domingo, 29 de novembro de 2009

The Danse Society


Com muita saudade do inverno, mole ao som de Twilight Ritual, vamos ao que prometi; um pouco mais de música. Com muita lembrança daquele clima “wave” falarei de um rebento do pós-punk que veio do norte da Inglaterra: The Danse Society.

(este texto já foi reproduzido inclusive no last.fm sem minha autorização. tudo bem que não é grande coisas, mas propositalmente fiz algumas mudanças para que lá as incluam também).

Em seu pesadelo
Todos somos tão felizes


O OMD foi além do Danse Society ou o Danse Society foi além de OMD? Sei que pode ser viagem minha, mas as duas bandas trilharam caminhos parecidos; no começo de suas carreiras, o som de ambas causavam certa angustia e resistência numa atmosfera ou inferninhos iluminadas a meia luz. Com o passar dos anos eles renderam ao white funk que buscava as danceterias mais sofisticadas iluminadas com néon ou laser.

Das duas, eu tenho mais propriedade de falar daquela vinda de Shedffield que está na lista das minhas (cinco?) bandas prediletas e as quais suas músicas me fazem viajar em cenas de filmes b como "Um Mundo Desconhecido" (1951), "Fantasma do Espaço" (1953)...Aliás, elas poderiam ser a trilha de trechos deles em alguma montagem feita por algum fã para o Youtube.

Tudo teve início no Y?, uma banda composta por Bubble (baixo), Paul Gilmartin (bateria), Paul "Bee" Hampshire (teclados), Dave Patrick (guitarra) e o andrógino Steve Rawlings (vocais/synths e percussão). Em 1979, após gravarem a faixa "End of Act One", que fez parte da compilação Bouquet of Steel (lançada em fevereiro de 1980 e que reunia bandas da cena local, e é um item raríssimo!), o Y? anexou dois membros do Lips-X; o guitarrista Paul Nash e o tecladista Lyndon Scarfe. O Lips X tinha acabado de lançar, com muito esforço, um mini álbum em k7 chamado Everything to Lose e tinha uma direção muito parecida com o Y? e a idéia de juntar os talentos foi certeira. Com a fusão, o grupo denonimou-se Danse Crazy. Bee deixou a banda e foi para o Japão onde formou o glam/new romantic Panache e, depois, de volta à Inglaterra, assumiu os vocais do Getting The Fear, composto pelos ex-integrantes do Southern Death Cult que posteriormente se transformaria no Into A Circle.

Com a repercussão da cena eletro de Shedfield, o Danse Crazy é convidado para participar do lendário The World's Second Science Fiction Music Festival mais conhecido como Futurama Festival que aconteceu no Queen's Hall onde dividiria o palco com alguns nomes conhecidos: Joy Division, Cabaret Voltaire, A Certain Ratio, OMD, Public Image Limited, Soft Cell. Este evento que reuniu audiência de mais ou menos seis mil pessoas foi transmito pela TV BBC em novembro de 1980. O Danse Crazy apareceu em rede nacional tocando a música "Sink" cujo estilo é um bom resumo de sua fase arcaica que lembrava muito o Trisome 21 (que faz sua segunda apresentação em SP amanhã) dos primeiros compactos. Depois disso seguiram algumas apresentações, incluindo um show de abertura no Manchester Poly para o Cure que os convida para outro gig numa festa de Natal que Robert Smith e seus companheiros organizaram em Londres.

Dave Patrick e Paul Hampshire decidem ficar em Londres para fazer fama e dinheiro, mas caem no anonimato.

No início de 1981, os membros remanescentes imediatamente se trancam no estúdio Hologram em Stockport para gravar a música "These Frayed Edges" com Lyndon Scarfe fazendo as bases de baixo e teclado. Em fevereiro, depois de diversas audições, Tim Wright é convocado para o baixo e um segundo tecladista é dispensado da formação da época que contava com Paul Nash (guitarra), Steven Rawlings (vocais), Lyndon Scarfe (teclados), Tim Wright (baixo) e Paul Gilmartin (bateria). Com mudança significante do som, a banda decide mudar de nome; eles mantém a palavra “Danse”, devido ao grande número de seguidores desde a sua primeira encarnação, e no lugar de “Crazy” colocam "Society" , inspirado num poster que continha a frase "o país e a sociedade ocidental" visto num show em uma universidade local.

Próxima parada no estúdio e desta vez no Ric-Rac em Leeds para gravar o single “Clock/Continent” editado em maio daquele ano pelo próprio selo, Society Records. Logo em seguida assinam com o recém inaugurado selo punk Pax Records (cujo dono passou ser o empresário dos rapazes) que o reeditou o 7” em agosto de 1981. Aproveitando o contrato, lançam o 12” "There is no Shame in Death" que continha três faixas gravadas na fase "Danse Crazy"; a faixa título, a instrumental "Dolphins" e a enigmática "These Frayed Edges".

"Freqüentemente nos comparam com Joy Division, não sei exatamente porque. Talvez pelo feeling; em todo caso, a nossa música é otimista." - afirmou Rawlings.

Em outubro de 1981 participam da primeira Peel Session. A gravação aconteceu na Universidade de Sheffield com um set de quatro músicas: "Womans Own", "Were So Happy", "Sanity Career" e "Love As Positive Narcotic". A session passou a ser uma das favoritas de John Peel e foi reprisada três vezes. Este registro também agradou tanto a banda que "Womans Own" e "We're So Happy" viram versões oficiais e acabam virando single. A transmissão projetou a muito bem o que resultou num grande review de um show no The Golf Club publicado na Malody Maker no começo de 1982.

Em fevereiro daquele ano saí a coletânea anti-guerra da Pax chamada Wargasm, a qual a banda participa com a música "Continent" num track list só com bandas punks. Seguem então suas as disputadas apresentação de suporte ao Theatre of Hate (no The Marples) e Killing Joke (seu segundo show em Londres).

Alguns meses depois o EP “Womans Own” é lançado nos formatos 7” e 12”, sendo que o full lenght tinha mais duas faixas: “Belief” e “Continent”. O Danse Society volta para Londres para abrir dois show do UK Decay; um no Marquee e outro no Zig Zag Club.

Outra gravação em estúdio e desta vez é para a demo de “My Heart” e decidem trocar de empresário.

Em outubro de 1982 sai o mini-LP Seduction (Society Records), item básico para qualquer amante do early goth britânico. O disco foi bem recebido; visitou alguns charts independentes e ganhou até uma edição japonesa.

Seu amadurecimento musical chamou a atenção de algumas gravadoras grandes. O estilo do Danse Society poderia ser até básico para quem está acostumado com o som de muitas bandas da época (levemente dançante, teclados hipnóticos e cold wave...), mas tinha algo especial que poderia dar uma nova cara ao techno-pop em voga. A atmosfera aterradora das músicas e o vocal sussurrado de Rawlings reproduzidos fielmente no stage fez com que a resposta por parte do público e da imprensa também fossem bem positiva.

Após o lançamento do single “Somewhere”, em 1983, o Danse Society assinou com a Arista. O primeiro registro pela major foi o single “Wake Up” seguido do full-length Heaven Is Waiting. Com o respaldo da major, vieram as primeiras aparições no Canadá e nos EUA (no Danceteria) ocasionando uma maior popularidade. O imaginário criado pelos temas combinado com as luzes, fumaças e projeções de vídeos no palco fornecem uma boa idéia do clima do álbum Heaven is Waiting que apresenta um som mais coeso e elaborado. Mesmo assim, sua venda não satisfez as expectativas da Arista que passou a exigir um som mais pop. O pedido foi atendido muito a contra gosto, resultando no single “Say It Again”, cujos diversos remixes acabaram entrando nas paradas dance/pop do EUA e Europa. Descontente com nova direção musical, Lyndon sai e um novo tecladista é recrutado: David Whitaker (ex-Music For Pleasure), que rapidamente se adapta dando uma outra dimensão ao estilo do Danse Society.

Os fãs torceram o nariz para a nova fase. Opondo-se ao contrato, eles tentam voltar às raízes gravando em 1986 o single “Hold On (To What You´ve Got)”, que acaba não alcançando as vendas exigidas. Havia planos de lançar um álbum chamado Heaven Again, mas a Arista engavetou com receio de mais um fracasso comercial.

Em 1987, já fora do cast da gravadora, a banda finalizou o LP Looking Through, um álbum com mais pontos baixos do que altos. Em sua contra capa contém o aviso de que aquele seria seu último trabalho. Steve Rawlings decide partir para formar o Society, que durou muito pouco, mas lançou dois singles (“Saturn Girl” e “Love It”), ambos produzidos por Youth (Killing Joke, Brillant, KLF..). Este trabalho revela quem era o culpado pela discórdia que levou a sua saída do Danse Society: o vocalista assumia a proposta mais funk orientada por baterias sintéticas pronta para as pistas de dança. Depois da desastrosa experiência, anos mais tarde ele passou a dedicar-se ao projeto de música eletrônica ambiente chamado Meridian Dream, enquanto o resto da banda tentou segurar a onda (ainda como Danse Society) com o também ex-Music For Pleasure Mark Copson (vocal) gravando demos e fazendo algumas apresentações na Espanha. Após isso, passam a se chamar Johnny In The Clouds, mas logo se separaram.

Em 2001 a Anagram Records relançou em cd o mine-LP Seduction no formato de coletânea, incluindo outros singles em seu track list. É da Anagram também a segunda edição digital com bônus tracks de Heaven is Waiting (a primeira saiu por volta de 1992 pela Arista/Great Expectations). Em 2007 o selo também reeditou Looking Through em cd, com um encarte bacana, porém sua remasterização é algo constrangedor...

sábado, 14 de novembro de 2009

aqui é onde começa o fim


Não dou nenhum atributo artístico as coisas que risco ou colo, mas elas esboçam minha sinceridade porque ninguém até hoje me provou que essa “verdade” que insistimos em viver é a ideal. Tudo que é abstrato é irmã rebelde dessa “realidade” que não passa da representação reduzida do tudo ou do nada...Aliás, o que não tem forma é mais digno, desprovido de ordens, categorias. Mas, o que tem forma? Forma baseada em que? Dar a minha deformidade é de certa forma legitimar também essa preguiça das coisas estabelecidas na grande esteira da mesmice. Muitos esqueceram que essas camadas determinantes são invenções estúpidas e que confirmam a impotência humana diante do vácuo do absurdo. Muitos vivem apenas uma possibilidade...Sou um que percebeu o quanto medíocre é esboçar rebeldia sem bases sólidas. Niilismo por nada é uma coisa derrotista e sinto que alguns de meus gritos são mimados e sem eco...Reconheço...Aplaudo os sonhadores, criminosos & verdadeiros apaixonados e tudo que dança no escopo da complexidade, pois seus olhos fitam uma luz além do concreto, além do que “tem que ser”. Quando era criança brinquei num gramado de um hospício & vi que presenteavam seus internados com seus ossos & doses. Queria ter falado a cada “loucos” que são anjos com peles bordadas em negro & que estão em queda livre à essência e ao amor. Boca seca & olhos vermelhos – sou um silencio entrelaçado em escombros.