quarta-feira, 12 de setembro de 2012
nosso pesadelo
É preciso da doença para se valorizar realmente a liberdade? Jaz na cama o homem que perdeu-se...Meus olhos não só contemplam a dor de despedir-se lentamente, traduz todo o horror daquele íntimo padecimento. As lanternas amareladas e foscas confirmam que "deus" é o pensamento, é o narciso que atrofia quando fechamos os olhos...Sentado na cama, o anjo pálido, de cabeça baixa sente o peso do corpo inválido, respira, lamenta diante do espelho. Inclinado, observa o chão tão fundo como angustia que o circula, que lhe faz refletir sobre a centelha sagrada chamada vida - "tão simples, tão breve...". Busca nestes balbucios quase infantis (como a forma de seu corpo) o último fio da solidão. Será que sentirá finalmente o alívio? Sentirá alegria nos braços da eternidade? O choro abafado e aflito da irmã coloca a prova a vulgaridade daqueles cujos delírios é julgar o espírito, ter segurança mediana de "pensar" que o sol é apenas um objeto servil. No mar salgado das lágrimas, esquece-se daqueles que brigam como abutres. São nas tuas piedades, mãe, que se faz presente o amor, o verdadeiro repouso da cura.
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