Lydia Lunch, assim como os talentos mais promissores do post-punk, demonstrou durante sua intensa atividade que a música é só mais uma de suas facetas. Paralelamente a barulheira causada pela rapaziada do CBGB, a No Wave dava as caras no Lower East Side com sua forte expressão niilista/urbana no final dos anos de 1970. Foi deste celeiro que Lydia apareceu com a banda Teenage Jesus And The Jerks. Diferente da atitude descompromissada do punk, as bandas deste movimento também tinham como suporte as práticas audiovisuais – era abundante a produção de filmes experimentais extremos, cheios de colagens e pornografia (tudo filmado no piers de Nova York, típico refugio de gays, onde grafites tomavam as ruínas) que traduzia o lado escuro e decadente dos centros urbanos.
Por tudo isso é de se considerar que o selo paulistano Brava tenha escolhido a artista como carro chefe de seu cast invejável. Essa mesma turma sabe como ninguém a importância deste tipo de sonoridade em tempos em que apatia só faz fortalecer o inimigo.
O show do SESC Belenzinho (com set repleto de clássicos antigos e do último álbum “Urge to Kill” gravado com sua atual banda Retrovirus) foi uma releitura sincera aos tempos de início de carreira. Seu som rasgado e dark nos incitam reação e florear o espírito inventivo. Nada de alarde, nem superprodução, tudo no grito e no punch, coisas que o genuíno rock independente sabe fazer; transformar um pequeno palco numa catarse inspiradora. Showzaço.
*também publicado em Skate Mundo
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