O porquê do aparecimento de uma nuance gélida e marcial da música sintetizada, durante a fase mais crítica da Guerra Fria, parece um fenômeno um tanto óbvio nos porões alternativos europeus. A cold wave, assim como outra manifestação obscura, ainda é a trilha ideal para a angústia pós-moderna e ao temor apocalíptico.
Andy Oppenheimer, natural de Liverpool, é um dândi com jeito de cientista maluco andrógino e que até hoje é um expert no assuntos "armas de destruição em massa". Sua mente inquieta não ficou apenas voltadas aos estudos - uma boa forma de se abstrair e comunicar seus interesses foi através das artes plásticas (seus quadros surreais em guache, que já foram exibidos e em Londres e em Brigghto) e música.
Suas primeiras pesquisas influenciaram muitas as canções escritas e gravadas com Martin Lloyd (teclados e sintetizadores) no início dos anos 80 como Oppenheimer Analysis. A parceria começou em 1979 depois que se conheceram em uma festa de abertura de um evento de ciências.
No meio dos anos de 1970, Andy foi para Londres, quando estava na universidade. Envolveu-se com o movimento punk, mas foi da cena new romantic (principalmente da sua atração por Human League) que veio sua inspiração rítmica para o projeto com Martin. É bom frisar que ao invés da imagem festeira do povo do club Blitz, os dois amigos preferiam abordar nas suas canções temas mais introspectivos, existenciais e que retravam a paranóia em torno da ameaça de uma guerra nuclear.
Em 1982 eles lançaram aquilo que foi seu único registro oficial até então: o cassete "New Mexico" gravado no Feedback Studio, em Londres. Essa fita teve uma boa vendagem nas convenções de ficção cientifica, clubs e pubs onde o Oppenheimer Analysis tocava. Após isso a banda foi dissolvida e caiu no esquecimento...
O recente interesse nos sons minimalistas/eletrônicos fez com Andy e Martin se reunissem em 2005. O selo nova-iorquino Minimal Wave tem dado um bom suporte para a ressurreição do projeto - o item número 1 do seu catalogo é um EP (em vinil, com um belo pôster com fotos e letras) da dupla contendo material antigo remasterizado. Fez tanto sucesso entre os antenados no estilo que ganhou uma segunda edição em 2007.
Por mais que haja uma dose de oportunismo nessas voltas, este caso é perdoável, pois a "onda fria" soa contemporânea e parece que sua provável reaparição venha preencher o vácuo deixado pelas recentes bandas eletro. Para o Oppenheimer Analysis e outras bandas veteranas pode ser uma forma de recuperar o tempo perdido numa era onde a informação corre mais rápida...Parece tardio, mas antes tarde do que nunca.
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*Matéria editada no meu antigo site Junkeria Nefasta.
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