quinta-feira, 2 de abril de 2015

Baladeur


Difícil um artista com uma veia contestadora estacionar num único projeto, numa única forma expressão. Quando a música, a poesia, as artes visuais estão convergidas de forma coerente, isso tende a valorizar e potencializar mais uma produção. Para Ozzie Gheirart o sentimento de desassossego é parte motora de sua produção criativa. No hiato do Dandi-Dracula, seu engajamento/manifesto/conceito poético (definido como “Tratado Antropoético”) ganha forma sob o nome de Baladeur. Sem seu companheiro Pedro Zopelar, ele arrisca sozinho toques mais sintéticos, sem deixar de lado as timbres mais esparsos e sombrios da velha escola cold wave, suas referências de sempre. Se álbum Blue Sunshine do The Glove fosse gravado em 2015, talvez, em suas peças instrumentais, carregaria parte da sonoridade deste EP. O recado cortante e hiper-realista destas músicas tem como intuito despertar aqueles que confiam cegamente no modelo estéril & decadente de vida pós-moderna: “Abram suas janelas! O escuro é para o quem o re-conhece. Retornem desse transe de fé sem lucidez e coloquem o pensamento em obra”.  Em tempos em que se percebe que todos os recursos & discursos artificiais, extremistas, consumistas e religiosos (usados para burlar a verdadeira essência/dores humanas) caem por terra mundo afora, este trabalho parece que veio calhar.

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