DJs Luminati e Tonyy

http://rodheltir.blogspot.com.br/

https://www.facebook.com/programanacht

Serviço:

27ª Festa Enter The Shadows

Data: 9 de agosto, 22h30
DJs: Luminati, Tonyy, Sandro F. e Rodrigo Heltir
Local: Purgatorium 90, Rua Augusta, 552, São Paulo
Informações/reservas: (11) 9-9301-9390 ou festaentertheshadows@gmail.com
Entrada: R$ 10
Acesso para deficientes. Não tem estacionamento próprio.

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Cadavres Exquis #10

Hoje, às 21hs na Rádio Enter The Shadows.



  1. Charge - Ugly Shadows (Celebration of a Greyed Country)
  2. Sonic Youth - The Burning Spear
  3. V2 Schneider - Paranuss
  4. Skeletal Family - Someone New
  5. Dead Neighbours - Wreckage of Your Mind
  6. KUKL - Dismembered
  7. Fade To Black - Forward From Hell
  8. Death in June - All Alone in Her Nirvana
  9. Die Krupps - Volle Kraft Voraus
  10. Auswei - Mecaniks
  11. Shiva Burlesque - Indian Summer
  12. Secret Life - Simulate
  13. Chromagain - Spot
  14. Wire - Pink Flag
  15. Dezerter - Ku Przyszłości
  16. Piano Magic - The Blue HHHour
  17. Flesh For Lulu - Baby Hurricane
  18. Look Back In Anger - Executioner
  19. The Modern Mannequins - Possibilities
  20. No More - Waiting for the Man*

domingo, 26 de janeiro de 2014

Desenterrando a cena Death Rock de Nova York


Passaram-se mais de dez anos da ressurreição, auge e queda do fenômeno retrô do death rock, período em que meus zine Batzone e Junkeria Nefasta tiveram papel de correspondentes por aqui.
A "segunda morte" do Deathrock, ocorreu pelo simples fato gênero passar a ser assimilado pelo "goth establishment" (alicerçada pela geração internet) e passou a ser mais um produto das referências e clichês que, paradoxalmente, ele até então contestava.

Em 2012 a tão esquecida (ou melhor, ignorado, já que a atenção neste quesito foi sempre voltada à Califórnia) cena de Nova York foi lembrada em forma de LP - algo louvável já que boa parte destas bandas não tinha em vida lançado um único compacto. Dark New York (Gotham City's PostPunk, Goth, & Deathrock Bands 1983-1988) Vol. 1 (Black Scorpio Records) alguma forma sinalizou que estamos talvez no início de uma nova onda saudosista que agrada tanto esta ala punk das tendências góticas. Em seu set list: Scarecrow, surgido em 1983, gravou em seus cinco anos de vida apenas algumas demos, que no início dos anos 2000 foram postas para download gratuito no site Mp3.com. Caminho muito semelhante percorrido pelo Naked And The Dead. No caso desta banda, o seu único K7 gravado em 1985 não era apenas uma demo, e sim um EP oficial. Bem, Dark New York esgotou-se rapidamente, eu mesmo não consegui a minha - a falta de alerta de amigos não me faltou, mas só agora me dei conta o quanto este registro é importante dada à relevância discografia para estas bandas que em parte (Of A Mesh é único da lista que teve seu trabalho vertido em dois 12"; um em 1986 e outro no ano posterior) não chegaram a deixar nenhum lançamento em vinil. Outro motivo para adquirir esta peça é que ela te dá a oportunidade de perceber a diferença sonora entre as bandas "deathrock" das duas costas estadunidenses. As bandas de Nova York (formadas normalmente por fãs de Siouxsie, Bauhaus e de tudo que rolava dentro e em torno do club Danceteria que importou para seu palco nomes como Sex Gang Children, Malaria! e The Cult em sua primeira aparição pela América em 1984) estavam de fato mais antenadas ao que rolava na Inglaterra, Alemanha, França etc. por isso suas texturas - guitarras mais esparsas, cheias de efeitos e bateria tribal - estava alinhada ao que rolava do outro lado do oceano. Este intercambio ficou mais evidente quando a turnê americana Batcave (com Specimen e sua trupe) passou por Nova York e obviamente escolheu o Danceteria como endereço das suas performances. Se uma coletânea na época tivesse sido lançada naquela época como esta intenção póstuma, Nova York não fosse entendida, dentro do seu contexto pós-punk, apenas como berço da No Wave.  Sendo assim, aqui vale aquela máxima; “antes tarde do que nunca” e ainda bem que estamos vivos para desfrutar destes lançamentos.


É em Nova York também que hoje acolhe mais um selo muito interessante voltado pra coisas esquecidas, tanto antigas quanto novas apostas – o Sacred Bones Records tem como uma de suas pupilas a famosa Zola Jesus. A Sacred acabou de lançar uma coletânea que talvez ajudará a tornar a volta do rótulo "deathrock" uma realidade. Killed by Deathrock, Vol. 1 trás obscuridades (velharias) tanto americanas quanto velho continente ignoradas durante anos, porém, em minha opinião, apesar da qualidade indiscutível, não sei se são nomes mais indicados para contar a história do "estilo". No entanto a função dela seja contar na verdade esta história de outra forma, na contramão da narração "oficial" que omite sua grande e instigante complexidade. Esse volume é o começo de uma série que deve nos atrair bastante já que podemos confiar no gosto apurado de Caleb Braaten (fundador da Sacrad Bones) que, como um entusiasta “pós-punk”, é um exímio garimpeiro. Your Funeral, por exemplo, é uma pérola escondida, injustamente nunca citada nos anais da cena deathrock californiana. Essas garotas poderiam ser chamadas da versão feminina do Christian Death (em 1981/82), se o posto não fosse dado ao Voodoo Church. Elas lançaram apenas o compacto “I Wanna Be You” naquele maravilhoso 1982 que por coincidência ou não era o ano que o Christian Death lançava uma bomba sonora chamada Only Theatre of Pain e o Voodoo Church debutava com seu disputadíssimo 12” homônimo que merece com urgência uma reedição. O resto do set trás uma variedade de bandas até conhecida por quem está bem habituado com este universo funesto cuja elegância sempre esteve moldada pela atitude "do it youself".

domingo, 1 de julho de 2012

Something Inside of Me Has Died

I have crept
Though your ugly world
I have slept in every way
I have something
Nobody can steak
You have nothing
Because I'm for real

Something inside me has
Has
Died
Died

I don'f know
Where I'll be in a thousand years
It don't show
I've hid it well behind my other tears
In the shadow
No need to fight

Something inside me has
Has
Has
Died
Died

(Kommunity FK)

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

self speak (ego)


Cadavres Exquis: Olá Rod. Em algumas pesquisas que fiz no Google, descobri que o seu antigo site Junkeria Nefasta é citado como referência da chamada cena “death rock” daqui do Brasil, especialmente a de SP. Como surgiu a idéia de fazer um e-zine voltado para a tal cena?
Rod: Surgiu há quase 15 anos atrás, mas a idéia inicial era que não fizesse parte de alguma cena. Neste meio tempo a coisa tomou diversas formas. Depois que o provedor retirou o site do ar não tive mais vontade de retomá-lo, pois me desliguei de tudo que acontecia na chamada cena “deathrock” de SP que pra mim nunca existiu de fato. Na realidade estive sempre ligado de alguma forma a underground desde 1993, 1994, mas não muito ativamente, conhecia algumas pessoas que trabalhavam na noiteapenas...Era um fã assíduo do The Cult e foi através dos seus trabalhos primordiais que fiquei mais interessado no chamado “positive punk”, o que me abriu a mente para os sons relacionados vindos do post-punk.

Cadavres Exquis: Essa foi a sua porta de entrada ao circuito gótico?
Rod: Digamos que sim, mas apenas como ouvinte. Quando eu tinha meus 15, 16 anos eu ainda escutava alguns vinis de heavy metal e hard rock que ganhava, como Iron Maiden, Sepultura. Talvez fosse uma forma de me agrupar com uns amigos do colégio que já me chamavam de “gótico” sem eu saber o que era musicalmente, mas que me atraia de alguma forma...Entre estes discos estavam os álbuns “Electric” e “Sonic Temple” do Cult, mas depois que ganhei o “Love” senti que minha identificação com sons “ingleses” eram de fato uma realidade, ai vieram Siouxsie, Echo and the Bunnymen, The Mission, Sisters...Este disco foi um divisor de águas para mim. Fiquei mais interessado depois de conhecer o seu embrião, o Southern Death Cult que me atrai até hoje pela simplicidade, atitude punk, clima sombrio e místico. A coisa foi fluindo naturalmente. A partir dai, eu sempre escutava alguns programas no rádio em que sua programação estava quase totalmente voltada a este tipo de som. Na 89 FM tinha o "Novas Tendência" do José Roberto Mars e o "Rock Report" do Fábio Massari. Por estes programas conheci muita banda...É quase absurdo falar isso, mas lembro de ter escutado coisas como Virgin Prunes, Christian Death, Sisterhood, Death Cult...Era sempre bom estar com uma fita virgem em prontidão porque era certo que tocariam coisas boas. Tinha a 97 FM também, de Santo André que também abria sua programação aos sons alternativos da época já que era berço de casas importantes como o Front 575. Desta rádio tínhamos um programa excelente do Ricardo Bola (que esqueci o nome agora) e um do Enéas Neto aos domingos chamado Zenzor voltado a música eletrônica, principalmente ao EBM e eletro goth. Ah O Kid Vinil era um cara que eu sempre acompanhava, seja na TV ou no rádio...Na TV Cultura nos anos 80 ele tinha um programa chamado Som Pop que durou até o começo dos 90. Tenho alguns gravados em VHS, com clipe dos Smiths, Jesus And Mary Chain. Ele depois foi diretor da programação da Brasil 2000 há alguns anos atrás, mas logo se desligou e de vez enquando ele aparece discotecando por ai. O universo conspirava mesmo pra eu gostasse deste tipo de sonoridade.

Cadavres Esquis: Em que ano era isso? Você já frequentava algum club alternativo?
Rod: Deveria ser entre 1992, 1993...Nesta mesma época consegui uma cópia da bolacha “The Iron Mask” do Christian Death que consegui numa loja de um shopping center (!). Esse disco para mim foi fundamental, pois soava punk também, porém possuía temas bastante mórbidos. O mais bizarro foi saber que somente no Brasil foi editado em vinil e hoje em dia é uma verdadeira relíquia. Foi meu primeiro contato com Rozz Williams...Foi um ano estranho para mim, me sentia diferente dos outros garotos que estavam bastante ligados ao nascente som grunge. Eu não usava um visual extravagante até porque nem tinha grana para isso, no máximo um cabelo encaracolado que há tempo não cortava e algumas camisetas escuras e desleixadas. É engraçado falar sobre isso, mas vejo a importância de um disco ou de um som que você ouve e como aquilo te faz mudar – como um livro ou uma obra de arte. Talvez, se essa fase não tivesse acontecido eu não teria bases para fazer algo que depois é comentado por alguns até hoje. Nesta época eu sempre ia à Galeria do Rock, ficar paquerando alguns discos, com a grana que ia juntando aos poucos comecei a minha coleção. Eu também ia lá para pegar alguns flyers de festas...Lembro de um final de semana que fui pela primeira vez ao Morcegóvia com uns amigos. Foi bem bacana porque, além de ficar mais por dentro do que rolava, meu irmão, que tocava bateria comigo (no Post Morten) acabou se dando bem e engraçando numa banda de “gothic rock” chamada Abadon que mais tarde se tornaria o Imperial...Naquela noite tocaram duas bandas no palco pequeno do club, o Chuva Rubra e o Sufrágio da Alma.

Cadavres Exquis: Nos idos de 1992, 1993 a cena de São Paulo estava recomeçando já que os frequentadores oriundos da Treibhaus, Ácido Plástico, Carbono 14 e do antigo Madame Satã eram raramente vistos...
Rod: Isso....Lembro de ter ido ao primeiro show do Cult aqui no Brasil em dezembro de 1991 e eu tinha apenas 14 anos...Não me pergunte como consegui entrar, mas foi memorável. Como eu tinha dito de alguma forma anos depois já estava habituada a cena, já que neste show vi alguns membros da “velha guarda” do circuito gótico de SP...Garotas super produzidas como bruxas, rapazes vestidos como se tivessem saído do club Batcave de Londres. Tudo aquilo ficou arquivado na minha cabeça e só ajudou a arquitetar e formular meu gosto musical e estético. Porém, quando comecei a sair para estes clubs, o estilo “gótico” era mal visto, démodé já que também na mesma época surgiu uma personagem de uma novela chamado Reginaldo, então você tinha três grupos que se via por ai: o que dava a cara para bater e acreditavam na “cena”, os que viraram ‘goths’ pelo que aprenderam no folhetim e os veteranos que raramente saiam, por constrangimento mesmo e só davam o ar da graça quando de vez e outra acontecia uma festa de revival, onde tinham a certeza que sons antigos tocariam nas pistas.

Cadavres Exquis: Esses veteranos não saiam mais por qual tipo de constrangimento?
Rod: Talvez por serem comparados com o tal Reginaldo hehe. Como todos nós sabemos a Rede Globo tem a capacidade de foder tudo, seja qual for à manifestação cultural – ela tem a manha de ridicularizar tudo, seja a coisa mais interessante até a genuinamente cafona – tudo vira pastiche. Mesmo assim surgiram pessoas curiosas com a tal “cena gótica”; se via documentários sobre isso, entrevistas. Muitos jovens, com advento do Plano Real (dólar um por um), puderam ter acesso a mais itens importados e assim virar a até DJ’s, como se faz hoje gratuitamente com o mp3 ou mesmo com um ipod! De uma forma ou de outra eu também passei a comprar mais discos, conhecer mais bandas com isso – frequentar as lojas da Galeria e não sair mais de mãos vazias. Era bacanas ir à lendária Mr Boris cujas vitrines eram em formato de vitrais góticos, decorados com vinis do Specimen, Alien Sex Fiend e a prateleira de cds que ficava no centro do estabelecimento tinha o formato de caixão. Lá se vendiam muitas coisas do Projeto Black Sundays, do DJ Tonyy que hoje comanda a Trash 80’s. Para mim foi sem dúvida o mais importante projeto de divulgação das “tendências góticas” – eram vários itens lançados e que tive a oportunidade de adquirir, como K7’s, camisetas até coletâneas próprias lançadas em vinil e cd (Black Sundays Compilation vol. 1 e 2)...De tanto frequentar essas lojas, você acabava ficando amigos dos caras que trabalham lá e eles iam te mostrando muita coisa. Fiz amigos na Bizarre, Bela Lugosi também. A Zoyd acho que é a única sobrevivente desta geração.

Cadavres Exquis: Além de um fanzine o Black Sundays tinha um projeto de discotecagem né?
Rod: Exatamente. O zine “Enter The Shadow” que era até então o único meio de ficar por dentro do que acontecia na cena fora daqui, como lançamentos, biográficas que hoje você encontra de monte pela Internet. Você ficava ansioso até que o próximo volume saísse. O zine, além de música sempre apresentava matérias sobre cinema e arte...Era bem caprichado, bem escrito, dava gosto de ler. Ainda tenho umas cópias guardadas com maior cuidado. O projeto de discotecagem rolava no Armagedon, infelizmente não tive a oportunidade de apreciar nenhuma edição, porém tenho alguns flyers de recordação. Quando falo que foi o melhor projeto de divulgação da cena obscura quero dizer em relação às coisas que vinham de fora também, já que nos anos 1980 eram raros os lugares que davam atenção para isso, ou se faziam, faziam de forma meio despretensiosa aqui em SP ou em Brasília. O que rolava era conhecido como “dark” e serviu de bases pro “rock paulista” também...Penso que o primeiro lugar com o “selo’ de club gótico aqui de São Paulo, foi a Treibhaus, o que costumo dizer que foi a nossa “Batcave”. Não cheguei a frequentar, mas tenho algumas fotos do lugar e histórias de colegas que batiam carteirinha lá... O pessoal ia pra se divertir e estavam pouco se fodendo pra pseudofilosofias.

Cadavres Exquis: Você comentou que tinha uma banda, ela chegou a fazer algum show ou gravar alguma coisa?
Rod: Era uma banda que fazia apenas covers. Ensaiávamos num quarto da casa dos meus pais em Caieiras (Grande São Paulo). Tirávamos sons do Cult, Sisters of Mercy, Fields, Stooges, Sex Pistols, Christian Death...Mas tínhamos uma ou duas músicas nossas que chegamos a gravar em K7, algo bem caseiro mesmo. A banda durou uns três anos, meu irmão ingressou no Abadon e logo se mudou pra Marília para fazer faculdade de Biblioteconomia. De apresentação mesmo considero apenas uma oficial, quando abrimos um show do Brazilian Cure (The Cure cover) e Pesadelo Químico (grupo performático de Adriano Pacionotto) num lugar chamado Graphitte em Guarulhos. Acho que isso foi em 1996, foi também à última vez que tocamos juntos. Penso que é meio pretensioso chamar aquilo de banda. Era mais um passa tempo mesmo, mas deveríamos ter levado mais a sério, acho que daria certo.

Cadavres Exquis: Depois disso, para qual outro projeto que você partiu?
Rod: 1997 foi um ano estranho para mim e acredito que também foi para o guitarrista da banda, Paulinho, que embora tenha se mudado para SP, nos distanciamos um pouco. Estávamos passando por uma fase conturbada, de problemas pessoais, mas foi legal, pois descobri que tinha uma certa facilidade para me expressar através de desenhos estranhos. Eu lembro que sem a banda eu poderia fazer um fanzine com esses desenhos que eram inspirados em sons “punk góticos” que eu curtia, como Sex Gang Children, Malaria!, Southern Death Cult, Danse Society...Um amigo meu do cursinho, em uma conversa discontraida, nomeou o meu estilo de “junkeria nefasta”. Gostei bastante e comecei a escrever biografia das bandas e mais desenhos surgiram até que conheci o Cid (Carcasse) que na época construía o site Sépia Zine. Ele curtiu a idéia do zine e me incentivou a integrar o Junkeria Nefasta ao Sépia. A coisa ficou no “gelo” por um ano...E neste ano eu frequentava um pouco o circuito clubber, me desliguei do que rolava por ai em termos alternativos; mesmo na segunda versão do Espaço Retrô abria seu espaço para projetos de música eletrônica, techno até mesmo brit pop...O circuito em SP passava por mais uma transformação; mesmo o cenário gótico desta vez se emergia por fóruns na Internet ou em volta de algumas novas manias; o RPG e Marilyn Manson, o que fez com que muito 'wanna be' aparecesse e esses ficassem mais interessados em se fantasiar. Desta maneira me afastei um pouco. Arquivei por um momento o Junkeria Nesfasta...Seria algo muito bacana, já que na época nem se falava em “death rock”. Era uma forma também de mostrar que a cena estava meio defasada, com a invasão de bandas de metal-gótico, crossover que invadiam a mente dos novos frequentadores dos clubs, o que me irritava de verdade. Eu parecia um velho reacionário, e arrumava briga com muita gente em fóruns que defendiam com unhas e dentes esta nova tendência. Hoje em dia acho esse tipo de birra uma piada, até porque não é de hoje que sons híbridos de vez em quando resultam em coisas boas...Em 1998 surgiram projetos legais de discotecagem numa casa chamada Umbral, como o “Pandora” que, mesmo dando espaço aos headbangers, oferecia sons old school nas pistas, o que fez aproximar-me timidamente de tudo outra vez...Muitos zines literários saíram na mesma época, muito material era reaproveitado com o que se achava na rede. Era mais fácil ter contato com gente “engajada” e novos DJs surgiram a rodo.

Cadavres Exquis: Foi ai que veio a idéia de fazer algum outro zine?

Rod: Em 1995 eu tinha escrito uma pequena biografia do Christian Death, escrita em word Pad! Era bem curta e me baseava em poucas informações (muitas equivocadas) que eu obtinha em alguns zines (como Past, Present, Forever) e mesmo dos discos. Era um ano legal para levar isso adiante, porque novas bandas e selos como Cleopatra impulsionavam o interesse pelo até então esquecido “gothic rock” mais tradicional. Em 1998, com a rede eu consegui mais material, imagens...Foi ai que tive a idéia de fazer um fanzine sobre a banda. Em abril daquele mesmo ano Rozz se matou, o que me motivou mais a prestar essa homenagem. Neste mesmo período tive a sorte de trocar algumas palavrinhas com Ron Athey, o ex-namorado do Rozz e co-fundador do Premature Ejaculation que esteve em SP para apresentar sem longa Hallelujah! no festival de diversidade sexual, Mix Brasil. Isso tudo me impulsionou a começar a colocar isso em prática com um amigo que tinha um zine chamado Shadow of Darkness, mas foi no outro ano com o Gheirart (Brazilian Cure, Love Cure’s e atual Dandi-Dracula) que a coisa deu certo. O que era para ser um zine acabou virando uma revista em off set mesmo...o “Invocations of Rozz Williams” saiu em 99. Ficou mais legal que se esperava; muita gente o considera um item fundamental. Claro que se eu pudesse o refaria com uma diagramação mais suja e com informações mais precisas, mas dentro do que tínhamos em mãos foi uma realização legal, ficamos bastante satisfeitos com o resultado e com a repercussão.

Cadavres Exquis: Existe alguma possibilidade de ser relançado?
Rod: Talvez algum dia, ainda tenho o seu fotolito. Mas como disse, preferia refaze-lo já que muita informação ali não é o suficiente perto do que já foi publicado sobre a banda e sobre o Rozz...Refaria com uma cara mais suja, com colagens e até poesias. A diagramação anterior é bem careta, mas eram as ferramentas que tínhamos em mãos. Os fãs adoraram porque até então não se tinha nada de Rozz escrito em português. Mesmo fãs lá de fora solicitaram algumas cópias, eu mesmo deixei uma no Runyon Canyon Park em Hollywood, onde o Rozz costumava caminhar.

Cadavres Exquis: Vejo que essas bandas que você cita hoje em dia seria bem clichê se fosse incluído dentro da chamada cena death rock...
Rod: Sim eu concordo...Mas nunca foi muito proposital para mim. Além do “deathrock” sempre fui um admirador de rock em geral, são tantas bandas que levaria um dia para citar todas...O “deathrock” está no pacote da chamada cena obscura, o rock gótico nada mais é que o resultado da mistura de vários estilos que foram se desenvolvendo desde o fim dos anos 50...Mesmo musicalmente é quase impossível classificar o gótico, fica a cargo de cada um interpretar. Seja aqui ou lá fora. Quem tenta fazer uma cronologia bonitinha da coisa acaba se dando mal; vemos pelo tanto de vinil ripado nos blogs de mp3 ou mesmo em relançamentos de discos “perdidos” do pós-punk que o Bauhaus, por exemplo, não foi o único responsável por isso tudo com sua “Bela Lugousi’s Dead”...O fato é mais complexo e mais amplo do que se pensa; é um grande quebra cabeça e intercambio de estilos. Muitos paises tiverem seu papel nisto, como Alemanha com seu Neue Deutsche Welle ou a França com sua cold wave, onde saíram centenas de bandas que hoje aos poucos vem sendo resgatadas. Essa coisa de que tudo que aconteceu na ponte área Londres x Los Angeles foi desmascarado...Mesmo no Brasil, falar da primeira geração “deathrock” não se limita apenas no contingente “dark” (que não tinham nada de humor negro além de referências mais sérias como o existencialismo e do próprio pós-punk, via Joy Division). Poderíamos voltar mais no tempo e citar o Joelho de Porco como um dos percussores da “cena” daqui. Já são reconhecidos como uma das primeiras bandas punks do Brasil, mas se você ver os vídeos antigos, o visual, vai concordar comigo...Zé do Caixão, não só pelos seus filmes de terror, e sim seus filmes pornôs-bizarros rodados na Boca Lixo. Tem coisa mais underground que isso? Acho uma tremenda bobeira algumas pessoas até hoje quererem ver a música ou uma expressão artística de maneira muito limitada, separada de tudo que acontece a volta. Uma época eu achava que era coerente brigar ou lutar por isso. Mas é como dar soco em ponta de faca. Você vai ficando mais velho e vê que isso é uma tremenda idiotice. Mesmo porque na pós-modernidade e com o crescimento das redes sociais você pode ser tudo, celebridade, criar sua personagem e ter uma banda nova que soa como antiga, ainda há pessoas que acham tudo isso é uma novidade. Fazer uma batida quatro por quatro, baixo a frente de tudo, vocal ala Ian Curtis está super na moda...e se você faz isso soa super cool.

Cadavres Exquis: Esta percepção foi o motivo para que você se desligasse do projeto “Batzone”?
Rod: Também. Quando criei este projeto com uns amigos, estávamos crentes que poderíamos salvar a tal cena dos clichês, do estrago que o metal-gótico (via bandas que tinham vocalistas com seu visual de “secretária medieval”, tipo Nightwish) e o chamado “future pop” com suas tranças de nylon tinham causado por ai. O “Batzone” foi uma forma oportunista de resgatar o que o Junkeria Nefasta havia plantado anos atrás, de apresentar sons antigos que há muito tempo não chegaram nem ao conhecimento do publico. Paralelamente eu e Julia Ghoulia também estávamos com planos de fazer uma versão brasileira do portal Deathrock.com do Mark Splatter...Isso era o ano de 2003, eu acho, quando a loja o Douglas Graves, a Batcave Records, era o reduto deste pessoal que estava de saco cheio de tudo isso, embora alguns até tinham projetos bastante próximo do que acontecia até então. O Douglas mesmo era um punk veterano, que tinha um currículo de bandas bem extenso. Era uma turma boa. Como alguns sabem a “cena” gótica daqui também nunca foi adiante por causa das panelas e a desunião de algumas pessoas que reafirmam sua desonestidade e atitude porca e fomos prejudicados por isso também...Eu mesmo fiquei sem receber pela capa que fiz pro cd bootleg do Poesie Noire – vol 1! Bom voltando ao “Batzone”; ele surgiu como um projeto de discotecagem que durou umas duas edições, depois se transformou em um zine que durou três edições; duas editadas em papel e uma arquivada. Nós tínhamos uma idéia de ir contra corrente, mas nada de lutar diretamente com a coisa como se fossemos enviados do além...Percebi que até um ponto funcionava pelo seu ar provocativo, mas depois percebi que não, porque tudo caiu no senso comum e humor havia acabado e tudo voltava ao velho clichê que tanto criticava. É bem difícil lidar com adolescentes...

Cadavres Exquis: E qual foi o motivo do fim?
Rod: Entre 2003 e 2005 a cena Deathrock cresceu bastante lá fora e como SP é uma cidade que sempre recebe as “novidades”, não poderia ser diferente. Eu também queria colocar em prática algumas coisas que vi em algumas viagens que fiz pra Los Angeles, onde passei por pontos importantes como as lojas Retail Slut, Dark Vinyl e o projeto Release the Bats...Bater um papo com a Gitane Demone e William Faith (Faith and The Muse) foi inspirador, e eles mesmos estavam empolgados com o que estava acontecendo. O Batzone assim como alguns membros de algumas bandas era um contingente só, mas sempre houve aqueles que interpretaram a coisa errada. Tinha uma galera nova que seguia a gente, mesmo nos show do Crippeled Ballerinas que chegou até abrir um show do The Brides (EUA) por aqui. Muito moleque se empolgou com a parada de ver alguns “punks de boutique” vestidos como zumbis e pogando. Surgiu à idéia de gang, porque eles não queriam ser chamados de góticos e muita gente levou a sério. Os nossos zines tinham a sigla DRSP, uma forma de identificar de onde vinha o pessoal que fazia, assim como em Los Angeles, NY...Alguns babacas pensaram que isso fosse uma ordem, um grupo que estava literalmente disposto a lutar (a dar porrada!) pelo tal deathrock! Isso mesmo. Mas havia gente dentro do projeto que estava mesmo disposta a isso mesmo...Vi que a coisa estava crescendo de forma equivocada. E ai decidi abandonar o barco, já que eu não era nenhum neófito e não era obrigado e ver esta palhaçada toda...Eu lembro que quando eu tinha uns seis ou sete anos de idade eu tinha um clubinho, isso me fez recordar da infância e pra me poupar de algumas coisas, decidi que era melhor meu nome não ficar mais ligado a isso, ainda mais depois que vi que alguns caras até estavam se associando alguns skinheads para arrumar confusão por ai. Não aceito fundamentalismo de jeito nenhum e essas siglas nada mais são que uma forma de segregação...Quem lê isso pode discordar, mas me dá muita preguiça. É uma afetação inútil.

Cadavres Exquis: Já cheguei a ver seu nome citado por algumas pessoas que ainda acreditam na tal cena...
Rod: Eu também já vi, em blogs que até “roubaram” matérias do Junkeria Nefesta...Em algumas entrevistas de membros do tal “DRSP” citam o meu zine como “algo mais legal já feito”. De fato eu me dedicava, mas não em nome de uma cena, movimento e sim pela música que ouço. Penso que é uma tremenda idiotice essa coisa de separar isso por regiões tipo DRSP, DRRJ, DRES. Sinceramente penso que isso seja insignificante a ponto de achar que a tal cena está mais morta do que já estava em mãos de molecada deslumbrada. É como dar faca na mão de criança. Sei que é exagero, pois isso nem tem grande impacto na vida cotidiana e que faz disso uma coisa underground é a falta de interesse que isso gera...Sei que isso logo vai acabar de vez, se é que já não acabou - sei que existe pequenos focos no Brasil a fora. A coisa mais chata é ver que sempre tem alguém querendo teorizar alguma tendência, rotular...Deathrock e gótico é tudo a mesma merda...Quem leva isso muito a sério deve ter algum problema mental ou mesmo é limitado intelectualmente. São Paulo tem muita coisa legal, mas assim como muita cidade do interior há muita gente provinciana e que vive de aparências...As coisas chegam no Brasil muito deturpadas mesmo e há gente de montão que tem a capacidade de fazer isso muito “bem”. Não temos uma cultura alternativa com bases fortes, embora haja gente engajada de verdade envolvida...Nem temos uma tradição cultural que permite isso, até porque a arte e educação são coisas que não são levadas com respeito por aqui...Penso que a Tropicália foi único movimento cultural realmente brasileiro. O resto é pura cópia mal feita.

Cadavres Exquis: Mas você não acha que é melhor isso do que apenas ficar na idéia?
Rod: Talvez, porque até recebo alguns mailings com festas que ainda deixam a coisa acesa. Mas não é por meio de estereótipos, clichês e segregações que isso vai pra frente. Mas temos um histórico de muito tempo de gente sem referencia que transforma isso em radicalismo, o que deixa a coisa “feia”, sem sentido e ridículo em pleno século XXI. Seria a mesma coisa de um sueco querer fazer samba em seu país, por mais que haja identificação fica um resquício esquisito no ar se não houver bom senso...Infelizmente muitas bandas clássicas “deathrock” que embarcaram nesta também e foram reformadas por causa de grana, ou tentar fazer fama retroativa em cima disso. Estão fazendo um jogo horrível e que até macula o passado. Acho que o que era bom ficou para trás...Onde de fato existiram bandas com atitudes inteligentes ligadas a um senso estético e artístico legal, mesmo que ingênuo funcionava muito bem, hoje em dia tenho lá minha dúvidas...Se fosse para escolher, eu esqueceria essas bandas que frequentam festivais de hoje e ficaria com as bandas de pós-rock que têm mais feeling do que estas que insistem em brincar com roupas e esqueletos comprados numa loja de fantasia da 25 de Março. Desde sempre o rock esteve ligado a moda, e não é com qualquer trapo que você convence, para começar por ai...Tem que ter atitude - deathrock virou sinonimo de burrice e mal gosto. Ter um visual não é esconder sua verdade, nem serve como escudo estúpido como de uma torcida “organizada” de futebol. Falo isso porque é como eu vejo a coisa hoje, esses emblemas são para queimar o filme, já que se formos olhar lá pra trás, onde o “positive punk” serviu de apoio e ajudou a compor o chamado som “batcave”, a versão britânica do “deathrock” e veremos esta incoerência. O “positeve punk” tinha raízes nos redutos anarco punks onde a homofobia e a violência era execrada...Tudo era baseado na libertação do espírito e naturalmente no respeito. Era feito por gente mais séria e refinada e vejo que a sua estética elegante está sendo revisitada por muita gente da moda e música contemporanea..

Cadavres Exquis: Mas por ter feito o Junkeria Nefasta, fez parte de tudo isso...
Rod: Não posso criticar muito, pois sei que de alguma forma ajudei a compor a chamada “cena tupiniquin” daqui, ou melhor, formatar um grupo de admiradores deste subgênero. De alguma forma você se sente responsabilizado, mas “responsabilizado” é algo forte, pois no fim não levo a coisa a sério, tanto que me desliguei pelo fato de não levar isso mesmo a sério. Vejo que quem vive isso está numa fase de sonho em que estar “batalhando” por isso é quase um ideal...Não quero soar arrogante falando tudo isso, porque cada um tem as suas fases e o aprendizado é individual. Mas melhor isso que gastar o tempo com música cafona que sai dos auto falantes dos carros nos finais de semana...O punk e o “gothic rock” (que pra mim nada mais é que um sub produto do punk) mesmo que reconhecidos pelos seus estereótipos acabam abrindo a mente para outras manifestações legais como literatura, cinema, artes plásticas, body art etc. Quando alguém se empapuça deste tipo de representação percebe que sua bagagem foi preenchida com um monte de referência legal de vanguarda como expressionismo, dadaísmo, futurismo...O que é muito válido mesmo nos dias de hoje, onde você pode criar peças gráficas baseadas neste tipo de arte. Quando o grupo (Batzone) se desintegrou ainda lancei um zine com uma banda que me ajudou de fato a olhar a coisa mais amplamente, o Virgin Prunes cujo trabalho ecoava muito além da música...Começaram como uma “gang”, mas a maior arma deles era a ironia que de fato é forma mais genuína de superação e afrontamento da própria existência.

Cadavres Exquis: O desligamento do Batzone foi uma forma de seguir a coisa sozinho, já que muitas de suas matérias foram reaproveitadas no site Junkeria Nefasta...
Rod: Foi uma forma mais barata de continuar...E era uma boa oportunidade de alcançar mais leitores, sem contar que foi uma boa desculpa para colocar o “velho” Junkeria Nefasta finalmente no ar com uma nova cara e com a colaboração de outras pessoas. Eu o atualizava semanalmente. Usei até matérias que havia escrito num blog de curta duração chamado Drop Dead, onde eu colocava até uns desenhos meus. Depois que acabou, fiquei sabendo que algumas das matérias são usadas no banco de dados em português do Lastfm, mesmo alguns blogs prestaram homenagem a ele...Acho legal esta memória boa que o zine trás, tem gente que até o usou o nome “junkeria nefasta” como gíria hehehe.

Cadavres Exquis: E não seria uma boa reformá-lo?
Rod: Acho que não tenho mais paciência e nem saudade de nada da época que ele estava no ar. Mas aos poucos tenho postado algumas matérias neste blog. Às vezes tenho me dedico mais as minhas colagens...Queira ou não é uma forma de manter viva essa coisa toda, de forma mais subjetiva. Algumas delas já foram até usadas para banda Dandi Dracula que mostra uma nova possibilidade de banda “dark” sem cair na cafonice que estamos cansados de ver por ai.

Cadavres Exquis: O “deathrock” está morto então?
Rod: Totalmente, como o próprio termo sugere. E nem sei porque perdi meu tempo escrevendo tudo isso.

Cadavres Exquis: E as discotecagens da Escola de Cretinos?
Rod: Rolaram umas duas vezes, uma no club Hole e outra na Loca já faz um tempo...Eu e o Alex Ratz estávamos na época bem antenados em sons minimalistas e cold wave. Pretendíamos até montar um projeto musical. Meu sintetizador Korg ainda continua guardado, esperando minha boa vontade e uma nova oportunidade.

Cadavres Exquis: No site Junkeria Nefastas tinha uma sessão de inventario com a sua coleção. Você ainda continua fazendo esta listagem?
Rod: Depois que o site saiu do ar eu parei de relacionar os itens que adquiro, mas hoje em dia eu tenho me contido mais...Não tenho mais espaço para os discos, mas no dia que eu tiver mais espaço e oportunidade vou fazer uma sala só pra eles. Quando eu morrer quero ser cremado com todos eles. É um vício difícil de se curar.

Cadavres Exquis: Quais foram os últimos itens que você comprou?
Rod: Peguei umas edições especiais e remasters do Cult e Chameleons UK, alguns vinis do selo Minimal Wave. Mas estou dando atenção a uma série de cds com gravações esquecidas do Premature Ejaculation que nunca tinham sido lançadas em cd, apenas em K7. É um estilo difícil de assimilar, porém acho que são itens fundamentais para quem ama o trabalho do Rozz Williams - nestes trabalhos está a sua verdadeira essência. Parte das minhas colagens se deve a esse tipo de sons perturbadores.

Cadavres Exquis: Fora aos estilos que citou até agora, quais as outras coisas que você ouve e que de nenhum jeito você escutaria a alguns anos atrás?
Rod: Há uns dois anos decidi dar mais atenção a alguns sons fundamentais, até uma forma de enxergar o que de ruim eu tinha na minha coleção e poderia ser descartado. Descobri tardiamente Scott Walker, o folk inglês dos anos 60 de raízes celtas e meu interesse pela Nico ficou mais forte quando garimpei mais a sua obra solo. Ainda gosto muito de coisas vindas do post-punk, mas com esses “clássicos” foi possível ser mais seletivo, descartar muitas merdas que antes dava atenção... Tirando isso, gosto de umas coisas da Tropicália, new wave, Skid Row, Buena Vista Social Club. Às vezes me pego escutando coisas antigas do pessoal do Clube da Esquina como Milton Nascimento e Beto Guetes...Gosto bastante do primeiro álbum do Ney Matogrosso - o considero bem ousado e atual, trocaria qualquer disco de EBM por alguém dele.