Está provado onde se vive e morre como sucata, é a maquinaria capitalista homicida que transita e comanda tudo em alta velocidade, livremente. Tudo flutua em ruídos altos, entre carnes mutiladas, templos amontoados. Se santifica a tragédia, se esquece da beleza da essência e ostenta-se a religião e os mais vulgares vícios como principais cúmplices. Faz parte da tradição judaico-cristã a aspiração masoquista dos santos, que desemboca na violência, na sede por sangue, no esquecimento do espírito, na deformidade dos corpos. Poderiam existir mártires; anjos calados, elfos sorridentes como o próprio delírio mais puro de alquimia e não soldados que marcham com sua sacolas cheias de desesperanças e se esquivam de balas perdidas - esses que talvez dão sentido falso sua própria vida acumulada em aterros sanitários, reguladas por instâncias de comércio, Estado, da produção escravista das fábricas ou promessas furadas de uma vida confortável inatingível. Eis a verdadeira história dos perversos, guardiões do niilismo, dos que se aproveitam da cegueira dos que não questionam os ideais da propriedade coletiva e acabam se curvando a promiscuidade absoluta e desprezando as nuances de um pensamento elevado que no fundo ecoa de forma incomoda qualquer imagem de asnos com cabresto. Sub a luz da vidraças de um galpão abandonado, jaz mais um santo bestial que escarra a glória do Império entre as fendas podres dos seus dentes que mal podiam comer.
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