A coleção Baderna, da editora Corand, tem ótimos itens para quem questiona o estabelecido...Sou suspeito de falar sobre eles, afinal parecem ter sido escritos na medida certa. Lendo as últimas páginas do livro "Apocalipse Motorizado - A Tirania do Automóvel em Um Planeta Poluído", fui interrompido algumas vezes por um barulho insuportável de britadeira...A prefeitura, nesta semana, abortou a idéia das ciclovias em Moema, a pedido de alguns moradoras que viram este projeto piloto como inviável para circulação dos seus "lindos" automóveis. Isso me fez crescer mais minha repulsa contra este tipo de veículo, que dominou e deformou as grandes cidades, atrofiou os espaços públicos, matam (ou aleijam) por ano milhares de cidadãos e sufoca a nossa atmosfera. Neste meu asco, não entendo o carro apenas como um meio de transporte - é um símbolo cafona de status, além daquelas velhas atribuições machistas e de libido que lhes são conferidas...A adoção da bicicleta como meio de locomoção pode ser sim ato revolucionário, pois é um ato racional de abolir e liquidar os tantos interesses que envolvem os falsos valores e vantagens deste poder motorizado que causa tantas barbáries e transtornos.
Trecho:
Subjetivamente, o consumo transforma o proletário em burguês. Proletários e burgueses somem atrás do consumo de bens que só se diferem no refinamento de detalhes. A popularização do carro pode ser vista como um símbolo de uma nova era: produção de objetos em massa para consumo em massa, o trabalhador ascendendo subjetivamente à condição de burguês, embora continue sendo objetivamente trabalhador – ou seja, uma coisa, um ser sem controle da gestão da sua existência e da propriedade –, e à distinção de classes se sobrepondo uma classe única, a dos consumidores. Diferentemente das máquinas na linha de produção, o carro leva o indivíduo não apenas ao sacrifício do trabalho, mas também à (tentativa de) fuga – o passeio, a diversão. O automóvel individual permite ao menos a ilusão do controle do próprio destino. Preso além de tudo pela ilusão, a possibilidade de libertação se distancia, e se distancia quanto mais se pretende que o carro reduza as distâncias, que produza “liberdade”.
Subjetivamente, o consumo transforma o proletário em burguês. Proletários e burgueses somem atrás do consumo de bens que só se diferem no refinamento de detalhes. A popularização do carro pode ser vista como um símbolo de uma nova era: produção de objetos em massa para consumo em massa, o trabalhador ascendendo subjetivamente à condição de burguês, embora continue sendo objetivamente trabalhador – ou seja, uma coisa, um ser sem controle da gestão da sua existência e da propriedade –, e à distinção de classes se sobrepondo uma classe única, a dos consumidores. Diferentemente das máquinas na linha de produção, o carro leva o indivíduo não apenas ao sacrifício do trabalho, mas também à (tentativa de) fuga – o passeio, a diversão. O automóvel individual permite ao menos a ilusão do controle do próprio destino. Preso além de tudo pela ilusão, a possibilidade de libertação se distancia, e se distancia quanto mais se pretende que o carro reduza as distâncias, que produza “liberdade”.
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