quarta-feira, 20 de abril de 2011

Remembrance (Gotham Alternative Pub)

Inaugurado em fevereiro de 2001, o pequeno Gotham Alternative Pub (em Pinheiros) abrigou diversos projetos voltados ao som EBM, 80's, future pop, gothic tendencies etc..O espaço era bem agradável e intimista; dois andares com lounge, bar e uma pequena pista de dança, onde até Wayne Hussey (ex-The Mission) chegou a se apresentar como DJ. A casa iniciou suas atividades como "Te Gusta?" e durante seu funcionamento quem arquitetava boa parte de sua programação eram os DJ's Alex Twin (Individual Industry e 3 Cold Men) e Pherro. Umas das festas primordiais foi a "Gotham Fashion" que, devido a sua boa repercussão, acabou dando o nome definitivo ao local.

Aos domingos (esporadicamente, aos sábados) quem comandava as pick ups eram os DJ's e amigos de longa data Ricardo "Kova" Izidoro e Luiz Soncini (que hoje vive em Portugal). Residentes dos extintos clubs Morcegóvia, The The e Umbral, a dupla de veteranos (aliás trio, pois a colaboração da esposa de Luiz, Luciana Ribeiro, sempre foi fundamental) promoveu sub a marca da L&L Project importantes eventos da cena gótica de São Paulo no começos dos anos 2000, incluindo até um festival (1st The Arc of Descent Festival) que contou, além de bandas tupiniquins, com a atração internacional Absurd Minds (Alemanha). O L&L Project foi uma forma que estes parceiros encontraram para divulgar e expandir a "cultura gótica", seja através de suas festas, do zine periódico The Arc of Descent ou de seu catálogo repleto de compilações feitas em K7 ou CD-r.

No Gotham, eles apresentavam discotecagens temáticas que atendiam os mais variados gostos dentro da música obscura. As noites "The Spiritual Way" eram voltadas a bandas de ethereal, dark wave, synth pop, principalmente as que tinhas vocais femininos (as tais "heavly voices"). Já as "Shadowland" atraiam os fãs de vertentes mais pesadas como doom, goth metal, crossover...Isso só para citar uma parte de uma lista com pelo menos seis festas que eles organizavam mensalmente por lá. Obviamente os domingos em que rolavam "Remembrance" eram os meus prediletos, pois em sua programação desfilavam velharias e lados B do gothic rock, pós-punk, cold wave e EBM "old school". Em uma delas me surpreendi com o som de Gene Loves Jezebel (acho que foi o único lugar que escutei "Shaving My Neck" na pista), Danse Society, Virgin Prunes saindo dos amplificadores...Como a sua proposta saudosista era muito semelhante ao recém-criado Batzone, não demorou para que eu recebesse o convite para eu tocar como guest na edição seguinte (no dia 28/04/2002 - mais informações e download dos set lists num próximo post). Além desta gentileza sonora, era comum que nestas festas se distribuísse gratuitamente coletâneas em K7 para as primeiros dez pessoas que chegassem. Garimpando meu acervo de fitas achei duas do "Remembrance" cujos os sets em mp3 divido agora com vocês. Como os K7's Black Sundays, estes não apresentam nenhuma raridade, no entanto tratam-se de mais um daqueles aperitivos de clássicos que no mínimo desperta boas recordações daqueles que perambulavam pelo circuito alternativo paulistano até a metade da década retrasada. O Gotham fechou suas portas no dia 13 de outubro de 2002. Foi um fim prematuro, já que tinha de tudo para dar certo. O que nos resta é mesmo relembrar...

Nota 1: Numa das últimas edições do "Remembrance" foram distribuídas cinco cópias de um CD-R (com o subtítulo "Nights 1") que era na verdade um híbrido dos dois K7 citados com o acréscimo de alguns "bônus". Sendo assim, disponibilizei apenas estas faixas extras deste item (indicadas com asterisco em seu track list abaixo) já que seria redundante e desperdício de espaço no disco virtual montar uma pasta com quase os mesmos arquivos dos outros volumes. So, do it yourself.
Nota 2: Em cada pasta há a capa da fita/cd original e colorida digitalizada. Divirtam-se.

Obrigado ao Twin e Luiz que gentilmente me passaram algumas informações.

REMEMBRANCE VOL. 1

A 1. Cocteau Twins - Blind Dumb Deaf
A 2. This Mortal Coil - 16 Days (reprise)
A 3. Trisomie 21 - Relapse 2
A 4. Twilght Ritual - Closed Circuit
A 5. Death in June - Rose Clouds of Holocaust
A 6. Absolute Body Control - Is There an Exit?
B 1. Sex Gang Children - Sebatian
B 2. Virgin Prunes - Pagan Love Song
B 3. Gene Loves Jezebel - Shaving My Neck
B 4. Play Dead - The Tenent
B 5. Bauhaus - Boys
B 6. The Damned - Shadow of Love
B 7. Rosetta Stone - If Only and Sometimes
B 8. Christian Death - Deathwish (1992 Version)

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REMEMBRANCE VOL. 2

A 1. Pink Industry - Pain of Pride
A 2. Vita Noctis - Hade
A 3. Cranes - Inescapable
A 4. Dead Can Dance - Avatar
A 5. Opera Multi Steel - Cathédrale
A 6. Mecano - Room for Two
A 7. Malaria - Keltes Klares Wasser
B 1. Gitane Demone - Incediary Lovers
B 2. Nosferatu - Inside The devil
B 3. Garden of Delight - Spirit Invocation
B 4. Paralysed Age - Dark
B 5. Asmond Bizarr - Remember Dorian
B 6. Red Lorry Yellow Lorry - Cut Down
B 7. The Sisters of Mercy - Poison Door

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REMEMBRANCE (NIGHTS 1)

1. Wolfsheim - Blind*
2. Cocteau Twins - Blind Dumb Deaf
3. Pink Industry - Pain of Pride
4. Dead Can Dance - Avatar
5. Siouxsie and The Banshees - Lunar Camel*
6. Malaria - Keltes Klares Wasserr
7. Mecano - Room for Two
8. Opera Multi Steel - Cathédrale
9. Trisomie 21 - Breaking Down*
10. Twilght Ritual - Closed Circuit
11. Clan of Xymosx- No Words*
12. Joy Division - Atmosphere*
13. Bauhaus - Boys
14. Sex Gang Children - Sebastianne
15. Virgin Prunes - Pagan Love Song
16. Gene Loves Jezebel - Shaving My Neck
17. The Damned - Shadow of Love
18. The Sisters of Mercy - Poison Door
19. Red Lorry Yellow Lorry - Cut Down
20. Christian Death - Deathwish (1992 Version)
21. Rosetta Stone - If Only and Sometimes

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segunda-feira, 11 de abril de 2011

Grebo Rock: que porra é esta?

Entre tantos movimentos e estilos inventados pelos semanários ingleses New Musical Express, Sound e Malody Maker, o grebo rock ocupa o lugar entre os mais desconhecidos e menos lembrados. Para alguns foi tão nulo quanto o chamado positive punk (expressão que tentava amontoar alguns dissidentes mais “sombrios e místicos” do anarco-punk com outros entusiastas do “early-goth-batcave” ou mesmo gente que não tinha nada a ver com o assunto). De qualquer forma, essa categoria foi responsável (ou serviu de intermédio) para o aparecimento e a consolidação de outros gêneros que começaram a dar as caras no final dos anos de 1980 e início dos 90, como o lurch- um grunge com sotaque britânico que não chegou a decolar, mas foi bem representado, entre muitos outros, por nomes como Tabitha Zu, Sunshot, Homage Freaks e Daisy Chainsaw.

A origem deste fenômeno podia ser, em parte, uma resposta à ressaca causada pelo declínio da segunda geração gótica (bandas pós-Batcave, surgidas a partir da metade dos anos 1980), embora, musicalmente, o grebo ainda tomava para si algumas referências rítmicas vindas do inicio do pós-punk. O jornalista Mick Mercer apontou que no fim dos anos de 1980, o rock gótico tinha mudado significantemente e sua diluição deu origem, entre outras manifestações, ao próprio grebo.

O fato era realmente que cena alternativa da terra da Rainha passava por uma recessão e profundas transformações que tiveram inicio em 1985, ano em que a darkisse dava sinais de óbito, pois tudo que fora experimentado dentro daquele padrão estético parecia estar esgotado e a própria imprensa musical já não levava mais a sério quem insistia em percorrer a carreira pelas sombras. O grande templo do pós-punk, a Factory (em Manchester), já promovia suas festas regadas a ácido e new beat. Os goths moribundos que procuravam ouvir rock não tinham mais a Batcave como refugio. Houve uma eminente necessidade de inovar. Depois que o The Cult lançou o álbum Love (um trabalho em que se ousava falar de amor num período em que a ordem era enaltecer a autodestruição) abriu-se espaço para novos-velhos hippies como The Mission, All About Eve, Crazyhead, Balaam & The Angel e Gaye Biker on Acid que não viam nada de mais em arriscar a fazer mais barulho, agregando elementos do hard rock sem frescura, numa clara saudação a seus ídolos de duas décadas anteriores com direito a guitarras psicodélicas, cabelos compridos e outros adereços flower power que serviram de base e inspiração ao que estava por vir.

A aderência de muitas bandas às peculiaridades neo-psicodélicas (a retomada dos os ideais de paz e amor, mas sem a ingenuidade dos anos 60) foi uma forma de ir à contra mão e preencher um vazio, já que tudo que estava acontecendo no cenário musical ainda carregava os rastros fúteis da era new wave lembrada pelo uso exagerado de recursos eletrônicos, o que ainda era bastante visível nas programações das rádios e nas paradas de sucesso. A música sintetizada continuava a fazer a cabeça da primeira "geração MTV" que se via curvada à ditadura do mainstream por onde desfilavam caras novas inexpressivas que logo desapareciam em função do hype. Porém, há quem tirou proveito disso, pois o underground voltou a ser marginalizado e um espaço livre e fértil para quem ainda queria fazer um trabalho honesto. A partir do final dos anos de 1980 a ordem entre alguns outsiders era voltar a fazer rock de maneira crua, deixando o ar soturno de lado para se dedicar a canções, cujos acabamentos e os arranjos pouco importavam. Isto virou uma febre entre as bandas independentes que despontavam principalmente na costa meridional da Inglaterra.

As bandas mais influentes da cena foram o Pop Will Eat Itself (que tinham músicas temáticas como "Oh Grebo I Think I Love You" e "Grebo Guru"), The Wonder Stuff, Ned's Atomic Dustbin, Carter USM, Batfish (esta conhecida anteriormente como The Batfish Boys, formada depois que o vocalista Simon Denbigh deixou o March Violets), Blyth Power e as vindas da cidade Leicester como Crazyhead, The Bomb Party (umas das bandas mais chapadas que apareceram...), The Hunters Club, Scum Pups e Gaye Bykers on Acid. A banda londrina Medicine Factory (depois rebatizada de Stark) também foi uma das mais ativas nesta cena. O termo também serviu para descrever o Jesus Jones no inicio de carreira, mas a banda era muito “limpinha” se comparada à porra-louquice dos demais fanfarrões. Rejeitados, os rapazes acabaram por fim percorrendo caminhos mais comerciais (na linha EMF), alcançando um significante sucesso na Inglaterra, nos Estados Unidos e Brasil, onde se apresentou no festival Hollywood Rock de 1992. Entre tantos nomes o Zodiac Mindwarp & the Love Reaction foi considerado o papa da filosofia grebo, seja na atitude (esculhambado e beirando ao clichê do hard rock poser) quanto o som que era absolutamente agressivo e ensurdecedor, o que agradou muito os motoqueiros de plantão. Seu álbum Tattoed Messiah (1988) é considerado um clássico.

O estilo musical destas bandas era bem variado e sofria muita influencia de garage rock dos anos 60, pop, hip-hop, psychobilly, swamp blues (tipo Gun Club e The Scientists) e incursões eletrônicas (visto que no período a cultura rave estava ascensão e quase ninguém ficou imune a isso). Em resumo, os tais grebo rockers era um bando de anarquistas que cresceram ouvindo punk e se apoiaram, de forma freak e desleixada, na hora de criar uma sonoridade apunhalada e bastante receptiva às acepções do heavy metal ou do rock n’ roll mais direto, com letras bem humoradas de fundo místico-nacissista, em que o sexo e as viagens lisérgicas aparecem como única e final solution.

A moda grebo incluía dreadlocks (alguns não lavavam os longos cabelos para que estas tranças aparecessem naturalmente), cabeças raspadas (com rabo de cavalo), roupas largas, botas surradas, camisas xadrez (será que antecederam o que a moçada de Seatle tinha como marca registrada?), jeans desbotados, jaquetas de couro, adereços camuflados, chapéus estranhos e lenços de pescoço.

O movimento, embora breve, fez um razoável sucesso naquele período e influenciou muitas bandas que surgiram mais tarde e que foram responsáveis pela reformulação da música pesada ocorrida nos anos de 1990.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Vítima do Dualismo (Augusto dos Anjos)


Ser miserável dentre os miseráveis
- Carrego em minhas células sombrias
Antagonismos irreconciliáveis
E as mais opostas idiosincrasias!

Muito mais cedo do que o imagináveis
Eis-vos, minha alma, enfim, dada às bravias
Cóleras dos dualismos implacáveis
E à gula negra das antinomias!

Psique biforme, O Céu e o Inferno absorvo...
Criação a um tempo escura e cor-de-rosa,
Feita dos mais variáveis elementos,

Ceva-se em minha carne, como um corvo,
A simultaneidade ultramonstruosa
De todos os contrastes famulentos!

sexta-feira, 1 de abril de 2011

13-34

Há 13 anos atrás Rozz deixava este mundo (mas será que em algum momento faz de fato parte dele?)...Eu iria preparar uma homenagem mais longa, mas em breve postarei uma caprichada matéria sobre um dos seus projetos prediletos (e meu também): Premature Ejaculation....Segue a tradução livre de "A World Apart", uma das mais belas e emotivas composições do artista, gravada em 1995 com Gitane Demone para o álbum Dream Home Heartache, que dispensa comentários...

"Um Mundo Em Pedaços"

Como posso adormecer tranquilo num coração enfraquecido
Pelas consequencias da incompreensão?
As vezes me reprimo por engano
Horas passam intensamente pela chama do ódio humano
Um rio de desejo turvo, agora mais nítido
Alguns homens olham para dentro de suas almas,
Para dentro dos ventos fugazes de um novo dia,
Alguns homens olham para dentro dos seus corações,
Para dentro do abandono completo, cheio de ecos, de sonhos,
Mundo dentro de um mundo
Um mundo em pedaços, um mundo dentro de um mundo
Você sabe como eu sinto, tão inexperiente, embora feliz desta maneira
E a propósito, nós temos tudo a nossa volta, imagens enforcadas de nós mesmos
O que importa se partimos agora?
Alguns homens o olham para dentro de suas mentes,
Para dentro da morte do amor e do além
Alguns homens olham para dentro da escuridão,
Sem lamento, nada encontram Um mundo dentro de um mundo, um mundo em pedaços
Um mundo dentro de um mundo, a vida é breve, confusa, mesmo quando falamos
Eu me deito ferido, continuo nos mundos dentro de um mundo
Embora sejamos mundos em pedaços

terça-feira, 29 de março de 2011

Black Sundays - American Gothic

O K7 "American Gothic" trata-se apenas de uma cópia da versão CD (com bônus) lendária coletânea homônima editada originalmente como LP em 1988, pelos selos BOMP! (EUA) e Gymnastic Records (Inglaterra, mas com prensagem na Alemanha). Para apresentar este disco tão bacana, decidi transcrever pequenas notas contidas nos fanzines Enter The Shadow e Batzone (este, como estava mal escrito e é de minha autoria, me dei a liberdade de arrumá-lo ou pelo menos dar uma melhorada). Aproveitem e bom download!

THE KRYPT era um dos clubs que funcionou em Los Angeles na década de 90. Algo assim como a nossa extinta (que Deus a tenha!) TREIBHAUS...A história do Gothic Rock norte americano traz a THE KRYPT como seu templo eterno, tudo aconteceu lá. A Gymnastic Records relançou em CD este álbum histórico, com 2 faixas extras: "Tangia" do Mephisto Walz e "Requiem" do Christian Death. As outras faixas são mais puro gothic rock, desde suavidades como "Simple Addictions" do Scream For Tina" até porradas como "Burn Like Angel" do Subterraneans e "State of Decay" dos ótimos Deathride 69. O Radio Werewolf com "Dead Alive" e, no entanto o encarte troca Califórnia por "Kalifornia" e Hollywood por "Hollywierd"...O Ex-Voto com seu visual Sisters vem com "Falling Apart". Duas do H-Bomb White Noise: "Modern Destroy" e "H-Bomb White Noise" e mais algumas pérolas negras...Depois do fim do THE KRYPT, o "American Gothic Way of Life" nunca foi o mesmo.
(por DJ Tonyy - Enter The Shadow - número 05, maio de 1993)


Depois das coletâneas pioneiras Batcave: Young Limbs, Numb Hymns e The Whip (ambas lançadas na Inglaterra), a Califórnia também quis mostrar suas crias em forma de bolacha. Seu título não poderia ser melhor: "American Gothic". A capa faz uma brincadeira fetichista ao famoso quadro de camponeses protestantes de mesmo nome. Apesar de dar um panorama da cena da costa oeste (mais precisamente de Los Angeles e Orange County) do inicio da década de 1980, boa parte das bandas aqui apresentadas não existiam mais quando este LP foi lançado (1988). Gothabilly, horrorpunk, deathrock nas suas mais variadas formas, coisinhas minimalistas e experimentais; este é um prato cheio para os amantes destes gêneros. A sua versão digital (editada em 1992) tem o acréscimo de duas faixas: Christian Death com "Requiem" (um belíssimo e raro medley de "Dogs" e "Dream for Mother" gravado ao vivo em 1981 no Al's Bar) e Mephisto Walz com a versão original de "Tangia" tirada do álbum "Croscosmia" (este track serviu nada mais como divulgação para mais um item do catalogo da Gymnastic). Em minha opinião, este disco poderia ter ficado melhor e mais completo se tivessem entrado também como bônus as bandas Kommunity FK, Superheroines e Voodoo Church. Fica a dica para uma próxima edição, já que esta se encontra fora de catálogo há mais de duas décadas.
(por Rod Heltir - Batcave - número 02, outubro de 2003)

Notas extras:
- O Premature Ejaculation, por ter sido uma das mais frequentes e principais atrações do pequeno palco do The Krypt, muito me admirou que o editor (ou o artista gráfico) tenha creditado o projeto como "Premature Ejaculations" logo na capa. Isso poderia ter sido corrigido na sua versão digital.

- Dentro da pasta de arquivos coloquei a capa digitalizada (e colorida) do K7 Black Sundays (C22) para que o ouvinte possa guardar como memorabilia, bem como todo encarte e selo do CD original na sub-pasta "folder".

Track list:
1. Screams For Tina - Simple Addictions (4:53)
2. Subterraneans - Burn Like An Angel (3:05)
3. U.P. (The Rotorbeat) - New Age (2:07)
4. Black March - Angel Day (2:20)
5. H-Bomb White Noise - Modern Destroyed (3:27)
6. Radio Werewolf - Buried Alive (5:30)
7. Death Ride '69 - State Of Decay (3:56)
8. G.O.D. - Sol (3:01)
9. Ex-Voto - Falling Apart (3:09)
10. H-Bomb White Noise - H-Bomb White Noise (4:13)
11. Premature Ejaculation - Pig Face Show & Tell / Blue Honey (6:18)
12. Mephisto Walz - Tangia (4:36)
13. Christian Death - Requiem (Live Cut. Al's Bar, L.A. 1981) (5:55)
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domingo, 20 de março de 2011

carta ao papa


O confessionário não é você, oh Papa, somos nós; entenda-nos e que os católicos nos entendam.
Em nome da Pátria, em nome da Família, você promove a venda das almas, a livre trituração dos corpos.
Temos, entre nós e nossas almas, suficientes caminhos para percorrer, suficientes distâncias para que neles se interponham os teus sacerdotes vacilantes e esse amontoado de doutrinas afoitas das quais se nutrem todos os castrados do liberalismo mundial.
Teu Deus católico e cristão que, como todos os demais deuses, concebeu todo o mal:
1º. Você o enfiou no bolso.
2º. Nada temos a fazer com teus cânones, índex, pecado, confessionário, padralhada, nós pensamos em outra guerra, guerra contra você, Papa, cachorro.
Aqui o espírito se confessa para o espírito.
De ponta a ponta do teu carnaval romano, o que triunfa é o ódio sobre as verdades imediatas da alma, sobre estas chamas que chegam a consumir o espírito. Não existem Deus, Bíblia. Evangelho; não existem palavras que possam deter o espírito.
Nós não estamos no mundo, oh Papa confinado no mundo; nem a terra nem Deus falam de você.
O mundo é o abismo da alma. Papa caquético. Papa alheio à alma, deixe-nos nadar em nossos corpos, deixe nossas almas em nossas almas, não precisamos do teu facão de claridades.

(Antonin Artaud)

quinta-feira, 3 de março de 2011

Black Sundays - Hard Goth I


Como prometido, segue mais uma reprodução em mp3 de mais uma daquelas fitas K7 do Projeto Black Sundays. Desta vez trata-se da "Hard Goth I", ou seja, uma compilação de sons mais "hard". Lógico que não se trata de nada que beira o heavy-metal e sim de um simples registro com canções que representam o gothic rock nas suas mais densas características. Há coisas como Red Lorry Yellow Lorry e Altered States que fazem jus ao título (baterias marcadas e aceleradas, vozes guturais...), porém a barulheira é amortizada com a levada mais softs de This Mortal Col com "16 Days" (a versão reprise de "Gathering Dust", que aliás é uma excentricidade mais pós-punk se compararmos com o resto do repertório deste emblemático projeto da 4AD) e James Ray and The Performance com a "animadinha" e dançante (leia-se electro-gótica, mezzo techno-pop) que parece ter caído de para quedas entre as figurações mais tradicionais aqui apresentadas, mas é velharia da boa, então está valendo. O set list de "Hard Goth I" centra-se em bandas clássicas dos anos de 1980, contudo concede espaço a um hit das pistas alemãs do inicio dos anos de 1990; "Mescal" do Arts & Dacay com sua cadência old school e vocais ala Bauhaus. É um belo e efêmero apanhado que agrada os morcegões de plantão que curtem um som mais encorpado, direto, recheado de batidas fortes e guitarras barulhentas no melhor estilo goth n' roll. Infelizmente não consegui adquirir na época a sequencia (ou as sequencias) da "Hard Goth I". De qualquer modo, o derradeiro item desta série Black Sundays será a coletânea "American Gothic"*. Enjoy!

Track list:
A 1. Play Dead - Solace (5:40)
A 2. Altered States - Low Life (4:59)
A 3. Red Lorry Yellow Lorry - Walking On Your Hands (2:43)
A 4. Arts & Decay - Mescal (3:54)
A 5. Christian Death - Romeo's Distress (3:14)
A 6. The Sisters Of Mercy - Adrenochrome (2:57)
A 7. James Ray And The Performance - Dust Boat (4:29)
B 8. Siouxsie and the Banshees - Trophy (3:18)
B 9. XMal Deutschland - Matador (6:56)
B 10. This Mortal Coil - 16 Days (4:15)
B 11. Joy Division - These Days (3:24)
B 12. Death in June - The Calling (MK II) (5:38)
B 13. Sex Gang Children - Who on Earth Can That Be? (4:02)
*download it here*