segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Uma terrinha do caralho

Eu não quero parecer bairrista, mas de que maneira foram educados alguns cariocas? De onde vem este espírito carniceiro que se aproveita até da desgraça alheia? Não digo que a malandragem seja um “dom” exclusivamente fluminense, no entanto é fato aquele povo ajudou a disseminar essa esperteza à boa parte da população do Brasil, que vê ainda no Rio de Janeiro uma fonte de inspiração “glamuroza” dos piores vícios (que gringo chama de “exótico” ou “conduta primitiva”). A prova mais simples disso tudo está na assustadora realidade das periferias dos quatros cantos deste país ter adotado o funk como "hino" subversivo das classes menos favorecidas que encontram na violência e no sexo uma forma de abstração e transgressão ao estado de abandono que se encontram. Ali no Rio, o patife é levado a sério, faz parte da cultura, faz escola (de samba), santifica o jogo do bicho e enche a bola de prostitutas com seus anseios de sub-celebridades...Enfim, a lista é grande, maior até mesmo que a carreira de cocaína consumida pelos seus emergentes caricatos, dignos de pena, pois ilustram de forma muito exata a aristocracia em processo de decadência; uma metáfora viva que representa o caminho que a terra carioca tem a seguir. Diante deste “dons culturais” já enraizados, é de se lamentar como a coisa é forte, cria tentáculos de corrupção, desmembra a sociedade e desemboca em tragédias como a da semana passada. A coisa não ganhou maiores proporções por forças políticas que querem preservar (na real; e mal) o caráter funcional daquele balneário tão judiado por pessoas de baixa categoria. A Globo, por exemplo “faix queixtão” de abafar as atitudes de fim de feira...Vimos há quase um após as chuvas torrenciais na região serrana, gente que deveria salvar vidas furtando objetos pessoais de defuntos que mal esfriaram...Sim, tinha gente da mesma Corporação Policial que fez aquela grave toda se auto afirmando heróis injustiçados. Ora, se o cara zela por uma corporação, deveria saber que o todo é feito por partes, e se ele está ali apenas para receber seu misero salário nada justifica por para fora seu lado podre, como se fosse vítima de um Estado que não atende suas necessidades básicas. O oportunismo também é o responsável por fazer aflorar em si seu lado carniceiro, em que a morte serve como uma oportunidade suja se apossar daquilo que não é seu? Eu não me surpreendo mais, pois está difícil também identificar o que são UPP’s e o que são milícias que fomentam seus conchavos entre políticos e traficantes...Veja, a policia (sim a mesma que tantos santificam e que prende aquele que a xinga filha da puta, não Rita Lee?) tem como um dos seus orgulhos o Corpo de Bombeiro, aliás é tida como a profissão mais honesta e heróica segundo algumas pesquisas. Esta semana nós tivemos três prédios do centro do Rio vindo a baixo...Comovente, mas gravíssimo já que com o passar dos dias estamos, é confirmada que o tal jeitinho brasileiro de se fazer um puxadinho e costurices no cafofo, somado a conivência dos órgãos responsáveis pela fiscalização, foram as causas do terrível acidente...Ainda assim, o que me enojou mais foi ver que as aves de rapina subordinadas dos tais poderes públicos (ou paralelos?) mais uma vez em ação: voltaram a fazer um arrastão no local, transformando os escombros um verdadeiro garimpo de pertences das vítimas (sem contar o erro gravíssimo de terem levado um defunto no meio do entulho para um deposito da prefeitura, quilômetros dali). Há quem acredite piamente que achado não roubado ou que roubar de morto não “é um pecado tão grave”. E a novela no estilo horror se repete... Se isso é feito contra está morto, quem dirá quem está vivo e vendo isso envergonhado, indignado. Saques, atitudes bárbaras é a essência de alguns brasileiros que desaprenderam a ser cidadãos pela imposição do sistema de consumo violento que ínsita de forma estarrecedora sua face egoísta e promiscua...Na terra do vale tudo (sem querer fazer alusão aos bombados da nova classe mérdia daqui e acolá), o Rio de Janeiro agora se torna emblemático...Seja na urgência ineficaz de curar a cicatriz de suas favelas quanto o deslumbre quase messiânico do Pré-Sal...Mas isso é muito chato de se matutar, não é? Deixa o carnaval passar – é tudo fácil quando tudo acaba em samba, pois é da malandragem e do “do ta ruim, mas ta bom” que o brasileiro tenta regurgitar a sua melancólica complacência que ele insiste em chamar de alegria. O Cristo redentor é a cruz de um túmulo enorme abençoado por “Deus”, um sujeito que com certeza não é brasileiro e é uma parte alheia de uma terra que já deve ter sido maravilhosa.

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