Difícil um artista com uma veia contestadora estacionar num
único projeto, numa única forma expressão. Quando a música, a poesia, as artes
visuais estão convergidas de forma coerente, isso tende a valorizar e
potencializar mais uma produção. Para Ozzie Gheirart o sentimento de
desassossego é parte motora de sua produção criativa. No hiato do Dandi-Dracula, seu engajamento/manifesto/conceito poético (definido como “Tratado
Antropoético”) ganha forma sob o nome de Baladeur. Sem seu companheiro Pedro
Zopelar, ele arrisca sozinho toques mais sintéticos, sem deixar de lado as
timbres mais esparsos e sombrios da velha escola cold wave, suas referências de
sempre. Se álbum Blue Sunshine do The Glove fosse gravado em 2015, talvez, em
suas peças instrumentais, carregaria parte da sonoridade deste EP. O recado cortante e hiper-realista destas
músicas tem como intuito despertar aqueles que confiam cegamente no modelo
estéril & decadente de vida pós-moderna: “Abram suas janelas! O escuro é
para o quem o re-conhece. Retornem desse transe de fé sem lucidez e coloquem o
pensamento em obra”. Em tempos em que se
percebe que todos os recursos & discursos artificiais, extremistas,
consumistas e religiosos (usados para burlar a verdadeira essência/dores
humanas) caem por terra mundo afora, este trabalho parece que veio calhar.
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