sexta-feira, 26 de novembro de 2010
O Lobo da Estepe - Hermann Hesse
“...como admirava, então, aquelas enevoadas tardes de outono ou de inverno! Como respirava, ansioso e embevecido, a sensação de isolamento e melancolia, quando, noite adentro, enrolado em meu capote, atravessava as chuvas e tempestades de uma natureza hostil e revoltada, e caminhava errante, pois naquele tempo já era só, mas ia repleto de profunda satisfação e de versos, que mais tarde escrevia, em meu quarto, à luz de uma vela, sentado à beira da cama.”
“Como não haveria de ser eu um Lobo da Estepe e um mísero eremita em meio a um mundo cujos objetivos não compartilho, cuja alegria não me diz respeito! (...) E, de fato, se o mundo tem razão, se essa música dos cafés, essas diversões em massa e esses tipos americanizados que se satisfazem com tão pouco têm razão, então estou louco. Sou, na verdade, o Lobo da Estepe, como me digo tantas vezes – aquele animal extraviado que não encontra abrigo nem alegria nem alimento num mundo que lhe é estranho e incompreensível.”
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
The Nephilm
O primeiro contato que tive com o Fields of The Nephilim foi quando escutei o EP Returning To Gehenna (em vinil) que peguei de um amigo que, como eu, estava atrás de "novos" sons obscuros. Sonoramente, não me despertou grande interesse já que, por ignorância de um neófito, me remetia algo que eu já havia escutado de Sisters of Mercy – aqueles vocais vindos do fundo da catacumba etc. Mesmo com suas limitações, é um disco divertido e de grande mérito, mesmo porque foi uma fundamental inspiração para algumas bandas medíocres e pré-fabricadas de gothic rock dos anos 90. Em seguida, consegui emprestado (outra bolacha), o Dawnrazor que me ajudou me preparar ao que estava por vir.
Mesmo depois de visitar outras tendências, Carl McCoy é ainda um cara que me faz ficar matutando com sua música. O álbum The Nephilm é um dos meus “convites” prediletos ao pesadelo. A maturidade da banda foi consolidada não apenas em termos de sonoridade, mas porque ficaram mais explícitas em suas letras quais eram suas fontes místicas (mitologia suméria endossado com o ocultismo Aleister Crowley).
O disco foi lançado em 1988 e no ano seguinte saíram em turnê pelos Estados Unidos. Porém, essa excursão não foi bem sucedida. Apesar da sua familiar imagem influenciada pelos velhos filmes westerns, os americanos levaram muito a sério os seus temas que na maioria das vezes tratavam de anjos decaídos, semideuses, demônios etc o que acabou afugentando um pouco o público da terra do Tio Sam.
Para aqueles que se sentiram atraídos, McCoy é tido com uma das figuras mais enigmáticas da historia do rock n' roll. Sua imagem de cow-boy morto-vivo não é apenas um jogo de cena (maquiagem nos rostos e a androginia vinda da turma da Batcave não faziam parte do repertorio da sua banda). O rapaz teve uma infância regrada pelos ensinamentos cristãos; seus pais eram testemunhas de Jeová o que fez com que desde cedo assimilasse algumas histórias bíblicas sobre os watchers (vigilantes espirituais) e os nephilins – geração de indivíduos gigantes provenientes do relacionamento de anjos decaídos com mulheres mortais (alguns inteirados no assunto supõem que desses seres originaram-se semideuses, como Hércules, e deuses, como Zeus). Isso foi essencial para arquitetar o alicerce artístico do Fields of the Nephilim e todos os projetos que vieram em seguida como The Nefilim, Nephilim entre outros. Além dessas alusões inspiradoras, o que me chamou atenção na banda foi seu desempenho e coragem de tocar a diante a carreira numa época onde uma crítica boçal já tinha o gótico como algo démodé.
Enquanto alguns grupos contemporâneos a eles se desintegravam ou se rendiam ao pop, os Nephilns nos brindavam com um magistral segundo álbum. A longa introdução de “Endemoniada” tem guitarras que nos carregam junto ao ruído do trem em movimento para uma paulada acelerada e letal que molda o resto do disco. A brilhante produção de Bill Buchanan projetou a banda um estilo mais onírico, conseguindo criar uma boa ambientação de terror, embora haja simplicidade dos arranjos (os vocais também soam mais sussurrados e roucos, muitos bem colocados).
Essa obra nos conduz a sonhos estranhos, mesmo quando estamos acordados. Suas músicas são profundas e as letras, embora um pouco clichês, são boas e causam empatia, já que conseguem fazer o ouvinte mergulhar em um mar frio e calmo de sua mente, onde velho Cthulhu habita. Tal estado parece ser terno, suficiente para seu desfecho em "Last Exit for the Lost" sem que não nos façamos envolver completamente em pensamentos de morte ou ideação suicida; essa é uma peça que apresenta uma construção sublime, uma evolução melódica dramática e ritmo hipnótico que surte em seu ápice um efeito tranquilizador, de paz, como se pudéssemos mergulhar num silêncio absoluto.
Mesmo depois de visitar outras tendências, Carl McCoy é ainda um cara que me faz ficar matutando com sua música. O álbum The Nephilm é um dos meus “convites” prediletos ao pesadelo. A maturidade da banda foi consolidada não apenas em termos de sonoridade, mas porque ficaram mais explícitas em suas letras quais eram suas fontes místicas (mitologia suméria endossado com o ocultismo Aleister Crowley).
O disco foi lançado em 1988 e no ano seguinte saíram em turnê pelos Estados Unidos. Porém, essa excursão não foi bem sucedida. Apesar da sua familiar imagem influenciada pelos velhos filmes westerns, os americanos levaram muito a sério os seus temas que na maioria das vezes tratavam de anjos decaídos, semideuses, demônios etc o que acabou afugentando um pouco o público da terra do Tio Sam.
Para aqueles que se sentiram atraídos, McCoy é tido com uma das figuras mais enigmáticas da historia do rock n' roll. Sua imagem de cow-boy morto-vivo não é apenas um jogo de cena (maquiagem nos rostos e a androginia vinda da turma da Batcave não faziam parte do repertorio da sua banda). O rapaz teve uma infância regrada pelos ensinamentos cristãos; seus pais eram testemunhas de Jeová o que fez com que desde cedo assimilasse algumas histórias bíblicas sobre os watchers (vigilantes espirituais) e os nephilins – geração de indivíduos gigantes provenientes do relacionamento de anjos decaídos com mulheres mortais (alguns inteirados no assunto supõem que desses seres originaram-se semideuses, como Hércules, e deuses, como Zeus). Isso foi essencial para arquitetar o alicerce artístico do Fields of the Nephilim e todos os projetos que vieram em seguida como The Nefilim, Nephilim entre outros. Além dessas alusões inspiradoras, o que me chamou atenção na banda foi seu desempenho e coragem de tocar a diante a carreira numa época onde uma crítica boçal já tinha o gótico como algo démodé.
Enquanto alguns grupos contemporâneos a eles se desintegravam ou se rendiam ao pop, os Nephilns nos brindavam com um magistral segundo álbum. A longa introdução de “Endemoniada” tem guitarras que nos carregam junto ao ruído do trem em movimento para uma paulada acelerada e letal que molda o resto do disco. A brilhante produção de Bill Buchanan projetou a banda um estilo mais onírico, conseguindo criar uma boa ambientação de terror, embora haja simplicidade dos arranjos (os vocais também soam mais sussurrados e roucos, muitos bem colocados).
Essa obra nos conduz a sonhos estranhos, mesmo quando estamos acordados. Suas músicas são profundas e as letras, embora um pouco clichês, são boas e causam empatia, já que conseguem fazer o ouvinte mergulhar em um mar frio e calmo de sua mente, onde velho Cthulhu habita. Tal estado parece ser terno, suficiente para seu desfecho em "Last Exit for the Lost" sem que não nos façamos envolver completamente em pensamentos de morte ou ideação suicida; essa é uma peça que apresenta uma construção sublime, uma evolução melódica dramática e ritmo hipnótico que surte em seu ápice um efeito tranquilizador, de paz, como se pudéssemos mergulhar num silêncio absoluto.
terça-feira, 23 de novembro de 2010
Gigantes do cigarro defendem seu produto
Folha de São Paulo - Países em desenvolvimento são novo mercado
Por DUFF WILSON
As grandes empresas de tabaco estão intensificando seus esforços em todo o mundo para combater as restrições à venda e publicidade de cigarros, conforme as vendas para países em desenvolvimento ganham importância.
Empresas como a Philip Morris International e a British American Tobacco contestam as restrições aos anúncios de cigarros no Reino Unido, a ampliação dos avisos de saúde na América do Sul e a elevação dos impostos sobre cigarros nas Filipinas e no México. Estão desembolsando bilhões de dólares para fazer lobby e campanhas de marketing na África e Ásia.
O setor intensificou seus esforços antes de uma reunião de autoridades de saúde pública de 171 países que começou no Uruguai em 15 de novembro.
Neste ano, a Philip Morris processou o governo uruguaio, dizendo que sua regulamentação do tabaco é excessiva.
Representantes da Organização Mundial da Saúde dizem que a ação representa uma tentativa de intimidar o país e outros países da conferência.
A lei uruguaia inovadora prevê que 80% das embalagens dos maços de cigarros sejam obrigatoriamente cobertas por avisos de saúde. Além disso, limita cada marca de cigarro, como, por exemplo, a Marlboro, a um só design de maço, para que desenhos alternativos não induzam os fumantes a pensar que os produtos contidos no maço são menos prejudiciais à saúde.
A ação judicial contra o Uruguai, aberta em uma organização filiada ao Banco Mundial em Washington, pede indenização de valor não especificado por lucros perdidos.
"As empresas estão recorrendo à ação judicial para ameaçar países de renda média e baixa", diz Douglas Bettcher, diretor da Iniciativa Livre de Tabaco da OMS.
O PIB do Uruguai representa metade dos US$ 66 bilhões que a Philip Morris recebe por suas vendas anuais.
De ac ordo com Bettcher, as empresas de cigarros estão agressivamente recrutando consumidores novos em países em desenvolvimento para tomar o lugar dos que estão abandonando o cigarro ou morrendo nos EUA e na Europa, onde os índices de tabagismo vêm caindo de modo acentuado. As vendas anuais de cigarros em todo o mundo sobem 2% ao ano.
A Philip Morris International está se mostrando agressiva no combate às novas restrições. A empresa abriu uma ação legal não apenas contra o Uruguai, mas também contra o Brasil, argumentando que as imagens que o governo quer colocar sobre os maços de cigarros não retratam os efeitos do tabagismo sobre a saúde. As imagens mostram efeitos grotescos sobre a saúde.
Na Austrália, onde o governo anunciou um plano pelo qual os cigarros seriam vendidos em embalagens marrons ou brancas simples, para que se tornassem menos atraentes para os compradores, um representante da Philip Morris dirigiu uma campanha de oposição na mídia durante as eleições federais do verão passado. Essas informações estavam em documentos obtidos por programa de televisão australiano. O "New York Times" teve acesso ao material.
A campanha de US$ 5 milhões, supostamente movida por pequenos lojistas, também foi parcialmente financiada pela British American e pela Imperial Tobacco. O representante da Philip Morris aprovou estratégias, orçamentos, comerciais e entrevistas concedidas à mídia.
Peter Nixon, vice-presidente e porta-voz da Philip Morris International, disse que a empresa concorda que fumar é prejudicial à saúde e apóia uma regulamentação "razoável" onde não exista.
Hoje em dia, em tribunais em todo o mundo, as gigantes do tabaco se veem na defensiva muito mais frequentemente que na ofensiva. A OMS incentiva governos e indivíduos para que movam ações legais contra empresas de cigarros, que vêm encarando processos movidos por fumantes e sistemas de saúde em países como Brasil, Canadá, Israel e Nigéria.
Mas, em outras partes, há pouca regulamentação, como é o caso especialmente da Indonésia, quinto maior mercado mundial para cigarros.
Autoridades do país dizem que dependem dos empregos garantidos pela indústria, além da receita dos impostos sobre os cigarros. A Indonésia recebe cerca de US$ 2,5 bilhões por ano apenas da Philip Morris International. Com o tempo, o tratado de saúde pública obrigará que seus signatários estabeleçam controles mais rígidos ao tabaco.
terça-feira, 16 de novembro de 2010
sobre a ruína da vida social e decadência cotidiana
"Tenho lutado para experimentar e existir, para lutar e consentir nas formas (todas as formas) com as quais a delirante ilusão de estar no mundo impregnou a realidade.
Não desejo continuar enganado por ilusões. Morto para o mundo; para aquilo que para todos os demais constitui o mundo; finalmente caído, tombado, erguido dentro do vazio que eu havia rejeitado. Tenho um corpo que experimenta o mundo e vomita realidade.
Aquele que vos fala é alguém que verdadeiramente desesperou e conheceu a felicidade de estar no mundo somente agora quando deixou o mundo, quando está absolutamente separado dele.
Estamos mortos, os demais não estão separados. Continuam a circular em torno de seus próprios cadáveres.
Não estou morto, mas estou separado".
(Antonin Artaud)
Não desejo continuar enganado por ilusões. Morto para o mundo; para aquilo que para todos os demais constitui o mundo; finalmente caído, tombado, erguido dentro do vazio que eu havia rejeitado. Tenho um corpo que experimenta o mundo e vomita realidade.
Aquele que vos fala é alguém que verdadeiramente desesperou e conheceu a felicidade de estar no mundo somente agora quando deixou o mundo, quando está absolutamente separado dele.
Estamos mortos, os demais não estão separados. Continuam a circular em torno de seus próprios cadáveres.
Não estou morto, mas estou separado".
(Antonin Artaud)
quinta-feira, 11 de novembro de 2010
Abraxas I e a era de Kali-yuga
Anotação: A existência destas outras coisas é aceitável a partir do momento em que vemos que a natureza funciona desta maneira.
Esse Deus da antiga e da Nova Aliança é, antes de tudo, uma figura extraordinária, mas não é o que realmente deveria ser. Representa o bom, o nobre, o paternal, o belo e também o elevado e o sentimental - está bem! Mas o mundo se compõe também de outras coisas. E todas essas coisas são simplesmente atribuídas ao Diabo; toda essa parta de mundo, toda essa outra metade é encoberta e silenciada. Glorifica-se a Deus como o Pai de toda vida, ao mesmo tempo em que se oculta e se silencia a vida sexual, fonte e substrato da própria vida, declarando-se pecado e obra do Demônio. Não a faço a menor objeção a que se adore esse Deus Jeová. Mas creio que devemos adorar e santificar o mundo inteiro em sua plenitude total e não apenas essa metade oficial, artificialmente dissociada. Portanto, ao lado do culto de Deus devíamos celebrar o culto do Demônio, isto seria o certo.. Ou mesmo criar uma deus que integrasse em si também o demônio e diante do qual não tivéssemos que cerrar os olhos para não ver as coisas mais naturais do mundo.
(Demian - Hermann Hesse)
PS: Há de se notar que, por muito tempo, talvez por culpa de nossa cultura guiada pelo ponto de vista judaico-cristã, que o sexo é tido como algo pecaminoso. E por pura revolta mal instruída muitas pessoas levam tal instinto por lado mais promiscuo e de auto violência. Se excede a maldade ao extrapolar os limites do próprio corpo. A promiscuidade é uma espécie de revolta desesperada, justificada numa espécie de "liberdade" as avessas. Em épocas de mulheres frutas & siliconadas e homens bombados encéfalos representam uma virilidade vulgar no banquete turvo de uma mercado fascista, globalizado e sem graça, é de se entender a validade de ser notado pela casca e não pelo abismo que o seu interior sucede. Não há de existir paz onde há o oposto do cunho sagrado que alguns povos como vikings, celtas, hindus, indígenas tinham em relação ao sexo e ao amor - hoje se "consagra" de forma deturpada mais a carne e se esquece do espírito como se esta não cobrasse, no futuro, juros quando ambos são mal cuidadas. Porém, é a tal coisa: poucos têm olhos para entender a verdade, cada um enxerga apenas o que deseja. E assim caminha a humanidade...
quarta-feira, 3 de novembro de 2010
Oppenheimer Analysis
O porquê do aparecimento de uma nuance gélida e marcial da música sintetizada, durante a fase mais crítica da Guerra Fria, parece um fenômeno um tanto óbvio nos porões alternativos europeus. A cold wave, assim como outra manifestação obscura, ainda é a trilha ideal para a angústia pós-moderna e ao temor apocalíptico.
Andy Oppenheimer, natural de Liverpool, é um dândi com jeito de cientista maluco andrógino e que até hoje é um expert no assuntos "armas de destruição em massa". Sua mente inquieta não ficou apenas voltadas aos estudos - uma boa forma de se abstrair e comunicar seus interesses foi através das artes plásticas (seus quadros surreais em guache, que já foram exibidos e em Londres e em Brigghto) e música.
Suas primeiras pesquisas influenciaram muitas as canções escritas e gravadas com Martin Lloyd (teclados e sintetizadores) no início dos anos 80 como Oppenheimer Analysis. A parceria começou em 1979 depois que se conheceram em uma festa de abertura de um evento de ciências.
No meio dos anos de 1970, Andy foi para Londres, quando estava na universidade. Envolveu-se com o movimento punk, mas foi da cena new romantic (principalmente da sua atração por Human League) que veio sua inspiração rítmica para o projeto com Martin. É bom frisar que ao invés da imagem festeira do povo do club Blitz, os dois amigos preferiam abordar nas suas canções temas mais introspectivos, existenciais e que retravam a paranóia em torno da ameaça de uma guerra nuclear.
Em 1982 eles lançaram aquilo que foi seu único registro oficial até então: o cassete "New Mexico" gravado no Feedback Studio, em Londres. Essa fita teve uma boa vendagem nas convenções de ficção cientifica, clubs e pubs onde o Oppenheimer Analysis tocava. Após isso a banda foi dissolvida e caiu no esquecimento...
O recente interesse nos sons minimalistas/eletrônicos fez com Andy e Martin se reunissem em 2005. O selo nova-iorquino Minimal Wave tem dado um bom suporte para a ressurreição do projeto - o item número 1 do seu catalogo é um EP (em vinil, com um belo pôster com fotos e letras) da dupla contendo material antigo remasterizado. Fez tanto sucesso entre os antenados no estilo que ganhou uma segunda edição em 2007.
Por mais que haja uma dose de oportunismo nessas voltas, este caso é perdoável, pois a "onda fria" soa contemporânea e parece que sua provável reaparição venha preencher o vácuo deixado pelas recentes bandas eletro. Para o Oppenheimer Analysis e outras bandas veteranas pode ser uma forma de recuperar o tempo perdido numa era onde a informação corre mais rápida...Parece tardio, mas antes tarde do que nunca.
Link: Em seu site oficial é possível comprar mp3, cd-rs com sobras de estúdio e músicas novas. Além disso, ele oferece informações, agenda de shows, reviews e fotos.
*Matéria editada no meu antigo site Junkeria Nefasta.
Andy Oppenheimer, natural de Liverpool, é um dândi com jeito de cientista maluco andrógino e que até hoje é um expert no assuntos "armas de destruição em massa". Sua mente inquieta não ficou apenas voltadas aos estudos - uma boa forma de se abstrair e comunicar seus interesses foi através das artes plásticas (seus quadros surreais em guache, que já foram exibidos e em Londres e em Brigghto) e música.
Suas primeiras pesquisas influenciaram muitas as canções escritas e gravadas com Martin Lloyd (teclados e sintetizadores) no início dos anos 80 como Oppenheimer Analysis. A parceria começou em 1979 depois que se conheceram em uma festa de abertura de um evento de ciências.
No meio dos anos de 1970, Andy foi para Londres, quando estava na universidade. Envolveu-se com o movimento punk, mas foi da cena new romantic (principalmente da sua atração por Human League) que veio sua inspiração rítmica para o projeto com Martin. É bom frisar que ao invés da imagem festeira do povo do club Blitz, os dois amigos preferiam abordar nas suas canções temas mais introspectivos, existenciais e que retravam a paranóia em torno da ameaça de uma guerra nuclear.
Em 1982 eles lançaram aquilo que foi seu único registro oficial até então: o cassete "New Mexico" gravado no Feedback Studio, em Londres. Essa fita teve uma boa vendagem nas convenções de ficção cientifica, clubs e pubs onde o Oppenheimer Analysis tocava. Após isso a banda foi dissolvida e caiu no esquecimento...
O recente interesse nos sons minimalistas/eletrônicos fez com Andy e Martin se reunissem em 2005. O selo nova-iorquino Minimal Wave tem dado um bom suporte para a ressurreição do projeto - o item número 1 do seu catalogo é um EP (em vinil, com um belo pôster com fotos e letras) da dupla contendo material antigo remasterizado. Fez tanto sucesso entre os antenados no estilo que ganhou uma segunda edição em 2007.
Por mais que haja uma dose de oportunismo nessas voltas, este caso é perdoável, pois a "onda fria" soa contemporânea e parece que sua provável reaparição venha preencher o vácuo deixado pelas recentes bandas eletro. Para o Oppenheimer Analysis e outras bandas veteranas pode ser uma forma de recuperar o tempo perdido numa era onde a informação corre mais rápida...Parece tardio, mas antes tarde do que nunca.
Link: Em seu site oficial é possível comprar mp3, cd-rs com sobras de estúdio e músicas novas. Além disso, ele oferece informações, agenda de shows, reviews e fotos.
*Matéria editada no meu antigo site Junkeria Nefasta.
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