sábado, 12 de setembro de 2009

história do amor

A angústia seria mais um véu espesso (retalhado e sedutor) que cobre a dúvida? "A História do Diabo" do Vilém é agora um dos meus instrumentos mais precisos para a tentativa de corrosão de tantas perguntas. O livro deixa diante do abismo de frases mágicas e lógicas vindos num pacote que tem lá suas doses propositais de tensões. Tal brutalidade que serve muito mais que uma simples anestesia para as nossas inquietações; é um portal cristalino e poético mesmo que haja o argumento a poesia possui seus fios defeituosos que re-decodifica o que se estabeleceu o que é "real" - na verdade é truque vaidoso de nossos desejos e ele se utiliza deste recurso de forma muito sóbria como quem não se contaminou; "quero sentir vontade" para a possível felicidade que são fumaças perfumadas e raras que entrelaçam nossas narinas e nos levam a incertezas deliciosas e gozos profundos. Este tratado nos trás a consciência objetiva que o mundo, "deus" e "diabo" e as coisas são frutos de nossos mais extremos anseios que estão ai para concretizar literalmente as vertigens que camuflam este tedioso mundo que carece de um convincente significado, pois já é fruto do absurdo total que foi a criação do universo. Somos Deus, somos diabo, maestros defeituosos, mas com uma posição privilegiada e apaixonada (??) no caleidoscópio interpretativo da existência. Tudo ao nosso redor é prova disso, basta sintonizar-se nesta gosma (Terra) que consome sua própria pele afim de ser um só corpo, unicelular, como se quisesse se calar prazerosamente para sempre. É loucura sendo comprimida à zero, como o vazio é em seu estado bruto.
Sei que sou um tremendo tolo nestes pensamentos. Sou um feto do que já foi tratado em linguagem (ou entulho), mas me instiga e surpreende de forma muito honesta.
Prévias conclusões me dão este prematuro sinal: só contempla realmente a vida quem já desceu seus mais obscuros e lamacentos degraus que nada mais são que adubos sinceros. Depois de relarmos no que chamamos de morte passamos a respirar com mais vontade, pois enamoramos por alguns instantes as caricias do silencio inalcançável ou, em outras palavras, o nirvana por meio daquilo que poucos conseguiram traduzir: o amor, a extensão mais nobre de todo apetite. Depois que tomamos consciência disso, queremos noticiá-lo ao mundo por meios absurdos, gulas, dorzinhas, grunhidos e luxúrias que tomam cores e formas em nossos corpos e na natureza, aromatizados e
genuinamente dementes marchando paradoxalmente para a extremidade(útero).


"E se você notar o demônio em você
O anjo em mim
Jesus em você
O diabo em mim
"

(Echo & The Bunnymen - Angels And Devils)

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