quinta-feira, 16 de julho de 2009

Positive Punk


O positive punk foi um “movimento” quase nulo, mas penso, mesmo com sua efemeridade, foi a melhor designação para as bandas e seguidores dissidentes (ou não) da chamada cena “Crass” no Reino Unido entre os anos de 1981 e 83. Embora os temas tenham um cunho “positivo” (como justificado por algumas bandas que de forma relutante acabaram abraçando o título), sua proposta de escapismo chegava ao niilismo extremo. Essa volta da embriagues mística & psicodélica (já vista nos anos 60) e a espiritualidade seriam formas de esquecer, assumir ou superar a dura realidade da era Thatcher? Eu consigo enxergar o otimismo no desespero e isso é fonte quase inesgotável de inspiração (a dualidade “luz” & “sombra”, “frio & quente” sempre dão bons resultados). A linha que tentava separar essas bandas da trupe de zumbis andróginos com instrumentos empunhados que emergiam em torno do clube Batcave era quase imperceptível. As duas “alas” reinventavam o punk como forma de exteriorizar seus horrores com os mesmos princípios sonoros e estéticos. O UK Decay, Adam and The Ants (primeira fase) e o PIL, entre diversos nomes que chamuscavam pela Europa a fora, antes do Bauhaus, foram talvez as maiores fontes criativas dessa turma que já estava cansada da cartilha anarco-punk; seus integrantes estavam mais abertos às transformações & experimentações que aquele riquíssimo período oferecia. De qualquer modo, mesmo que as duas coisas sejam parte do mesmo balaio, eu tolero mais termo criado por Richard North já que o gótico (super controverso em termos de estilo musical) e o deathrock viraram piadas quando a industria fonográfica vulgarizou seus produtos a fim de suprir o gosto da imprensa e de muita gente errada que acata até hoje qualquer tipo de sensacionalismo. PS: existiu de fato um sensacionalismo em torno do “positive punk” que acabou estampado (vulgarizado?) na capa da New Music Express em fevereiro de 1983. Paradoxalmente essa edição é considerada, em minha visão, como a cartilha da sua própria morte. Esse é o destino de qualquer hype, mas neste caso acho um dos mais dignos dentre muitos criados depois. A propósito vocês acham que o make-up e os penachos do MGMT vieram da onde, queridinhos? A pós-modernidade é de dar pena.

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