sexta-feira, 24 de julho de 2009

porco


Vi algumas bitucas e sangue diluído no vazo sanitário. Alguém tinha desprendido um choro ou qualquer coisa ali e logo imaginei “eu tinha que ter feito isso antes”. Ainda havia resquícios daquilo que não foi resolvido e senti que meu peito possuía uma ferida fria que tomava grande parte do pensamento. As cinzas e mancha púrpura na água me faziam pensar num exorcismo imediato. Quando se deseja e não alcança aquilo que é pretendido brota-se involuntariamente um ressentimento escuro nos tecidos das calças...Os sedimentos petrificam, te deixam pesado e as cólicas apontam para uma só direção. Meus ouvidos tomaram forma de ganchos e uma cratera expôs meu coração a uma leve surpresa. Alguém me empurrou para dentro d’água e não havia o que me preocupar; o cenário era muito familiar. Eu estava numa gruta formada pelas paredes da inibição, onde sacerdotes nus devoravam uns aos outros. Eles serviam uma grande minhoca gosmenta que comia fezes extraídas das vitimas esmagadas por pedras enormes (restos de seus próprios excrementos). O Diabo havia aprisionado Deus que agora gozava desta forma cômica e rastejante. Entendi o porque nestes últimos tempos parte das lamentações havia cessado de meu intestino e as vozes que ainda lamuriavam, eram os últimos suspiros deste velho babão que se divertia as custas daqueles clamores tenebrosos. Ele era o grande cúmplice das solitárias e sempre desejou se lambuzar com os porcos. Emergi tendo a pura certeza que a descarga leva ao vertical abismo da fé. Sentei no trono como um rei, acendi um cigarro e caguei de tanto rir.

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