quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Premature Ejaculation - Rise (MAL6)

Dando continuidade a série The Lost Recording, a Malaise Music acabou de disponibilizar em seu catálogo mais uma gravação “perdida” do Premature Ejaculation, Rise - um trabalho do originalmente lançado em formato cassete em 1987. Esta edição também apresenta um bônus track; Come Organisation's Necrophilia, uma obscura fita de uma só faixa lançada na segunda metade de 1983.
Rise possui 12 faixas sendo que cada uma contém trechos de um debate transmitido por uma estação de rádio americana com a interferência de ruídos e efeitos de sintonia para outras estações. Algumas delas são títulos bem curtos, o que mostra que Rise, assim como os primeiros trabalhos do projeto, é uma obra bem caseira, ainda com uma sonoridade tosca e cheia de improvisações, mas que estranhamente faz emergir em nossa mente alguns pensamentos e sensações de desassossego.
Como a arte da capa original era xerocada, ela foi quase completamente perdida. No entanto ela precisou sofrer algumas alterações e adaptações. A foto que retrata a cena de uma decapitação realizada por um soldado do exercito japonês no período da Segunda Guerra Mundial (provavelmente de 1937), acabou ficando ainda mais dramática por conta da nova tonalidade escura.
Os nomes de alguns títulos também foram corrigidos, já que na fita original Rozz os escreveu a mão com alguns erros irrelevantes de inglês como, por exemplo, ‘Necrophila’ ('Necrophilia’) e 'Bussiness as Usual' (Business as Usual).
Este cuidado com os detalhes mostra o total respeito e capricho daqueles que querem preservar a memória deste grande artista que é injustamente lembrado apenas por ter sido um dos ícones da já tão deturpada cena “deathrock” (que deus ou diabo a tenha...). Desta maneira, é possível entender porque o PE, assim como os seus outros projetos de música mais abstrata, era o espelho mais fiel de sua subjetividade tumultuada e criativa que não comportava certos clichês. Intencionalmente ou não estes trabalhos servem ainda hoje para subverter e questionar a vida cotidiana pós-moderna cada vez mais poluída com músicas pastiche que passaram a ser a trilha sonora de milhares de almas mortas reduzidas a avatares cheios de retoques digitais e sentimentos líquidos.
Um item e tanto para aqueles que ainda vivem e conseguem fazer das suas próprias experiências incomodas e perturbadoras inspiração para irreversíveis estados de plenitude e elevação, como o próprio título sugere.

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